domingo, 19 de junho de 2011

O LIVRO SOBRE O BACURI E OUTRAS NOVAS DOS COMPANHEIROS DE IDEAIS

Depois de vários anos de pesquisas, tendo entrevistado 40 veteranos da resistência à ditadura militar, a companheira Vanessa Gonçalves está lançando a biografia Eduardo Leite Bacuri, pela Plena Editorial.

Um bom aperitivo é a extensa reportagem da IstoÉ 109 dias de tortura, da qual extraí este trecho:
"No Dops, Bacuri passou por uma experiência incomum – e macabra – mesmo para os padrões da ditadura. Ali, depois de massacrado fisicamente, ele leu sua sentença de morte.

No sábado 26 de outubro, os jornais noticiaram a morte de Joaquim Câmara Ferreira, militante da Ação Libertadora Nacional, e afirmaram que Bacuri havia sido levado da prisão para fazer o reconhecimento do corpo. Nessa operação, segundo as publicações da época, Bacuri tinha conseguido fugir e desapareceu.

Ao ver a notícia impressa nos jornais, ele teve a certeza de que jamais sairia vivo da prisão – era o álibi que os militares precisavam para assegurar que Bacuri não estava sob jugo da ditadura e, sim, foragido.

A triste ironia da história é que ele sequer andava. Graças à violência dos policiais, apenas quatro dias depois de ser preso o militante perderia para sempre o movimento das pernas".
O companheiro jornalista Rui Martins deu contribuição inestimável à luta pela liberdade de Cesare Battisti, como seu principal porta-voz no momento mais difícil, quando poucos se davam conta do que estava realmente ocorrendo e parte da esquerda era iludida pela pregação (tão rancorosa quanto falaciosa) de Mino Carta, inimigo visceral dos ideais de 1968 e daqueles que os expressam.

Depois que passei a priorizar a causa do Cesare, no final de 2008, o Rui pôde voltar seus esforços  mais para o Estado dos Emigrantes, que também foi uma bandeira erguida e popularizada principalmente (melhor seria dizer  quase que exclusivamente) por ele.

Agora, entretanto, o Conselho do Emigrante, criado pelo Itamaraty, tem um presidente que, eleito "pelos votos obtidos (de) cerca de 0,01% da população emigrante", encarna "a ideologia da intolerância, do pensamento único e da mordaça, inspirada em processos inquisidores de regimes ditatoriais", afirma o Rui, uma das vítimas "do expurgo instaurado dentro do Conselho".

Recomendo a todos que leiam atentamente o candente artigo Clima de IPM no Itamaraty, repassem, divulguem por todas as formas e façam tudo que puderem para ajudar o bravo guerreiro Rui Martins. Ele merece.

No artigo Cumpra-se a sentença inteira, quatro destacados defensores dos direitos humanos (Anivaldo Padilha, Marcelo Zelic, Roberto Monte e Vicente Roig) exigem que o Estado brasileiro não se limite a publicar a decisão da Corte Interamericana sobre as torturas e execuções cometidas pela ditadura militar no Araguaia, mas vá ao fulcro da questão: 
"A apuração dos fatos e a responsabilização dos culpados pelos assassinatos, torturas e desaparecimentos forçados, entendidos na jusrisprudência da Corte Interamericana como crimes de lesa-humanidade, TAMBÉM TEM DE SER cumprida pelo Estado".
Defendem:
  • "o respeito aos tratados internacionais presentes em nosso ordenamento jurídico";
  • a revisão da decisão do STF que validou a anistia autoconcedida pelos carrascos;
  • a alteração da Lei de Anistia, com a aprovação do projeto de lei da deputada Luiza Erundina que lhe dá nova interpretação; e
  • o "fim do sigilo eterno".
Segundo eles, "é impensável para os defensores de direitos humanos que o Governo de nossa presidenta Dilma Rousseff insista em remar contra a corrente da evolução dos direitos humanos e da luta contra os crimes de lesa-humanidade no continente e procure esconder embaixo do tapete a impunidade que tanto tem prejudicado nosso país!".

O site Megafone, com foco na cidadania e no jornalismo participativo, vai lançar nesta 2ª feira (20/06), em Foz do Iguaçu (PR), o Nosso Tempo Digital. O projeto consiste na digitalização do acervo do jornal Nosso Tempo, publicação dos arquivos na internet e montagem de exposição.

Lançado em 3 de dezembro de 1980, com uma corajosa capa denunciando a tortura em órgãos de segurança da cidade, o semanário paranaense Nosso Tempo se tornou um marco da resistência jornalística à ditadura militar, com alcance nacional.

Faziam parte da equipe de editores e redatores do periódico os jornalistas Aluízio Palmar, Adelino de Sousa e Juvêncio Mazarollo.

5 comentários:

Mardson Machado disse...

Olá!
Parabéns pelo seu blog! Muito bom.
Gostaria de aproveitar a visita para divulgar o meu blog. Trata-se do contra-afronta.blogspot.com, onde temas como política, cultura, comportamento e cotidiano são abordados, tendo como foco principal os problemas da cidade de Salvador.
Estou aguardando a sua visita.
Abraço!

Fernando disse...

PROJETO DE LEI Nº 219-C DE 2003
Regula o acesso a informações previsto
no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso
II do § 3º do art. 37 e no § 2º do
art. 216 da Constituição Federal; altera
a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5
de maio de 2005, e dispositivos da Lei
nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e
dá outras providências.

(...)

Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação
necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos
fundamentais
.
Parágrafo único. As informações ou documentos que
versem sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos
praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades
públicas não poderão ser objeto de restrição de acesso.

Anônimo disse...

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I have a web site about
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Professor Eduardo Lima disse...

Eu li sobre ele no livro do Sirkis. Um grande homem, grande guerreiro! Em breve farei um post para lembrar dele e também de suas façanhas. O juventude brasileira precisa conhecer este herói.

Hilda borges disse...

Curioso que a capa que o Pasquim publicou no final da déc. De 70 com o rosto do Bacuri dilacerado sumiu, não encontro mais em arquivos!

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