sábado, 22 de maio de 2010

DILMA AOS INVESTIDORES ESTRANGEIROS: NADA MUDA NA ECONOMIA

"A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse a investidores estrangeiros, em Nova York, que um possível governo seu representará a continuidade das políticas econômicas implantadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Entre as principais questões estava a manutenção da autonomia do Banco Central, o que Dilma procurou dar garantias de que vai manter.
"'Minha afirmação a eles [investidores] é que o Brasil vai continuar crescendo com inclusão social, mobilidade social ascendente e, ao mesmo tempo, manterá a estabilidade econômica perseguindo o controle da inflação', disse ela.

"(...) 'Você tem lá [no Brasil] dois candidatos muito fortes concorrendo à Presidência, porque José Serra também é muito experiente', completou [William Rhodes, conselheiro sênior do Citigroup].

"Tom Glocer, principal executivo da Thomson Reuters, disse que, 'do ponto de vista internacional, a maior parte dos seguidores do assunto acha que as políticas vão continuar sob qualquer um dos candidatos'".
Trocando em miúdos, seja com Dilma, seja com Serra, a política econômica que atende aos interesses do capitalismo globalizado será mantida, para tranquilidade dos investidores estrangeiros, dos banqueiros e do grande empresariado em geral.

Então, para quem é contrário à ortodoxia neoliberal na economia, só restará votar em algum dos candidatos da esquerda coerente, portanto minoritária e sem chances reais de vitória, no 1º turno.

E ficar com Dilma no 2º turno, apenas e tão somente por ser bem menos ruim do que Serra quanto às políticas sociais e de direitos humanos.

Mas, se for, como eu, alguém formado na escola marxista, o fará com aquele gosto amargo na boca: afinal, nossos velhos profetas sempre sustentaram que os governos se diferenciam mesmo é por suas políticas econômicas.

Melancolicamente, constatamos que nem Dilma, nem Marina e muito menos Serra se dispõem a confrontar o capitalismo putrefato, que hoje nada mais tem a oferecer à humanidade do que a competição insana e a exclusão, o desperdício e a destruição, as recessões inúteis e o aquecimento global.

E que, ainda desta vez, teremos de abrir mão do bem maior, oPTando pelo mal menor.


Recado musical para os companheiros que "caíram na real" e não
tentam mais sacudir o mundo:
basta ser sincero e desejar profundo!

3 comentários:

Ricardo disse...

Concordo plenamente. As duas candidaturas que carregam favoritismo são representantes do grande capital. O governo Lula não representou o rompimento com a globalização e com o neoliberalismo - versão radicalizada do velho capitalismo. O sucesso do governo petista pode ser explicado inclusive pelos lucros estrondosos que o mercado financeiro e as grandes corporações tiveram durante esses oito anos. Nossa desigualdade social continua flagrante e a distibuição fundiária brasileira permanece inalterada desde a colonização. Lula se assemelha a Getúlio no sentido de ser "pai dos pobres e mãe dos ricos". Mas ainda não tenho dúvidas que é mesnmo um mal menor em comparação ao PSDB, o qual costumo chamar de "mão dos ricos e pau nos pobres".

Unknown disse...

Talvez esteja na hora de parar de ouvir "velhos profetas" e olhar à sua volta. Só não vê a transformação social que Lula promoveu quem não quer. Achar que o não-cumprimento de dogmas marxistas o torna "menos ruim" do que os peessedebistas é fingir não ver que ele atendeu em medida surpreendente a histórica bandeira da esquerda de combate à miséria e ascensão social dos pobres.

celsolungaretti disse...

Meu caro Maurício,

a bandeira da esquerda à qual pertenço é a revolução internacional anticapitalista.

Há também esquerda nacionalista, esquerda reformista, esquerda religiosa, o espectro é amplo. Cada um escolhe a sua.

Combate à miséria e ascensão social dos pobres são metas que podem ser alcançadas dentro do capitalismo.

No Canadá e na Austrália, p. ex., não há miséria nem pobres paupérrimos como os nossos. Mas, não foi para tornar o Brasil um Canadá ou uma Austrália que eu ingressei nas lutas políticas e sociais.

E, francamente, essa imagem da Dilma dizendo o que os investidores estrangeiros queriam ouvir é bem diferente da lembrança que guardo dela, do Congresso de Teresópolis da VAR-Palmares. Prefiro a Dilma antiga. Questão de gosto.

Assim como continuo considerando o Manifesto Comunista de 1948 válido na maioria de suas proposições.

Nos dias de hoje, Edouard Bernstein tem mais seguidores (embora a maioria nem saiba que o é).

Eu prefiro os profetas que adotei no início da minha trajetória: Marx, Engels, Proudhon, Trotsky e que tais. Questão de gosto, novamente. E, por que não dizer, de coerência.

Abs.

Related Posts with Thumbnails