sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"A SOBERANIA DEIXOU DE SER UM ESCUDO PARA AS VIOLAÇÕES DOS DH"

O Vlad Dracul de hoje...
É oportuníssimo, obrigatório mesmo, o artigo O indevassável: do Congo à Síria, de Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão Independente Internacional da ONU para a Síria.

Trata-se da visão civilizada numa questão em que a barbárie encontrou insuspeitados defensores. Digo e repito que Marx deve estar revirando-se na cova, ao ver seu nome invocando para justificar carnificinas próprias de um Vlad Dracul.

...e o al-Assad de ontem
Pinheiro exige a adoção urgente das medidas que ainda podem evitar o pior: a necessidade de uma ação militar internacional para deter os massacres.

Adiante, tal opção poderá ser superada pelos acontecimentos, deixando o mundo diante do dilema de assistir de braços cruzados a um genocídio ou ordenar  uma intervenção que talvez extrapole seus objetivos, como aconteceu na Líbia.

Então, a hora de agir é agora, como Pinheiro diz e eu concordo.

Recomendando com entusiasmo a leitura da íntegra, reproduzo os trechos principais:

"O sofrimento da população dentro e fora da Síria precisa ser enfrentado como questão de urgência; as vítimas não esperam nada menos da ONU

Na agenda global está irretorquivelmente a proteção dos direitos humanos, pois a soberania deixou de ser, faz tempo, um escudo para as violações desses direitos.

A imposição da transparência é exigência inescapável do exercício do poder no século 21. É profundo anacronismo Estados hoje negarem o que os olhos do mundo veem às escâncaras. .

O relatório da Comissão Independente Internacional da ONU sobre a Síria foi muito além do ciclo das imagens na mídia eletrônica: manifestação, repressão, mortes, feridos e detenções arbitrárias. Mostrou por trás dessas cenas o dia a dia dos sofrimentos da população.
 A crise, calcula-se, tem afetado diretamente a vida de 3 milhões de sírios. Muitos deles forçados a procurar refúgio com a família e amigos em outras cidades. Milhares deixaram o país.
...[estamos] gratos a muitos países, nos vários grupos regionais na ONU, por apoiarem o trabalho da Comissão. Defendendo resolutamente, como tem feito o Brasil no mais alto nível do governo e do Itamaraty, a validade da nossa investigação sobre a situação de direitos humanos na Síria e a necessidade da Comissão de ter acesso ao país.

Observadores de direitos humanos também precisam ter acesso imediato e ilimitado ao país.

O monitoramento independente e imparcial contribuirá para fazer cessar os confrontos e prevenir violações de direitos.

O fornecimento de armas para todas as partes deve ser suspenso. Os grupos de oposição devem respeitar e atuar conforme o direito internacional dos direitos humanos.

A Comissão preparou seu relatório como sendo ao mesmo tempo um chamado e uma plataforma para ação. O sofrimento extremo da população dentro e fora da Síria precisa ser enfrentado como uma questão de urgência. As vítimas não esperam nada menos da ONU e dos Estados-membros".

3 comentários:

Revistacidadesol disse...

Celso:

Essa posição de vcs é anti-marxista-leninista, ignora o que é o imperialismo.

O imperialismo precisa abrir o mercado do Irã e da Síria, nada mais. Para tanto, busca desestabilizá-los.

Reformas não irão detê-los. O que pode detê-los é a disposição de luta dos países do terceiro mundo.

Abs do Lúcio Jr.

celsolungaretti disse...

Para começar, a expressão marxismo-leninismo é uma igualação descabida entre um mestre e um de seus bons discípulos.

Faz muito tempo que caiu em desuso, merecidamente, porque não tinha nada a ver.

Lênin nada de realmente importante acrescentou ao edifício teórico construído por Marx, apenas o utilizou para forjar o partido revolucionário.

Assim como Trotsky tem o mérito de haver comandado as operações de tomada do poder, ter criado o Exército Vermelho e haver lutado contra o desvirtuamento da revolução, mas nada produziu de transcedental em termos teóricos.

Ambos foram apenas continuadores de Marx, não podendo ser colocados no mesmo plano do velho barbudo.

Quanto aos planos do imperialismo, sejam quais forem, não são motivo para consentirmos em carnificinas.

Daí a importância do alerta de Pinheiro: se o açougueiro de Damasco for detido, poderá ser evitado um desfecho pior.

Mas, prosseguindo a escalada de arbítrio e genocídio, acabará se chegando a um ponto de não retorno.

O certo é que o compromisso maior dos revolucionários será sempre evitar que tiranos massacrem seus cidadãos.

Isto tem importância muito maior para nós do que frustrar hipotéticos ou reais planos imperialistas.

Nosso ideário é positivo: lutamos para libertar as massas da exploração e da opressão. Estamos comprometidos com a vida e não endossamos morticínios em circunstância nenhuma.

Nosso ideário não é negativo, o de apenas dizer não a tudo que o imperialismo disser sim.

Bashar é exatamente o que eu disse: um Vlad Dracul ou um Pol Pot redivivo. Uma abominação.

Tomara que possa ser expelido de forma menos terrível do que Gaddafi.

Mas, precisa ser expelido. Déspotas desse tipo não têm lugar no século 21.

Willian Alves de Almeida disse...

Assino embaixo do texto em si, e da resposta ao Lúcio, Celso.

Lenin idealizou o chamado "Centralismo Dmocrático", fora esse conceito novo, todo o seu pensamento é oriundo de Marx e Engels.

Pensadores como Trotsky por exemplo, adotaram o termo "Bolchevismo-Leninismo", apenas como uma forma de mostrar lealdade ao esquema partidário centralziado de Lenin perante as "acusações" de "menchevismo e anti-leninismo" dos partidários de Stalin.

Related Posts with Thumbnails