sábado, 3 de julho de 2010

BRASIL NÃO PODE SER "UMA POBRE SUCURSAL DO FUTEBOL EUROPEU"

Já tivemos o rei e a alegria
do povo
. Ontem não
tínhamos nada.


Quando tantos se deixavam levar pelo ufanismo patrioteiro, a ponto de colocarem nas nuvens um personagem autoritário e tosco, eu ia contra a corrente, apontando as falhas que conduziriam a Seleção Brasileira ao fiasco de ontem.

Agora, a maioria dos comentários bate nas mesmíssimas teclas.

Foi a crônica da derrota anunciada, sem dúvida. Só que há muito mais gente descobrindo isto agora do que antes de ela ocorrer...

Da enxurrada de textos que circulam na web e nos grandes jornais, destacarei o do colunista de O Estado de S. Paulo, Luiz Zanin: Hora de repensar tudo e voltar às origens.

Porque complementa às mil maravilhas o que escrevi ontem, ainda com a cabeça quente de quem detesta derrotas que poderiam ter sido facilmente evitadas.

Apontei uma condição sine qua non para não corrermos risco de idêntico vexame no Mundial de 2014, que terá lugar aqui: expelirmos finalmente e de uma vez por todas o pior cartola do país que concentra os piores cartolas do planeta, Ricardo Teixeira.

Zanin acrescenta outra, que está, aliás, implícita em todos os meus textos sobre o Brasil na Copa. Mas, é melhor que fique bem explícita: voltarmos a jogar como sempre jogamos, e não como jogam os europeus para compensarem a imensa inferioridade técnica de seus jogadores em relação aos nossos.

Eis os trechos principais do artigo de Zanin:
"O que causa mais pasmo é o fato de o Brasil ter desmoronado quando tomou o gol de empate. Desorganizou-se por completo diante dessa Holanda, que não é nada brilhante como a de 1974 ou a de 1978. Faltou alguém para colocar a bola no chão e tentar reeditar o belo primeiro tempo que o Brasil havia feito.

"Esse fator psicológico é fundamental. Em 1958, na decisão contra a Suécia, o Brasil tomou o gol logo de início. Didi pegou a bola no fundo do gol, caminhou com ela na mão até o meio de campo, acalmando os outros jogadores. Deu a saída e logo o Brasil empatava e abria caminho para a vitória e para a sua primeira Copa do Mundo.

"Não existe um Didi neste seleção que fracassou. Parecia tão sólida e não aguentou o tranco. Para usar uma metáfora do pugilismo, é como um daqueles gigantes com queixo de vidro, que não aguentam um único soco.

"Fosse outra a sua têmpera, teria assimilado o gol de empate, nascido de uma falha, e voltado a praticar o jogo que lhe dera a vitória no primeiro tempo. Como uma criança mimada, que não tolera ver seus desejos frustrados, entrou em parafuso.

"Dunga segurou um projeto duvidoso por causa dos resultados que obteve até hoje. Agora, que perdeu, esse projeto tornou-se indefensável e anacrônico. Tem de ser repensado em sua filosofia de base, isto é, a tentativa de fazer do futebol brasileiro uma pobre sucursal do futebol europeu. Hora de voltar às origens, talvez. Não pode ficar pior do que está".

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