segunda-feira, 14 de maio de 2012

UMA VEZ CÚMPLICE DA OBAN, SEMPRE JORNAL DA DITABRANDA

Com a sarcástica retranca de Humor, o Luiz Carlos Azenha postou no seu site Viomundo uma análise devastadora da tendenciosidade com que o jornal da  ditabranda noticiou a escolha dos membros da Comissão da Verdade  no último sábado (12).

Realmente, é só como uma peça de humor que pode ser encarada, p. ex., a seguinte afirmação do editorial do mesmo dia (cuja íntegra está aqui): "Antes de uma regra imposta, a anistia ampla teve a dimensão de um pacto que permitiu à sociedade, em nome de um futuro mais harmonioso, superar a dolorosa cisão que a marcara por duas décadas".

Pacto? Qual pacto, cara-pálida?! A esquerda foi, isto sim, chantageada, tendo de aceitar a aberrante inclusão dos torturadores na anistia, como uma espécie de habeas corpus preventivo para colocá-los a salvo da responsabilização por seus crimes bestiais; este foi o preço pago pela libertação dos presos políticos e permissão de volta dos exilados.


E, mesmo assim, os militantes da luta armada não foram anistiados, tendo apenas as suas penas revistas  num segundo momento, com a adoção de critérios que posibilitaram sua libertação.

Acordo entre chantagistas e chantageados está mais é para pacto com o demônio, pouco importando o que o Supremo Tribunal Federal tenha decidido numa das páginas mais vergonhosas de sua história.

Vale a pena reproduzir na íntegra o deboche do Azenha:

No Brasil a guerra fria ainda não acabou. O anticomunismo vive. Ser “de esquerda” é considerado pejorativo pelo jornal mais importante do país.

Notaram como Demóstenes Torres nunca foi classificado como “de direita”?

Vejamos as repercussões da escolha dos integrantes da Comissão da Verdade, criada para apurar os crimes da ditadura militar, segundo a Folha.

Página A11 [vide íntegra aqui]: “Amorim não é exatamente querido entre os militares por conta de seu perfil de esquerda e pela pouca familiaridade com os temas da pasta”. Não é preciso dizer que os militares são “de direita”?

Na mesma página [vide íntegra aqui]: “Em relação aos crimes cometidos pela esquerda, membros da comissão afirmaram que o tema ainda precisa ser discutido internamente”.

Na página A14 [vide íntegra aqui], alguns militares ouvidos pela Folha (quais, exatamente — os de direita?) desaprovam o nome da advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que defendeu Dilma Rousseff e Ivan Seixas, dentre muitos outros.

Na página A15 [vide íntegra aqui], o texto parece trair o medo do próprio jornal: “Sem Fla-Flu”, “sem revanchismos”, “sem as angústias juvenis” — algumas das frases estão entre aspas, revelando qual foi o foco das perguntas dos entrevistadores.

Na última página [vide íntegra aqui], reprise: “Membros do grupo revelaram à Folha que também discutirão a possibilidade de investigar crimes cometidos pela esquerda armada”.

Ou seja, em breve a Folha vai pedir para investigar Dilma Rousseff e aqueles que queimaram os veículos que o jornal emprestou à Operação Bandeirantes (que manteve o maior centro de torturas de São Paulo ) para fazer campana.

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