domingo, 17 de outubro de 2010

A NOSSA MORAL E A DELES

Não há dúvida de que a iniciativa de transformar a campanha eleitoral de 2010 na pior guerra de lama de todos os tempos foi da rede virtual neofascista, que desde o início lançou as acusações mais infames e falaciosas contra Dilma Rousseff.

No entanto, a que aspira essa gente, afinal?

Apenas a impedir que haja justiça social e liberdade plena.

Não tem ideário positivo nenhum a propor. São, tão somente, os obstáculos à mudança, os defensores empedernidos de um status quo execrável.

Reacionários: reagem, não agem. Passam a vida atrapalhando quem tenta oferecer algo melhor para a humanidade.

Que eles levem a campanha para o fundo do poço faz sentido: o que querem é conquistar o poder supremo... do inferno.

Nós, não. Jamais!

Nosso real papel não é o de ganharmos eleições, mas sim o de, por eleições e outros meios, conduzirmos os seres humanos para um estágio superior de civilização.

Então, nosso exemplo conta -- e muito.

Eles dispõem de muito mais recursos materiais do que nós. Mas, o que nós temos, eles não possuem: credibilidade. Lutamos por fins nobres, abraçamos causas justas.

É disto que jamais podemos abrir mão.

Durante a ditadura militar, era ponto pacífico entre nós, os que resistíamos à tirania e sabíamos muito bem que, nas garras dos inimigos, só nos esperavam as piores torturas e a morte: nunca torturaríamos os agentes da repressão.

O que eles faziam conosco, nós não podíamos fazer com eles, sob pena de nos igualarmos a bestas-feras.

Nem mesmo para vingar companheiros como Eduardo Leite e Devanir de Carvalho, que sofreram tormentos inenarráveis como prisioneiros de Sérgio Fleury, nós daríamos o mesmo tratamento a tal delegado, caso ele caísse em nossas mãos.

Então, companheiros, mesmo tendo sido a campanha de José Serra que magnificou a importância do aborto e provocou essa discussão rasteira e demagógica de um assunto sério, ainda assim é indigno de nós o aproveitamento de um drama familiar como tema de campanha.

Quem o fizer, estará se colocando no mesmo patamar moral de Fernando Collor.

Que a corja direitista não hesitasse em trombetear para o Brasil inteiro que uma moça era não só bastarda como indesejada (já que o pai teria tentado convencer a mão a fazer um aborto) expressava fielmente a falta de escrúpulos e de humanidade dos servos do capital.

Já nós, nem mesmo para ganhar eleições, podemos dar quilometragem ao que a mulher de José Serra teria contado a suas alunas, num triste desabafo -- e que estas jamais deveriam tornar público, da mesma forma que a imprensa jamais deveria ter noticiado tal inconfidência.

Uma frase que ouvi numa peça teatral aos 16 anos e adotei como referência moral para a minha vida inteira: "há um mínimo de dignidade que não podemos negociar, nem mesmo em troca da liberdade, nem mesmo em troca do sol".

5 comentários:

Luiza disse...

Irretocável!

Anônimo disse...

Se a guerra é suja que nós não fiquemos parados , tem que usar a mesma arma.
Quem gosta de tomar tapa na cara é idiota essa historinha de dar a outra face foi inventada pela igreja para que as pessoas se conformem de ser massacrada pelos poderosos.
Uma coisa o Collor falou certo , bateu , levou.
Com cafagestes não se brinca.

celsolungaretti disse...

O comentário anônimo me fez lembrar um valor muito caro aos japoneses: o dever.

Para quem acredita nele, o dever obriga a proceder de forma coerente em quaisquer situações, inclusive arcando com prejuízos, danos e riscos pessoais.

Quem não tem a noção do dever, age como quiser.

Anônimo disse...

Pela sua lógica os arquivos do DOI CODI não devem ser abertos.
Tudo deve ser perdoado.

celsolungaretti disse...

Não, pela minha lógica os torturadores deveriam ter ter sido investigados, processados e punidos no momento da redemocratização (1985).

Mas, ainda pela minha lógica, os torturadores não seriam torturados para confessar que torturaram...

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