segunda-feira, 16 de julho de 2012

EU, CELSO L., 61 ANOS, EX-RESISTENTE, TORTURADO E... VEREADOR?!

Sou o candidato a vereador nº 50005 da cidade de São Paulo, pelo Partido Socialismo e Liberdade.

Os que acompanham minha trajetória, provavelmente estranharão: por que entrar na política oficial aos 61 anos, depois de uma jornada tão atribulada? Não deveria estar curtindo esta fase tranquila da vida familiar, dedicando-me às filhas e netos?

Parafraseando Brecht: eu não consigo agir assim.

Os objetivos que, aos 16 anos, me motivaram a contestar uma ditadura sanguinária ainda não foram atingidos. Nem considero este Brasil com democracia tão imperfeita e desigualdade tão gritante, suficiente para justificar a perda de 20 companheiros estimados e os terríveis sofrimentos impostos a tantos outros.

Como sobrevivente de uma luta que tragou alguns dos melhores cidadãos que este país já produziu, assumi o compromisso de dedicar o resto dos meus anos aos ideais pelos quais eles se sacrificaram.

Foi assim que em 1986, mesmo sem as facilidades da internet, consegui, com um golpe de sorte, evitar que a greve de fome dos quatro de Salvador  terminasse em tragédia.

E o advento da web facilitou em muito as cruzadas em defesa dos direitos humanos, como a vitória épica que ajudei a conquistarmos no Caso Battisti, contra a perseguição inquisitorial e as pressões arrogantes de um país do 1º mundo, apoiado pelo que havia de pior na Justiça, na imprensa e na política brasileiras.

Mas, a influência das redes sociais não é ilimitada e, em várias outras lutas, tenho me chocado com o boicote da grande imprensa que, além de me negar o direito de exercer a minha profissão de jornalista,  esconde-me  como personagem histórico e participante de embates políticos marcantes. Nem o direito de resposta ou de apresentar o outro lado ela me concede, mesmo quando são incontestáveis à luz das boas práticas jornalísticas e não há ninguém para os exercer além de mim.

Não nego: é terrível a sensação de impotência que sinto por não estarmos conseguindo obter a responsabilização dos culpados pela barbárie no Pinheirinho nem o levantamento imediato da ocupação militar da USP, dentre outros episódios inadmissíveis numa verdadeira democracia.

Os balões de ensaio para testar a resistência dos brasileiros a uma recaída totalitária não estão tendo resposta à altura; daí minha ansiedade em buscar maior amplitude de atuação. E, como este novo macartismo vigente no Brasil tenta me transformar num fantasma virtual, quero mais é mostrar ao sistema que estou bem vivo, firme e forte.

Se não me mataram nos porões nem conseguiram me destruir com a estigmatização por eles ensejada, tampouco me farão recuar com ameaças, pressões nem manipulações midiáticas.

Foi um motivo a mais para eu ter aceitado de pronto o convite do professor Carlos Giannazi, no sentido de somar forças com ele na campanha municipal de 2012.

Ou outros são a concordância básica que temos na maioria dos assuntos e o fato de vê-lo como o único candidato da esquerda anticapitalista com reais chances de derrotar a direita e os reformistas na cidade mais importante do País.

Tenho razões para crer que o PSOL não só tende a adquirir a influência que o PT adquiriu, como pode obtê-la sem abandonar suas principais bandeiras pelo caminho.

Até porque o mundo começa a ser varrido por uma nova onda revolucionária, potencializada pela depressão que o capitalismo está engendrando; e, neste novo cenário, o PSOL tem-se alinhado decididamente com a contestação nas ruas (o que é um antídoto ao deslumbramento com os gabinetes do poder...).

Não há nenhum fatalismo histórico a tanger os partidos de esquerda ao comprometimento com o status quo como condição indispensável para crescerem; a decisão que o PT tomou há uma década, de negociar com banqueiros e grandes capitalistas a  permissão  para chegar ao poder e as concessões que teria de fazer em troca, não foi imposta pelos deuses, foi decidida por homens.

Agora, é imperativo provarmos ao cidadão comum que a esquerda pode decidir noutro sentido, mantendo a fidelidade a seus grandes ideais em quaisquer circunstâncias; até porque disto depende o ressurgimento da esperança na política. A minha parte eu farei.

Também quero ajudar a manter vivos alguns valores dos revolucionários da década de 1960, como o de que os vários agrupamentos da esquerda anticapitalista devem ver a si próprios como integrantes de um  campo, parceiros e aliados no bom combate, e não como adversários na disputa por migalhas de poder numa sociedade desumana.

