Desde o século 18, quando o capitalismo começou a impor-se como modo de relação social dominante e ascendente, surgiram muitos estudiosos da nova ciência social emergente – a economia.
Economistas burgueses ou pensadores que procuravam justificar a possibilidade de humanização do capitalismo deitaram apologias àquela forma de relação social que modificava relações de produção (principalmente); formas de ocupação territorial (urbanização crescente); natureza do Estado (com o advento da república); e estímulo ao desenvolvimento da ciência.
Mas havia os críticos estudiosos das novas relações sociais baseadas em trocas quantificadas que estabeleciam valores diferenciados para cada produto, agora transformados (na maior parte) em mercadorias e destinadas ao mercado, e que passavam a ditar regras de convívios sociais inusitadas. Coisas inanimadas ganhavam vida e davam ordens comportamentais aos seus criadores, os seres humanos. Assim consolidou-se a chamada reificação social.
A produção de objetos e alimentos de subsistência, antes restrita aos feudos escravagistas, deu então origem à criação dos burgos (de onde deriva a palavra burguesia), engendrando uma nova casta social que, em tudo e por tudo, precisava desvencilhar-se das amarras feudais – nas quais predominava a vontade do soberano, em conluio com o alto clero católico (tido, no mundo ocidental, como berço da moderna civilização burguesa) e a aristocracia rural (senhores feudais proprietários de terras e títulos nobiliárquicos).
O comércio de objetos e alimentos deslanchou nos burgos |
Assim nasceu a república, com seus dísticos de liberdade, igualdade e fraternidade.
Mais não era, contudo, do que a entronização de uma novo modo de escravismo, indireto, no qual a liberdade que havia era a do trabalho abstrato, produtor de valor, no qual o cidadão tinha apenas a possibilidade de escolher livremente a quem vender a sua única mercadoria, a força de trabalho, e de decidir a qual capitalista se subjugaria (desde que não grassasse o desemprego, como ora ocorre).
Mais não era, contudo, do que a entronização de uma novo modo de escravismo, indireto, no qual a liberdade que havia era a do trabalho abstrato, produtor de valor, no qual o cidadão tinha apenas a possibilidade de escolher livremente a quem vender a sua única mercadoria, a força de trabalho, e de decidir a qual capitalista se subjugaria (desde que não grassasse o desemprego, como ora ocorre).
Na contramão das previsões otimistas, crescia a miséria entre os indivíduos sociais livres da servidão antes imposta, mas que passaram a viver sob uma nova servidão, ditada pelas regras do trabalho abstrato que ganhava forma.
Nos estudos, publicações e discussões teóricas se travava o duelo entre economistas burgueses (que incensavam a forma de relação social ascendente) e socialistas de todos os matizes (que a responsabilizavam pela miséria crescente).
Liberdade? Ou um novo modo de escravismo, indireto? |
O poder econômico substituía o poder político, criando uma nova forma de Estado que nada mais era do que uma linha auxiliar sua, sem soberania de vontade.
A ciência ganhava terreno diante da crendice religiosa, com os inventos e o domínio do saber alcançando crescimento extraordinário.
Note-se que, antes dos últimos 150 anos, quase não existiam os modernos inventos tecnológicos e eram poucos os indivíduos sociais letrados.
Se é verdade que o capitalismo desenvolveu a busca pelo saber impulsionado pela ganância burguesa de produzir mercadorias com custos mais baixos e induziu ao surgimento das academias, isto não significa que devamos aceitá-lo como modo de relação social edificante. A guerra também impulsiona o saber, nem por isto deixando de ser abominável.
O capitalismo, em tudo e por tudo, é contraditório, daí estar cavando a própria sepultura, como disse Marx.
Nesse processo de dissecação da natureza da forma de relação social emergente, capitalista, surgiram pensadores que não apenas souberam analisar a sua natureza contraditória e segregacionista, como vaticinar que se tratava de uma forma de relação social fadada ao colapso futuro. neste post
Por Dalton Rosado |
(continua neste post)
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