quinta-feira, 15 de março de 2012

LEI SECA NOS ESTÁDIOS DA COPA: GOVERNO RECUA E O MUNDO RIRÁ DE NÓS

O Brasil será visto como um país onde ainda
subsistem as bizarrias do tempo de Al Capone
A querela sobre a venda ou não de bebidas alcoolicas nos estádios, durante a disputa da Copa do Mundo de 2014, expõe, de um lado, a mentalidade autoritária que continua subsistindo no Brasil, em plena democracia; e, do outro, a pusilaminidade de nossos governantes face à chantagem de bancadas retrógradas.

Para nossa vergonha, estávamos recebendo uma lição da Fifa sobre como devem ser tratados os cidadãos: numa democracia, cabe-lhes o direito de decidirem se, quando e quanto querem beber, mais o dever de manterem comportamento civilizado a despeito da quantidade de álcool ingerida.

Quem não segurar a onda, que seja expulso do estádio ou preso.

Mas, que não seja imposta à maioria uma ridícula e extemporânea  Lei Seca  por conta da imaturidade de alguns. [Assim como é uma aberração fascistóide obrigar motoristas laçados a esmo a se submeterem a testes de bafômetros, como se fossem culpados até provarem a inocência... antes mesmo de qualquer crime ter sido cometido!]

São as ditaduras que tratam adultos como crianças no internato, privando-os das oportunidades de errar. Nas democracias, eles são respeitados como adultos e, quando erram, recebem a punição cabível.

Na singular democracia brasileira, torcedores de futebol são encarados como crianças ou deficientes mentais, a quem se nega até o ínfimo prazer de uma cervejinha. 

Seria cômico, se não fosse trágico:
continuamos até hoje no tempo do Onça?!
Quem quiser, que engula a intragável cerveja sem álcool. Nossos tutores assim decidiram.

Sob vara da Fifa, o Governo brasileiro propôs a suspensão temporária desta prática vexatória que deveria ter sido abolida há muito tempo.

Mas, firme como geléia, acaba de recuar diante da rabugice da pior espécie de totalitários: os fanáticos religiosos, que só não chamo de herdeiros de Tomás de Torquemada porque o inquisidor-geral dos reinos de Castela e Aragão era sincero nas suas convicções monstruosas, enquanto os atuais parecem mais ser devotos do bezerro de ouro.

Mas, ainda que por mero oportunismo, representam o atraso e são infames pregadores do ódio (contra os cultos afrobrasileiros e os gays, principalmente), satanizando pessoas como forma de imantarem suas fileiras, à maneira de Hitler com os judeus.

Ou seja, tudo que a esquerda tem como obrigação combater e com o qual não pode fazer acordo nenhum, ter complacência nenhuma.

Estava certíssimo Gilberto Carvalho ao propor o combate ideológico a esses evangélicos.

Está terrivelmente errado agora o Governo, refugando diante dos que tentam nos fazer retroceder à Idade Média.

Torço para que a Fifa tire o Mundial do Brasil --ainda está em tempo de o fazer.

Enquanto não nos assumirmos plenamente como uma nação civilizada do século 21, sediarmos grandes eventos só servirá para escancarar nosso atraso, colocando-o sob holofotes para que o mundo ria de nós.

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