Redatores do Estadão no tempo de Olavo Bilac (mão no queixo). As idéias continuam as mesmas |
Tais dados são perfeitamente coerentes com a realidade política paulista e paulistana.
O Estadão é o veículo de uma direita ideológica que remonta à aristocracia cafeeira. Conservador por excelência, foi peça importante na conspiração para a derrubada do presidente constitucional João Goulart.
Isto conflitava um pouco com o papel que o jornal desempenhou na ditadura getulista, quando esteve até sob intervenção. Então, depois de, segundo alegou, ter ajudado a salvar o País da ameaça comunista, passou a pregar insistentemente a devolução do poder aos civis, uma vez que a intervenção cirúrgica já teria saneado as instituições.
Isto conflitava um pouco com o papel que o jornal desempenhou na ditadura getulista, quando esteve até sob intervenção. Então, depois de, segundo alegou, ter ajudado a salvar o País da ameaça comunista, passou a pregar insistentemente a devolução do poder aos civis, uma vez que a intervenção cirúrgica já teria saneado as instituições.
Dondocas do Cansei! em SP: adesão mínima frustrou planos |
Ressalvas feitas, a resistência dos jornais do Grupo Estado à censura e ao terrorismo de estado merece respeito. Afora o trivial que todos destacam (as poesias de Camões que o Estadão colocava no espaço de trechos ou de notícias inteiras censuradas, bem como as receitas culinárias que tinham a mesma serventia no Jornal da Tarde), houve dois episódios em que seus diretores mostraram, inclusive, coragem pessoal:
- quando mandaram os seguranças impedirem o DOI-Codi de invadir a redação para prender um jornalista, tendo o Mesquita de plantão dito a frase célebre de que "ele pode ser comunista lá fora, mas aqui dentro é meu funcionário" (depois, abrigou-o no próprio sítio);
- quando, depois da morte de Vladimir Herzog, decidiram acompanhar os jornalistas da casa arrolados no mesmo inquérito sempre que chamados a depor no DOI-Codi, a fim de garantirem pessoalmente sua integridade física.
Mas, embora repudie os excessos no exercício do poder burguês, o Estadão é o jornal brasileiro mais afinado com a sua essência --ao contrário dos comerciantes da Folha de S. Paulo, cuja postura oscila oportunisticamente ao sabor dos ventos políticos, ora cedendo viaturas para o serviço sujo da repressão, ora ajudando os Golberys da vida a recambiarem o País para a civilização...
A supremacia do Estadão em São Paulo é consistente com o fato de ser um Estado sob governos tucanos desde 1995; e na cidade de São Paulo, com o de ela, desde a redemocratização, haver tido várias gestões direitistas e somente duas, digamos, desalinhadas (as de Luíza Erundina e Marta Suplicy).
Também faz todo sentido que São Paulo esteja sendo o laboratório de testes das novas fórmulas golpistas, com a franca adoção de respostas policiais para os problemas sociais servindo para aferir a resistência que a fascistização provocará.
Ainda bem que a operação desastrada na cracolândia e a barbárie no Pinheirinho despertaram uma opinião pública que parecia anestesiada quando da invasão da USP por brucutus e da fixação de uma tropa de ocupação em pleno campus universitário (suprema heresia!).
Mas, a cena paulista deve continuar sendo observada com muita atenção pelos verdadeiros democratas. Pois, qualquer atentado às instituições, para quebrar a continuidade de administrações petistas (bem toleradas pelos EUA e pelo grande capital, já que mantiveram seus privilégios, mas não pelas viúvas da ditadura e por alguns setores setores extremados da burguesia), começará, necessariamente, por São Paulo.
Vale lembrar: foi em São Paulo que o Cansei! tentou organizar uma nova (mas frustrada...) Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade.
E é em São Paulo que a truculência policial volta a ser exercida exatamente como nos tempos da ditadura militar, por efetivos que até hoje cultivam descaradamente a nostalgia do arbítrio.
Obs.: na história de São Paulo também há capítulos edificantes, como a luta contra o despotismo em 1932, o movimento estudantil de 1968, as diretas-já e o fora Collor!. Mas, parecem ter sido episódios fugazes, meras exceções, enquanto o conservadorismo e o reacionarismo dão a tônica.
Obs.: na história de São Paulo também há capítulos edificantes, como a luta contra o despotismo em 1932, o movimento estudantil de 1968, as diretas-já e o fora Collor!. Mas, parecem ter sido episódios fugazes, meras exceções, enquanto o conservadorismo e o reacionarismo dão a tônica.
