A submissão à "linha justa" já levou comunistas a engolirem até o pacto de Stalin com Hitler... |
O nível das discussões políticas na internet é, claro, baixíssimo. Salvo uma ou outra honrosa exceção, o que temos são as mais toscas desqualificações.
Mesmo assim, acredito que seja importante rebatermos certas calúnias e falácias, para deixar claro que nem calamos, nem consentimos.
Geralmente, a cada uma dessas intervenções sucede uma avalanche de novas grosserias. Mas, se não dá para contrabalançarmos a quantidade de zurros por escrito, é óbvio que a qualidade da argumentação consistente se impõe pelo menos perante leitores equilibrados e imparciais. Temos de acreditar que eles existam, pois o contrário seria desalentador demais.
Assim, várias vezes saí do Centro de Mídia Independente, por discordar de sua prática de esconder matérias (para quem foi censurado por uma ditadura, trata-se de um sapo enorme e dos mais indigestos...), mas sempre acabei voltando por constatar que, com isto, só deixava o terreno livre para os mais vis caluniadores.
Da última vez, até de agente da CIA me rotularam --sem evidência de nenhuma espécie, claro, apenas partindo de conjeturas tipicamente stalinistas.
Postar meus artigos lá é melhor do que deixar ser passada aos leitores uma versão totalmente deturpada do que eu defendo --já que, durante minhas hibernações, jamais deixaram de os citar, desfigurados a ponto de eu ter dificuldade de encontrar o fio da meada, no samba do crioulo doido resultante.
Mas, há um preço a pagar: a enxurrada de primarismo que acabo tendo de responder a cada artigo mais polêmico postado, como o desta 4ª feira sobre o ditador que já foi tarde.
A perda, contudo, nem sempre é total: às vezes isso me leva a aclarar minhas posições sobre certos assuntos, no afã de tentar fazer-me entender por pessoas pouco familiarizadas com a teoria revolucionária.
1,7 milhão de cambojanos teriam sido dizimados pelo Khmer Vermelho: isto nunca pode se repetir! |
Caso deste comentário que estou parcialmente reproduzindo (o artigo e a íntegra do debate podem ser acessados aqui):
"...é claro que liberdade, no sentido real do termo, os cidadãos não têm sob o capitalismo. Apenas são TUTELADOS e PERSUADIDOS ao invés de REPRIMIDOS e COAGIDOS.
Mas, se teoricamente uma gaiola dourada e uma masmorra medieval dão no mesmo, na prática é infinitamente pior estar sob uma ditadura do que na democracia abastardada de hoje. Eu sei, passei por ambas. No inferno do ditador Médici, acordávamos nos indagando se estaríamos vivos no final do dia.
Quanto ao sentido maior dos meus posicionamentos, é muito simples e nada tem de raposismo: saí das prisões militares convicto de que nada, absolutamente nada, justifica que seres humanos sejam triturados daquela maneira. Então, se algum regime depende DISSO para sobreviver, que vivam os homens e que morra o regime!
Antes de ser preso, eu ainda admitia que a ditadura do proletariado poderia ser necessária como etapa TRANSITÓRIA e tão curta quanto possível, conforme propôs Lênin em O Estado e a Revolução.
Depois, compreendi que ditaduras têm seus beneficiários e são dificílimas de remover; ao entrarmos nelas, arriscamo-nos a ficar submetidos ao arbítrio por décadas sem fim. Suportei uma por 21 anos e, se tivesse de repetir a dose, preferiria a morte.
Então, há quatro décadas defendo duas bandeiras principais:
- a colocação da liberdade ao lado da justiça social como prioridades máximas da revolução, em plano de absoluta igualdade (ou seja, sem postergar-se a liberdade em nome da justiça social, o álibi de todas as tiranias ditas de esquerda); e
- a recolocação da revolução mundial como prioridade máxima, pois revoluções em países isolados vêm se desvirtuando desde 1917.
Há quem diga que foi melhor isso do que nada. Mas, podemos também pensar que, sem essas revoluções que se revelaram bem diferentes do que prometiam, tornando nossos ideais odiosos aos olhos de muitos cidadãos comuns (o que a propaganda inimiga capitalizou a mais não poder...), talvez já tivéssemos chegado à revolução mundial.
Afinal, o capitalismo há muito esgotou seu papel positivo e, na sua sobrevida parasitária, só vem desgraçando a humanidade. Mas hoje a esmagadora maioria dos explorados não vislumbra uma alternativa confiável. E isto, temos de admitir, se deve à nossa PERDA DE CREDIBILIDADE.
Completando, seria ocioso acrescentar que os explorados têm de ser os SUJEITOS da revolução, não seu OBJETO.
Que a revolução deve ser feita POR eles, e não PARA eles.
E que, quando são nomenklaturas que decidem tudo e o povo só diz amém, seja por estar fanatizado pela propaganda atordoante do regime ou por estar intimidado por polícias políticas, não existe verdadeira revolução.
Um comentário:
E Já foi tarde mesmo!Ainda bem que a genética não benefeciou este sanguinário, como beneficiou um humanista como oscar niemeyer.
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