UM GOVERNO ESTÁ VIVO POR FORA E MORTO POR DENTRO...

...quando já não desperta sequer raiva nos seus críticos, mas tão somente desprezo e zombarias.

A Polícia Federal investiga a possibilidade de que propinas da Odebrecht tenham irrigado a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014.

A presidente tira o corpo fora e diz que é o marqueteiro João Santana quem tem de explicar tudo.

Se ela soubesse latim, decerto diria para o coitado: Mors tua vita mea (é preciso que você morra para que eu viva).

Trocando em miúdos:

• como consequência do esquema de corrupção existente nas altas esferas do poder, uma grande empreiteira teria pagado em dinheiro vivo pelos favorecimentos escusos recebidos do governo Dilma;

• tal cash, de origem criminosa, teria chegado às mãos de João Santana e por ele sido repassado a prestadores de serviços da campanha de Dilma à reeleição;

• na hipótese de tal suspeita confirmar-se, Dilma sustenta que caberia ao Santana tentar explicar o inexplicável, não a ela, a responsável última por qualquer ilegalidade cometida na contratação de empreiteiras durante seu governo e principal beneficiária do uso dado a tal grana de origem ilícita.

Como alguém intelectualmente honesto e minimamente perspicaz poderia engolir tamanha patranha?!

Só serve mesmo para inspirar outros gracejos do tipo "Lula esclareceu não ser pai do Lulinha, pois se trata apenas de um nenê que recebeu de presente do dono da maternidade".

Marx estava certo: a História acontece primeiramente como tragédia, depois se repete como farsa.

A deposição de João Goulart e a ditadura sanguinária que os usurpadores então impuseram  foi uma tragédia.

O defenestramento de Dilma será mera farsa, daí estar tão impregnado de ridicularias e trapalhadas.

Começando pela sua insistência em impingir gato por lebre, ao comparar o quadro atual com 1954 (suicídio de Vargas) e 1964 (quartelada contra Jango), quando até as pedras sabem que o verdadeiro paralelismo é com 1992 (impeachment do Collor).