7 comentários:
caro celso,
o movimento de 32 foi na verdade insuflado pela oligarquia cafeeira,era separatista,portanto,não há para se orgulhar.
Errado, companheiro. Havia um legítimo componente libertário, começando pelas cinco vítimas iniciais, os quatro do MMDC e o que morreu depois.
Os stalinistas do PCB, com a habitual falta de princípios, foram condescendentes com a ditadura getulista no início e utilizaram essa argumentação falaciosa para justificar seu oportunismo político.
Depois, num de seus ziguezagues oportunísticos habituais, passaram para o extremo oposto: tentaram derrubar Getúlio de sopetão, sem que o movimento revolucionário tivesse atingido tal nível.
A historiografia comunista, entretanto, manteve a visão pré-Intentona. Por ela, não dá para se saber por que, cargas d'água, se tentou aquele putsch em 1935...
Toquei neste assunto em três artigos:
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2011/07/vale-pena-ler-de-novo-isto-e-o-brasil.html
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2010/07/falou-e-disse_09.html
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2010/07/uma-ditadura-e-uma-ditadura-e-uma.html
Abs.
Ah, ia esquecendo: a Revolução Constitucionalista não propôs, em momento algum, o separatismo. Sua bandeira era a volta à normalidade constitucional.
Esta foi a MENTIRA que a ditadura usou para motivar as tropas que foram sufocar o levante libertário.
Que tal mentira seja até hoje repetida por aí, a ponto de você ter acreditado nela, diz muito sobre os métodos de ditaduras e de autoritários.
Algumas demandas separatistas existiram, historicamente, nos estados do Sul. Até por sua localização geográfica, em São Paulo elas nunca prosperaram.
caro celso,
agradeço pelo debate mas mantenho minha posição,a qual foi moldada pela leitura de vários estudiosos,inclusive nelson werneck sodré(já sei você vai dizer que ele era ligado ao pcb).mas tudo bem,não vamos brigar poe isso.abs!!
32 foi mais uma tentativa dos oligarcas paulistas de tentarem dar um contra-golpe e voltar ao poder usando, como sempre, a massa ignara como bucha de canhão.
Os golpistas eram os fardados, companheiro, não os estudantes assassinados.
Como sempre.
Que me perdoe, meu nobre, destemido e valoroso defensor das causas populares, e, que, ademais, conta ainda, sob a repressão, com minhas mais sinceras e profundas demonstrações de reconhecimento, por sua postura de bravura destemida e audaz, na luta clandestina, contra a barbárie dos Gorilas Golpistas Fardados e Corruptos, e, vide Amaury Kruel. Getúlio, fez a Revolução de trinta, amarrando seu Cavalo no obelisco do Palácio Monroe, destruído por Vendetta pessoal de Geisel, em rixa mesquinha. Já Vargas, tinha em mente, o intuito, de promover a modernização e o avanço Social da Nação Brasileira, com pequenos gestos, de início, fundamentais, como a implantação legal do voto feminino e a entronização do fabuloso e genial Anísio Teixeira, assassinado sob Médici, em 1971, quando fôra visitar seu amigo fraterno, o dicionarista, Aurélio Buarque de Holanda, irmão de Sérgio (Raízes do Brasil), tio de Chico Buarque, e, em sequência, dizia eu, prezado intelocutor Lungaretti, que, Anísio, empossado Instrutor Geral de Ensino, o equivalente hoje à Ministro da Educação, fora quem implantara, a 1ª Escola em tempo integral, A Escola Parque, quando era, então, Secretário da Educação do Presidente do Estado da Bahia, Otávio Mangabeira, e, lembre-se, de que, ainda, não se denominavam como Governadores, os mandatários estaduais, pois, encontrávamos-nos, sob o ditame, da famigerada café com leite, a República Velha de Arthur Bernardes, único, em toda a História Republicana, a governar-nos, sob estado de Sítio, durante seus quatro anos. Portanto, de fato, o que pretendiam, os Aristocratas cafeicultores Paulistanos, com esta atitude de Bufão descontrolado, intifada Pantomímica e interesseira, a manter o Status quo e seus privilégios intocados. Somente, o maior de nossos dramaturgos e frasista, Nelson Rodrigues, Caro Celso, se atrevera, a lançar um aforismo com caráter axiomático sôbre fatos inarredáveis, ou seja, o de que, se êles, os fatos, viessem, então, á provar o contrário, pior, então. para êles...Saudações Cordiais, do Planta do Deserto, a quem, basta, tão somente, o orvalho do alvorecer...
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