Coerente com minha convicção de que presidente da República, no capitalismo globalizado, só decide o acessório e não tem poder para mudar o fundamental -- a política econômica que sustenta e reproduz o capitalismo --, não perderei tempo esmiuçando o debate eleitoral da Band.
Basta dizer que os atores principais só nos deram mais da mesma poeira colorida dos marqueteiros e o único destaque foi o coadjuvante que defende ideais e é fiel a seus princípios em quaisquer circunstâncias, portanto jamais será eleito para o papel de gerente dos interesses dominantes no Brasil.
Mas, para quem tem ainda alguma ilusão sobre a importância de eleições depois que a perpetuação do capitalismo putrefato virou uma espécie de cláusula pétrea para os governos (e, portanto, a libertação dos homens passou a depender de suas iniciativas fora do sistema e contra o sistema), nada melhor do que o extraordinário artigo Presente fictício, futuro estático, de Claudio Weber Abramo, cada vez mais parecido com o pai.
Para os que sabem quem foi Claudio Abramo, este é o mais rasgado elogio que eu lhe poderia fazer.
Eis os principais trechos:
"Qual é o presente que os candidatos 'mainstream' à Presidência da República e aos governos estaduais têm em mente?
"Seja porque acreditem, seja porque tenham receio de exprimir claramente o que pensam, para esses candidatos o Brasil seria mesmo aquele país pujante e cheio de gente otimista dos reclames publicitários oficiais e das grandes empresas. (...) O que espanta é a inexistência de vozes discordantes.
"Enquanto os candidatos jogam o jogo do contente, o país real convive com um poder Legislativo irrelevante, com partidos com escassa ou nenhuma representatividade política, com um poder Judiciário incapaz de proporcionar justiça, com agências reguladoras capturadas pelos interesses que deveriam vigiar, com um funcionalismo público que, com raras e notáveis exceções, varia de incompetente a aproveitador, com um setor privado avesso ao risco e à inventividade, com uma academia improdutiva... a lista das disfuncionalidades brasileiras é inesgotável.
"No entanto, nenhuma dessas e outras ineficiências, incompetências e picaretagens aparece nas plataformas dos candidatos com alguma chance de sucesso eleitoral. Para eles, o presente está ótimo e nada há a mudar em relação ao futuro.
"Na prática, portanto, e independentemente das siglas partidárias sob as quais se apresentam ou de seus eventuais apoiadores, os candidatos são todos reacionariamente situacionistas.
"O que, ao fim e ao cabo, é natural e esperado. Num país que vive de ilusões, eleições representam apenas mais uma vertente ficcional. De modo que tanto faz quem venha a ser eleito. Mudarão apenas os personagens, os grupos beneficiados por privilégios e os aventureiros entre os quais o Estado será repartido".
Enquanto Plínio de Arruda Sampaio esgrimia seu luminoso punhal de
coerência ímpar e finas ironias, as pessoas da sala de jantar
se ocupavam em repetir blablablá de marqueteiros...
5 comentários:
excelente artigo Celso
Que negócio é esse de que o seu site pode prejudicar o meu computador? Não querem que o leiamos.
Não tenho a mínima idéia, Rildo.
Cá do meu lado, não está aparecendo nada diferente.
Pois cá do meu, meu caro, é só linkar no seu sitio que me aparece uma mensagem dizendo que o seu site pode prejudicar o meu computador. Vou capturar imagem para lhe enviar.
Companheiro,
minha mulher acessou o blogue pelo laptop e também não apareceu aviso.
Uma possibilidade é que seja alguma manobra do Blogger contra o YouTube.
No Orkut, p. ex., quando encaixei vídeos do YouTube nos meus textos, fui punido com um dia de geladeira, sem poder postar nada.
Talvez o Blogger esteja também desestimulando a inserção de vídeos.
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