sábado, 20 de junho de 2009

AIATOLÁ AMEAÇA DESENCADEAR BANHO DE SANGUE NO IRÃ

Para me poupar de intermináveis e chatíssimas discussões com cidadãos que pensam estar se comportando como revolucionários ao defenderem tiranetes atrabiliários e dinastias feudais, não dei o nome aos bois no meu artigo de ontem, embora fosse facílimo de se perceber a quem eu me referia quando lembrei que Marx, inimigo implacável do capitalismo, sempre defendeu as revoluções burguesas quando se tratava de acabar com o feudalismo.

O velho barbudo via a trajetória da humanidade como uma marcha para o progresso, não admitindo que, para combaterem o inimigo atual, seus discípulos apoiassem a brutalidade passada, o obscurantismo e as trevas cujo único lugar apropriado era -- e é -- a lata de lixo da História.

Mas, agora essa figura grotesca que é o aiatolá supremo do Irã ameaça desencadear um banho de sangue contra os que denunciam fraude eleitoral. Em nações que vivem plenamente o século XXI, essa questão se resolve de maneira simplérrima, com uma transparente recontagem dos votos. Ninguém precisa morrer por tão pouco.

Então, a coisa agora mudou de figura, pois não posso compactuar, e nunca compactuarei, com massacres e genocídios.

Afirmo, portanto, com todas as letras que a causa da verdadeira esquerda é a causa da civilização, com a qual nada tem a ver um ultraconservador como o presidente Mahmoud Ahmadinejad; e que seu antagonismo a Israel não é razão suficiente para impor-se ao povo iraniano a continuidade do intolerante e retrógrado regime dos aiatolás.

Disse e repito: só a união dos povos da região permitirá que tenham êxito no enfrentamento a Israel. E essa união jamais se dará sob o primado de mandatários feudais que priorizam sua permanência no poder e temem que, armando o povo para o combate a Israel, as armas acabem se voltando contra eles.

Então, aquilo de que o Irã mais carece é livrar-se dos aiatolás ensandecidos e dos presidentes ultraconservadores. O acerto de contas com Israel vem depois.

3 comentários:

Anônimo disse...

Celso,

O problema é o absolutismo moral/político que assola essas discussões, do gênero 'você considerou o ponto de visto do fulano, então está do lado dele', presente até mesmo nos meios acadêmicos 'sérios'. A guerra fria insiste em não morrer.

Sinto que mal posso formar uma opinião 'sólida' sobre o resultado controverso das eleições iranianas, visto que as informações que chegam são contraditórias, dependendo da fonte - há interesses em jogo (como sempre).

Mas parece que haverá recontagem de votos, sabe-se lá se serão transparentes ou não.

Só espero que esse episódio não se converta em mais uma 'guerra de libertação' no oriente médio.

Abraços,

Luis Henrique

celsolungaretti disse...

Luís Henrique,

infelizmente essa confusão é decorrente também da desorientação da esquerda.

É inadmissível que pessoas se digam seguidoras de Marx e saiam por aí defendendo esse regime dos aiatolás, sequestradores seriais e outras aberrações.

Ao tomar partido por tais figuras, embaralham a consciência dos novos discípulos e tornam nossa causa repulsiva para muitos cidadãos isentos.

Esse equívoco tem sérias consequências. Se os fundamentalistas massacrarem os iranianos que protestam, irão negar; se os aiatolás forem escorraçados, irão dizer que foi uma conspiração da CIA. E por aí vai.

Então, optei por defender sempre alguns princípios, independentemente das ideologias envolvidas em cada episódio.

Seja quem for que pratique massacres, eu sempre protestarei.

Defendo o direito de resistência à tirania em qualquer circunstância.

Defendo sempre o respeito aos direitos humanos em sua plenitude. E cobro isso mais ainda dos revolucionários, pois, quando incorrem em práticas totalitárias, estão traindo nossa herança comum, de combatentes pelo progresso da humanidade e pela plenitude da civilização.

É claro que há um preço a pagar por cada um desses posicionamentos. É claro que muitas portas se abririam para mim se eu colocasse as conveniências à frente dos princípios.

Mas, foi a sobrevivência moral que me trouxe até aqui. E eu prefiro continuar enfrentando todo tipo de dificuldades, mas tendo a certeza de estar sendo fiel às minhas crenças e aos meus valores. É daí que tiro forças para continuar lutando.

Um forte abraço!

Celso

Anônimo disse...

Só de uma coisa você não abre mão: da destruição de Israel, não é mesmo?
Você não tem vergonha de se alinhar com esses ditadores do OM e vir falar em conduta moral? Qual a ética que você enxerga nas ditaduras do OM? Isso é só o velho antissemitismo que agora chamam de antissionismo e que, na verdade, não existe. Todo judeu reza voltado à Jerusalem, assim como muçulmanos se voltam à Meca. Demonizar o sionismo é para cabeças de fanáticos aos quais você se alinha.

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