O de que mandatos legislativos e posições no Executivo só se justificam no nosso caso quando colocados a serviço dos explorados e injustiçados, e se nos permitirem acumular forças para a mudança maior da sociedade. São meios, nunca fins em si. Nosso objetivo não é ganharmos a eleição seguinte, é prepararmos o terreno para o  reino da liberdade, para além da necessidade (Marx).

O de que honestidade pessoal e coerência para nós não são méritos, apenas obrigação.

E o de que temos de honrar os mandatos, pois nossos ideais serão julgados pelo desempenho visível. Vereador ou presidente da República, cabe-nos dar o exemplo de como age um militante de esquerda, tanto em termos de probidade, quanto de competência e coragem.

A partir daqui os meus textos referentes à campanha separam-se das comunicações costumeiras, a menos que os donos de cada espaço os autorizarem. Peço a todos que passem a acompanhá-los no blogue Diário de Campanha do Lungaretti, cujo endereço é este aqui: http://quero50005.blogspot.com.br/

E que, concordando com minhas propostas e conteúdos, ajudem-me a torná-los conhecidas no Facebook, no Orkut e no twitter, bem como seguindo e divulgando o novo blogue –no qual tentarei oferecer um enfoque bem diferente de uma campanha eleitoral, mais reflexivo, jornalístico e literário–, até porque é isto que os leitores habituais esperam de mim. Sempre considerarei mais importante propagar os nossos ideais do que convencer alguém a votar em mim. Manterei esta linha.

De resto, inexperiente, sem mobilização na base e sem recursos, só terei sucesso se os internautas alavancarem a minha campanha, que vai ser bem do tipo  tostão contra milhão. [Se receber doações, produzirei folhetos caseiros e vou distribui-los pessoalmente; quem quiser me dar uma força, por favor, escreva p/ lungaretti@gmail.com.]

E peço antecipadamente desculpas pelos textos mais ligeiros que produzirei, até o 7 de outubro, para os outros espaços e tribunas. De qualquer forma, o compromisso há muito assumido de colocar todo dia algo novo no blogue Náufrago da Utopia será respeitado.

A sorte está lançada. 

8 comentários:

Ananindeuadebates disse...

Boa sorte Celso Lungaretti.

Anônimo disse...

A luta continua! Celso Lungaretti Vereador!

Sonia Amorim/Abra a Boca, Cidadão! disse...

Lungaretti Vereador!!! Blogueira e ABC! apoiam e trabalham pelo Blogueiro Revolucionário! Felicidades e Grande Abraço!

Haroldo Mourão disse...

Celso, a tempos, quando vc escrevia que não acreditava nas instituições (palavras minhas, certo?), alguns aqui - eu idem - diziamos isso: candidate-se! Eu acredito, sem saber da realidade, que o Lula fez uma coisa parecida: não dá para brigar com nossas armas, nossas verdades, por isso teremos que jogar no campo deles. Agora sim você terá voz e cara, mais pessoas te conhecerão, aqui na minha cidade votarei no PSOL, na figura do prf. Josemar (prefeito), mas apenas por falta de opção real (se vc conhecer o restante!!).

Anônimo disse...

Celso, quem é aquele militar que aparece na foto de seu julgamento?

celsolungaretti disse...

Ninguém em especial. Para julgar-nos nas auditorias militares escolhiam oficiais sem participação nas atividades repressivas.

E, como eu sou visto depondo, também não se trata de julgamento, mas da instrução do processo. No julgamento nós não éramos ouvidos.

Eu não tinha a mais remota lembrança desta ocasião, até que desencavaram o lote num jornal, incluindo aquela famosa da Dilma. Fomos ambos réus do processo contra a VAR-Palmares no RJ e, creio, depusemos no mesmo dia.

Willian Alves de Almeida disse...

Parabéns, Celsão! não sei se você viu pelo Facebook, que desde a primeira vez que mencionou se candidatar eu venho divulgando sua luta, e a do ex-professor de meu curso de História da UNISA (infelizmente, não tive aulas com ele, mas alguns dos meus atuais professores são ex-alunos dele) Carlos Giannazi!

TRABALHADORES DA PERIFERIA PAULISTANA, UNÍ-VOS!

celsolungaretti disse...

Fico contente, Willian. Se muitos companheiros derem uma força, eu posso chegar lá.

Seria uma experiência interessante travar lutas como vereador e blogueiro ao mesmo tempo, com um pé no sistema e outro nas redes sociais.

Se já incomodo um pouco os poderosos, creio que assim incomodaria muito mais.

Devemos sempre tentar de tudo.

Um forte abraço!

Related Posts with Thumbnails