Ou seja, nas grandes competições internacionais, nem me coloco incondicionalmente ao lado da equipe brasileira, nem rancorosamente contra os rivais tradicionais do meu Corinthians.
Mesmo nos tempos amargos em que o Santos impunha sucessivas humilhações ao timão, eu torci desbragadamente pelos praieiros no Campeonato Mundial Interclubes.
Porque o Santos de Pelé e Coutinho praticava o futebol mais vistoso do mundo:
- em 1962 --quando humilhou o Benfica nas finais, vencendo por 3x2 no Maracanã e 5x2 no Estádio da Luz;
- e em 1963 --quando foi derrotado pelo Milan por 4x2 em San Siro, devolveu o placar no Maracanâ e ganhou o jogo extra por 1x0, também no Maraca.
Neste domingo (18), entretanto, meu coração de torcedor penderá para o Barcelona.
Porque é quem conseguiu encontrar uma fórmula para jogar futebol brilhante e ofensivo na atualidade, trocando passes incansavelmente, com extrema habilidade, até encontrar espaço para o lance agudo, que é quase sempre criado e não achado, de bola correndo e não de bola parada.
O Santos, pelo contrário, hoje apresenta o futebol mesquinho e defensivista característico do técnico Muricy Ramalho.
Conta com alguns talentos superiores que lhe permitiriam adotar uma postura bem mais ousada, como a dos tempos de Dorival Jr.
Mas, nos mata-matas da Libertadores, preferiu defender covardemente os resultados do que evidenciar sua superioridade: contra os quatro adversários, empatou uma partida e venceu a outra por diferença mínima. Parecia comida chinesa, aquela que não mata nossa fome.
Daria para fazer muito melhor contra os joões (grande e saudoso Mané!) do América do México, Doce em Caldas... quer dizer, Once Caldas da Colômbia, Cerro Portenho do Paraguai e Peñarol uruguaio. Os dois primeiros, timecos sem tradição; e os dois últimos, timecos aos quais resta, unicamente, tradição.
Enquanto isto, na Liga dos Campeões da Uefa, o Barcelona despachou um galinha morta (o ucraniano Shakhtar Donetsk, por 5x1 e 1x0) e sobrepujou três adversários dificílimos (o Arsenal, por 1x2 e 3x1; o Real Madrid, por 2x0 e 1x1; e o Manchester United, por 3x1).
Então, para o futebol, é melhor uma reafirmação da filosofia de jogo generosa do Barcelona, que vence dando espetáculo, com sua volúpia de criar tantas chances e marcar quantos gols puder.
Não faria nenhum bem a consagração do calculismo do Santos, que atua mais para se proteger, confiante de que decidirá a partida aproveitando bem as oportunidades (em número bem menor) propiciados pelos lançamentos de Ganso para as estocadas de Neymar e o oportunismo de Borges.
Com uma única ressalva: ao conservar seus astros, o Santos deu um admirável exemplo de resistência à perversidade capitalista, que hoje nos relega à condição de fornecedores de matéria-prima futebolística para outros centros. Vendemos nossas revelações mal despontam e só as recebemos de volta em fim de carreira, depois que já foram espremidas e delas pouco resta além do bagaço.
Então, é auspicioso que o Santos tenha chegado a Tóquio sem baixas, apesar do insistente assédio europeu.
Mas, convenhamos: se os imprevistos do futebol lhe permitirem derrotar o melhor time do mundo, que seja exaltado e reconhecido o talento dos seus craques, e não a batuta do seu técnico.
Pois, aconteça o que acontecer nesta decisão, o Barcelona é superior ao Santos... e Pep Guardiola, estratosfericamente superior a Muricy Ramalho no que realmente conta: a sintonia com os valores maiores do esporte, que vão muito além da ganância por taças e troféus.
3 comentários:
tm"Meu caro amigo me perdoe por favor", mas o que eu posso lhe dizer é que vou torcer pelo Santos.
A camisa branquinha sempre me lembra os tempos de pelé.
abração.
Concordo com voce , mas não totalmente.
Realmente o Barça é superior.
Mas a verba para ter um time desse porte é infinitamente superior a do Santos.
O Santos não conseguiu segurar seus jogadores. Voce só pensou em Neymar.
E Jonathan,Wesley,André, AlexSandro, Zé Eduardo? Todos titulares que se foram.
Quantos anos Iniesta,Messi e outros jogam no Barça?
O Muricy faz o que pode!
Se o Santos vencer, também será a vitória do esforço, do trabalho e do talento.
Os titulares que se foram não fazem tanta falta assim --e há o caso do Zé Eduardo, que não chega aos pés do Borges.
O problema é outro: um técnico com alma mesquinha, focado em conquistas e não na beleza do esporte.
O Santos atual é uma sombra do time goleador e moleque dos tempos de Dorival Jr.
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