Este é o esclarecimento que o escritor e perseguido político italiano pediu fosse transmitido a todos que o apóiam e à opinião pública em geral, durante visita que lhe fizemos hoje (10), no Centro Penitenciário da Papuda: a ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenelle; o representante da Anistia Internacional dos EUA, Carlos Lungarzo; e eu, dentre outros.
Battisti explicou que a proximidade de uma decisão do Supremo Tribunal Federal acerca do pedido de extradição apresentado pela Itália fez aumentar muito sua tensão, daí não estar conseguindo alimentar-se nem dormir convenientemente -- tanto que já emagreceu cerca de cinco quilos.
"Mas, não se trata de greve de fome, pois esta é um recurso que idealistas, perseguidos e injustiçados só utilizam em circunstâncias extremas. E eu acredito que o STF tomará a decisão justa", explicou Battisti.
A interminável perseguição contra ele movida pela Itália em dois continentes, por crimes que não cometeu e em função de uma sentença lavrada sem que lhe fosse assegurado o direito de defesa, tem provocado sucessivas crises de depressão em Battisti, agravadas a partir de sua não libertação quando o governo brasileiro lhe concedeu refúgio, em janeiro.
O fato de não haver sido obedecida, unicamente no seu caso, a Lei do Refúgio e a jurisprudência firmada em diversos casos idênticos (nos quais o STF sempre arquivou o pedido de extradição a partir da decisão do ministro da Justiça), reavivou um trauma de Battisti: o de ter sido subitamente privado da proteção que a França garantira aos asilados da utraesquerda italiana, por compromisso solene do presidente Mitterrand.
Battisti chegou a temer uma repetição dessa estranha reviravolta, sob exacerbadas pressões e ameaças italianas.
Atualmente, entretanto, sua avaliação é de o Brasil não se prestará ao papel de ponta de lança numa escalada reacionária que visa, em última análise, reduzir drasticamente a abrangência dos institutos de asilo político e refúgio humanitário, em escala internacional.
"Estou confiante de que a tentativa de solapar a proteção dos direitos de perseguidos políticos será abortada no Brasil. E cumprirei até o fim o papel que me cabe nessa luta, que é muito maior do que a definição do meu destino individual", concluiu Cesare.
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