sexta-feira, 13 de novembro de 2015

HADDAD ADMITE A CORRUPÇÃO NAS ESTATAIS E OS RISCOS DE CONVULSÃO SOCIAL SOB O ARROCHO DO LEVY

É muito difícil alguém arrancar uma afirmação contundente do astuto prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad. Ele é mestre em dourar a pílula e sair pela tangente.

P. ex., na entrevista que a Folha de S. Paulo publica nesta 6ª feira (13), concedida à colunista social Mônica Bergamo, ele respondeu assim à pergunta sobre se o PT deveria assumir que praticou a corrupção:
"Eu estou à frente do executivo da maior cidade do Brasil. A melhor coisa que posso fazer é mostrar que é possível administrar uma cidade desse porte com correção –não só com gestos pessoais mas também com gestos institucionais. 
Nos governos dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, isso foi feito. Os ministérios, e mesmo a administração indireta, sofreram investigação de órgãos que o PT criou ou para os quais deu força e autonomia, como a Controladoria Geral da União, o Ministério Público, a Polícia Federal. Onde erramos? Não criamos a mesma governança no plano das estatais. E isso vai ter que ser feito".
Ou seja, elogios em boca própria à parte, ele sustenta que os governos de Lula e Dilma coibiram a corrupção, mas deixaram que ela grassasse solta nas estatais. Ao contrário dos petistas mais primários e suas primárias teorias da conspiração, Haddad reconhece que o petrolão existiu mesmo e, ao se referir a estatais no plural, admite que a lama tenha ido além dos dutos da Petrobrás. Não ficaria bem um acadêmico da USP negar o óbvio ululante.

Da mesma forma, para quem sabe captar o que realmente importa em meio ao blablablá pra encher linguiça, Haddad admite a inviabilidade da política econômica de Joaquim Levy e a perspectiva de enfrentarmos convulsões sociais no ano que vem. Leiam e constatem (os grifos são meus):
"O governo se colocou dois objetivos: trazer a inflação para o centro da meta e estabilizar a relação dívida/PIB. De um lado, adotou uma política monetária mais austera e, de outro, uma política fiscal austera. A minha percepção é a de que existe uma contradição. O governo não conseguirá promover as duas coisas simultaneamente. A política monetária está corroendo a política fiscal. Talvez essas políticas tenham que ser recalibradas, para a retomada do crescimento. Tem que recalibrar. 
[E, respondendo à indagação da Bergamo, sobre o que ocorrerá se não houver a retomada do crescimento] Talvez você tenha um comprometimento do emprego acima do suportável. Até onde essa política é sustentável do ponto de vista político?"
Evidentemente, poucos articulistas fizeram das palavras de Haddad uma leitura crítica como a minha. A conversa pra boi dormir é destacada e os rasgos de sinceridade minimizados ou omitidos porque a maioria dos articulistas de internet descumprem a missão sagrada da imprensa: revelar aos leitores a verdade por trás das versões oficiais, doa a quem doer. Jornalista, ou é independente, ou não passa de um farsante.

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