Bem na linha do que escrevi ontem ("E dá-lhe mais repressão, mais tropas de elite! A fascistização da sociedade vai avançando imperceptivelmente, naturalmente"), a coluna deste sábado (27) de Fernando de Barros e Silva é daquelas que lavam a alma de quem ainda não se deixou mesmerizar pela repulsiva cobertura midiática dos acontecimentos do Rio de Janeiro.
Reproduzo na íntegra e subscrevo cada palavra:
Reproduzo na íntegra e subscrevo cada palavra:
TROPA DA MÍDIA
"Há um triunfalismo exorbitante na cobertura jornalística dos acontecimentos gravíssimos no Rio de Janeiro. Na sua primeira página de ontem, o jornal 'O Globo' estampou, em letras garrafais: 'O Dia D da guerra ao tráfico'.
A comparação, ou 'semelhança simbólica', entre a ocupação da Vila Cruzeiro, anteontem, e o desembarque das tropas aliadas na Normandia, impondo a derrota aos nazistas, é um despropósito, um disparate histórico, além de factual.
Vale lembrar: no dia 21 de abril de 2008, o Bope pendurou na parte mais alta da mesma Vila Cruzeiro a sua bandeira preta com a caveira no centro. A tropa de elite da polícia comemorava uma semana de ocupação na favela. Falava-se então na apreensão de 'três mil sacolés de cocaína e 480 pedras de crack'. Já vimos, pois, esse filme antes.
O que aconteceu desde então? As coisas agora são diferentes? Parece que sim. A começar pelo emprego de armamentos de guerra e de efetivos das Forças Armadas no cerco ao tráfico. Os bandidos também mudaram de patamar: passaram a patrocinar ações típicas da guerrilha e do terrorismo pela cidade.
Até prova em contrário, esses parecem ser sintomas do agravamento de um problema, e não da sua solução. Curiosamente, o secretário de Segurança do Rio mostra ter mais noção disso do que a mídia.
Por toda parte - TVs, jornais, internet -, há uma tendência compulsiva para transformar a realidade em enredo de 'Tropa de Elite 3', o filme do acerto de contas final. A dramatização meio oficialista e meio ficcional do conflito parece se beneficiar de uma fúria coletiva e sem ressalvas dirigida aos morros, como quem diz: sobe, invade, explode, arregaça, extermina!
É quase possível ouvir no ar o lamento pela ausência de traficantes metralhados diante das câmeras. Até o momento em que escrevo, foram incendiados 99 veículos e mortas 44 pessoas. Quantas eram marginais? Quantas eram só pobres-diabos? E que diferença isso faz?"
Um comentário:
"no dia 21 de abril de 2008, o Bope pendurou na parte mais alta da mesma Vila Cruzeiro a sua bandeira preta com a caveira no centro."
É Fernando, já se vão mais de 2 anos, e agora foi o hasteamento da Bandeira do Brasil e do Rio de Janeiro! Quanta "diferença", pois a sensação que sentí, foi de que, não era território brasileiro, e precisava desta ação para confirmar que estávamos no Brasil, mais precisamente na autrora cidade maravilhosa, e que alguns agora tão bem classifica como, cidade pavorosa!
Sobre este circo midiático que vc tão bem coloca, eu tb já havia dito isto em um de meus comentários postados no OI, e para confirmar, apenas cito que, a imprensa ao transformar esta tragédia, o da bandidagem ligada ao tráfico, em espetáculo, nada mais faz que, se transformar em co-autora desta mesma bandidagem!
Ao invés de analisar em profundidade as causas do trafico e suas ligações com os "grandões" do Judiciário, Legislativo e Executivo em vários países, inclusive Brasil, e seus comparsas como as milícias, ficam com este sensacionalismo/emocional, barato e hipócrita, que sabemos muito bem onde vai dar!
Daquí há pouco, estará tudo esquecido, pois o Pib de muitos países não suportariam viver sem a lavagem de dinheiro proporcionada pelas drogas!
O resto é somente, HIPOCRISIA!
Quem viver verá!
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