sábado, 17 de dezembro de 2011

NA VÉSPERA DA GRANDE DECISÃO

Como torcedor, torço pelo futebol.

Ou seja, nas grandes competições internacionais, nem me coloco incondicionalmente ao lado da equipe brasileira, nem rancorosamente contra os rivais tradicionais do meu Corinthians.

Mesmo nos tempos amargos em que o Santos impunha sucessivas humilhações ao timão, eu torci desbragadamente pelos praieiros no Campeonato Mundial Interclubes.

Porque o Santos de Pelé e Coutinho praticava o futebol mais vistoso do mundo:
  • em 1962 --quando humilhou o Benfica nas finais, vencendo por 3x2 no Maracanã e 5x2 no Estádio da Luz;
  • e em 1963 --quando foi derrotado pelo Milan por 4x2 em San Siro, devolveu o placar no Maracanâ e ganhou o jogo extra por 1x0, também no  Maraca.
Neste domingo (18), entretanto, meu coração de torcedor penderá para o Barcelona.

Porque é quem conseguiu encontrar uma fórmula para jogar futebol brilhante e ofensivo na atualidade, trocando passes incansavelmente, com extrema habilidade, até encontrar espaço para o lance agudo, que é quase sempre  criado  e não  achado, de bola correndo e não de bola parada.

O Santos, pelo contrário, hoje apresenta o futebol mesquinho e defensivista característico do técnico Muricy Ramalho.

Conta com alguns talentos superiores que lhe permitiriam adotar uma postura bem mais ousada, como a dos tempos de Dorival Jr.

Mas, nos mata-matas da Libertadores, preferiu defender covardemente os resultados do que evidenciar sua superioridade: contra os quatro adversários, empatou uma partida e venceu a outra por diferença mínima. Parecia comida chinesa, aquela que não mata nossa fome.

Daria para fazer muito melhor contra os  joões  (grande e saudoso Mané!) do América do México,  Doce em Caldas... quer dizer, Once Caldas da Colômbia, Cerro Portenho do Paraguai e Peñarol uruguaio. Os dois primeiros, timecos sem tradição; e os dois últimos, timecos aos quais resta, unicamente, tradição.

Enquanto isto, na Liga dos Campeões da Uefa, o Barcelona despachou um  galinha morta (o ucraniano Shakhtar Donetsk, por 5x1 e 1x0) e sobrepujou três adversários dificílimos (o Arsenal, por 1x2 e 3x1; o Real Madrid, por 2x0 e 1x1; e o Manchester United, por 3x1).

Então, para o futebol, é melhor  uma reafirmação da filosofia de jogo generosa do Barcelona, que vence dando espetáculo, com sua volúpia de criar tantas chances e marcar quantos gols puder. 

Não faria nenhum bem a consagração do calculismo do Santos, que atua mais para se proteger, confiante de que decidirá a partida aproveitando bem as oportunidades (em número bem menor) propiciados pelos lançamentos de Ganso para as estocadas de Neymar e o oportunismo de Borges.

Com uma única ressalva: ao conservar seus astros, o Santos deu um admirável exemplo de resistência à perversidade capitalista, que hoje nos relega à condição de fornecedores de matéria-prima futebolística para outros centros. Vendemos nossas revelações mal despontam e só as recebemos de volta em fim de carreira, depois que já foram espremidas e delas pouco resta além do bagaço.

Então, é auspicioso que o Santos tenha chegado a Tóquio sem baixas, apesar do insistente assédio europeu.

Mas, convenhamos: se os imprevistos do futebol lhe permitirem derrotar o melhor time do mundo, que seja exaltado e reconhecido o talento dos seus craques, e não a batuta do seu técnico.

Pois, aconteça o que acontecer nesta decisão, o Barcelona é superior ao Santos... e Pep Guardiola, estratosfericamente superior a Muricy Ramalho no que realmente conta: a sintonia com os valores maiores do esporte, que vão muito além da ganância por taças e troféus.

3 comentários:

ismar disse...

tm"Meu caro amigo me perdoe por favor", mas o que eu posso lhe dizer é que vou torcer pelo Santos.

A camisa branquinha sempre me lembra os tempos de pelé.

abração.

Anônimo disse...

Concordo com voce , mas não totalmente.
Realmente o Barça é superior.
Mas a verba para ter um time desse porte é infinitamente superior a do Santos.
O Santos não conseguiu segurar seus jogadores. Voce só pensou em Neymar.
E Jonathan,Wesley,André, AlexSandro, Zé Eduardo? Todos titulares que se foram.
Quantos anos Iniesta,Messi e outros jogam no Barça?
O Muricy faz o que pode!
Se o Santos vencer, também será a vitória do esforço, do trabalho e do talento.

celsolungaretti disse...

Os titulares que se foram não fazem tanta falta assim --e há o caso do Zé Eduardo, que não chega aos pés do Borges.

O problema é outro: um técnico com alma mesquinha, focado em conquistas e não na beleza do esporte.

O Santos atual é uma sombra do time goleador e moleque dos tempos de Dorival Jr.

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