Tarso Genro ainda não entendeu as especificações do seu cargo. Deveria ler a bula.
Quando da deportação de dois pugilistas cubanos, para serem tratados como párias em sua terra natal, ele se vergou à voz do dono: Lula queria fazer um agrado a Fidel Castro e isto bastava.
Élio Gaspari acaba de acusá-lo de haver amarelado no episódio, com razão. Agiu mais como contínuo do Planalto do que como ministro da Justiça.
Depois, veio a malfadada e felizmente esvaziada Operação Santiagraha, um show de truculência e arbitrariedades. Genro assumiu alegremente o papel de advogado da Polícia, encontrando argumentos para justificar até a tentativa de burla de uma decisão do STF.
Só recuou de sua posição indefensável ao levar um puxão de orelhas de Lula, que lhe impôs a reconciliação pública com Gilmar Mendes. E dá-lhe sorrisos amarelos...
Percebendo que seu viés policialesco o deixara mal com os defensores dos direitos humanos, tentou dar a volta por cima com a audiência pública sobre a punição dos responsáveis pelas atrocidades que a ditadura de 1964/85 cometeu.
Só que não se certificou previamente de que poderia entregar o produto anunciado. Lula, como sempre, preferiu botar panos quentes, pois sua prioridade máxima é não indispor-se com os militares. E Genro teve de repassar o abacaxi para o Judiciário descascar, já que o Executivo lavou as mãos.
Antes, havia dúvida sobre qual a orientação do Planalto nesse assunto. Graças a Genro, agora existe a certeza de que, enquanto durar o Governo Lula, os antigos torturadores/matadores nada têm a temer do Governo Federal. Brilhante...
Por último, voltou ontem a defender o uso de algemas por parte da Polícia Federal, que gosta de transformar a prisão de suspeitos em grande espetáculo televisivo: convoca os Trallis da vida e exibe triunfalmente suas presas, punindo-as com a degradação antes de serem condenadas seja lá pelo que for. Só falta cortar suas cabeças, empalhá-las e pendurá-las na parede da sua sede.
Anda certíssimo o STF ao coibir essa exibição gratuita e desnecessária de força. E tem de fazer valer sua decisão, contra a indisfarçada rebelião da PF, que ousa contrapor seu Manual de Instruções a uma determinação da mais alta corte do País.
Sou do tempo em que os juízes concediam habeas-corpus e a Polícia ficava escondendo os acusados, que eram levados de delegacia em delegacia para que o oficial de Justiça nunca conseguisse notificar a "otoridade" que os mantinha presos.
A Polícia Federal, com as bençãos de Genro, quer nos levar de volta a esse passado tenebroso, em que delegados mandavam mais do que juízes.
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