"Eu andava tão certinho,
a vida me chutou.
Fui sincero com você,
e você me deixou.
Agora vou assim,
a vida me chutou.
Fui sincero com você,
e você me deixou.
Agora vou assim,
de ziguezague, ziguezague.
Você quer me ver assim,
Você quer me ver assim,
de ziguezague, ziguezague?"
(Jair Rodrigues, Jair Oliveira,
(Jair Rodrigues, Jair Oliveira,
Simoninha e Rappin Hood)
Está na edição desta 6ª feira (16) da Folha de S. Paulo que o Governo mudou novamente sua posição sobre a proibição de bebidas alcoolicas nos estádios em que estiver sendo disputado o Mundial de futebol de 2014.
Não pelo motivo maior de que tal interdição, na Copa ou em qualquer campeonato local, é um tacanho autoritarismo, de ridículo atroz, reduzindo o torcedor à condição de incapaz que precisaria ser tutelado.
Mas, pelo motivo menor de que já prometera o contrário à Fifa.
No artigo anterior, usei uma imagem de No tempo do Onça, dos Irmãos Marx, como ilustração.
Do relato da Folha depreendemos que, sem querer, acertei em cheio: foi uma comédia de pastelão mesmo. Só que sem o talento do genial Groucho e dos hilários Chico e Harpo.
Leiam e riam:
"A crise na base aliada no Congresso provocou uma sucessão de erros na coordenação política do governo e levou a uma nova reviravolta sobre a venda de bebidas alcoólicas nos estádios da Copa do Mundo de 2014.
Um dia depois de decidir retirar a permissão explícita de bebidas nas arenas da Lei Geral da Copa, sob o temor de não conseguir aprová-la, o governo confirmou que vai recolocá-la no projeto.
A manobra teve como objetivo deixar claro que cumprirá um acordo de 2007 com a Fifa...
Ontem, o governo admitiu ter havido erro na retirada da permissão para a venda de bebidas, um dia antes.
'Estamos nessa polêmica porque houve um erro, um bate-cabeça do governo. Temos que contratar psiquiatras, psicólogos e neurologistas para entender o que aconteceu', disse Vicente Cândido (PT-SP), relator do projeto da Lei Geral da Copa.
A avaliação é que foi a Casa Civil que permitiu o erro, ao não avisar os deputados que discutiam a lei que o governo havia acertado com a Fifa não criar nenhuma restrição ao consumo de bebidas nos estádios...
Anteontem, após reunião com os deputados na qual foi decidida a retirada da liberação, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) telefonou a congressistas dizendo que a Copa no Brasil estaria ameaçada sem a venda das bebidas.
Ontem, em nota, o Ministério do Esporte reafirmou que vai liberar explicitamente a bebida alcoólica.
'O cumprimento integral das garantias firmadas pelo Brasil com a Fifa para sediar a Copa depende da aprovação do projeto de lei nos termos em que foi apresentado ao plenário', disse o texto...
A bancada evangélica, que tem 75 deputados (15% da Câmara), voltou a falar que irá tentar derrubar a liberação, o que pode atrasar a votação".
Não creio que seja necessária a contratação de psiquiatras, psicólogos ou neurologistas. O que falta são filósofos para ministrarem aulas sobre ética (e sobre como seria profundamente antiético um governo que usou e abusou de retórica eleitoral progressista vergar-se agora à chantagem dos pastores do retrocesso).
E, talvez, críticos literários versados em obras como Fausto (de Goethe) e O retrato de Dorian Gray (de Oscar Wilde), para explicarem direitinho o que acontece com quem faz pactos com o diabo em troca de riquezas, saber, prestígio, juventude... ou mesmo de uns votinhos no Congresso.
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