sábado, 3 de julho de 2010

PREVALECEU A EFICIÊNCIA ALEMÃ

Os 4x0 da Alemanha sobre a Argentina foram como que uma vitória póstuma de Dunga e seu futebol pragmático/calculista -- com a ressalva de que ele nunca vingou na América do Sul, só funcionando bem na Europa.

Ao contrário da defesa brasileira, que era cantada em prosa e verso como inexpugnável, a germânica efetivamente (quase) o é. Não ofereceu uma chance nítida de gol sequer a alguns dos melhores atacantes do planeta.


Mas, excelência defensiva e um tento achado numa falha clamorosa dos nuestros hermanos (coletiva, de marcação; e individual, do goleiro) foram só o que os alemães mostraram no 1º tempo.

No 2º, quando os argentinos já desanimavam de tanto rondarem a área alemã sem nunca acertar o último passe e/ou o arremate, os germânicos acharam também o segundo gol, em bola que um jogador caído conseguiu tocar para o companheiro, surpreendendo os zagueiros desatentos.

Aí, jogo decidido, puderam desencadear seus contra-ataques de extrema objetividade e até fazer sua única jogada individual marcante da partida inteira, a do terceiro gol.

Se computadores programassem robôs para jogarem futebol com total eficiência, o resultado não ficaria muito distante do que apresentaram os alemães hoje: pareceram mortos durante mais da metade da partida, depois deram três botes mortíferos e saíram com uma goleada.

Aviso aos navegantes: os alemães jogam assim porque são assim. É um povo de abelhas, sempre prontas a interagirem com outras abelhas formando conjuntos com uma sinergia e uma objetividade tão implacáveis que beiram a desumanidade.

Foi o que mostraram nos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial: a máquina bélica perfeita, que conquistou meio mundo até ser detida pelos soviéticos.

Têm tudo para vencerem este Mundial.

E devem ser desde já encarados como um dos nossos maiores desafios para 2014.

Teremos de nos prevenir contra suas jogadas ensaiadas, além de aprender a superar sua defesa fechadíssima e a anular seus contra-ataques de precisão cirúrgica.

Não imitando-os, pois não saberemos fazê-lo -- é o que se depreende da derrota contra a bem menos temível Holanda.

Mas, encontrando a resposta na nossa própria escola futebolística. Há que vencê-los como somos, não como eles são.

De resto, a Copa ficou mais triste hoje, como sempre acontece quando as formigas vencem as cigarras. O xadrez tem lá sua beleza, mas é o balé que enche nossos olhos.

3 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Ô Lungaretti,
Que é isso, meu amigo?
A atual seleção da Alemanha é um verdadeiro pesadelo para os adversários: conjuga a velha disciplina tática germânica com a mais talentosa geração de jogadores que o país já viu, pelo menos desde 1974. O garoto Müller é um craque. E o Ozil joga muito.
O meio de campo nada tem de previsível. É rápido, criativo, inteligente. E como os caras jogam bonito: ou vai me dizer que a jogada do Schweinsteiger no terceiro gol não foi mágica.
Prá quem gosta de futebol, é muito bom ver três seleções européias abandonando a postura eminentemente tético-defensiva e partindo pro ataque. Robben, David Villa, Iniesta, Ozil e outros grandes jogadores farão das semi-finais um esdpetáculo maravilhoso, sem abrir mão do talento e da imprevisibilidade. Como deve ser um bom jogo de futebol.
Abraços.

celsolungaretti disse...

Eu diria que são 98% da disciplina prussiana, mais 2% de talento. Na minha opinião, um pesadelo.

É claro que sempre preferirei os hermanos que sobraram, os uruguaios. Aprendi com meu pai a encarar a Copa do Mundo como uma disputa entre a rica Europa e a pobre América.

Detestaria que os europeus voltassem a colocar vantagem sobre nós, o que não acontece há mais de meio século.

Muito menos através dessa Alemanha que eu não consigo ver sem me lembrar de eficiência militar nazista.

Na semifinal, serei Espanha desde criancinha.

Abs.

Roberto SP disse...

Espanha? Que suou sangue para ganhar de Honduras e Paraguai?

Milagres acontecem, e numa dessas os alemães entram desatentos, mas acho difícil.

A grande verdade é que sempre se pode torcer os fatos para caberem nas nossas teorias.

Passei um mês vendo os analistas tecerem lôas infinitas à arte da seleção Argentina, enquanto minimizavam as vitórias brasileiras.

Parece que fracos eram só os adversários do Brasil, esquecendo-se que a Argentina também enfrentou um grupo até mais fácil do que o Brasil.

Pois bem, no mesmo fim de semana saíram tanto a "arte" argentina, quanto a propalada "tosquice" dunguiana.

Mas para cada eliminação se dá o enfoque que mais interessa.

E assim caminha a humanidade...

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