sábado, 29 de maio de 2010

GANDHI ACUSOU JUDEUS DE "BRUTALIDADE SEM LIMITES"

Já que meu blogue foi tirado do ar por hacker(s) pouco depois de eu ter postado um texto denunciando Israel, é de Israel que continuarei tratando por mais um dia -- e quantos forem necessários para dissuadir os que tentam silenciar argumentos com sabotagem vil e covarde.

Então, reproduzirei um digno manifesto do Mahatma Gandhi sobre a questão palestina -- com a exclusão de um longo trecho sobre a Alemanha nazista, por estar obviamente datado
.

Mas, se alguém quiser ler o texto na íntegra, poderá fazê-lo aqui.
OS JUDEUS NA
PALESTINA EM 1938

"Recebi muitas cartas solicitando a minha opinião sobre a questão judaico-palestina e sobre a perseguição aos judeus na Alemanha. Não é sem hesitação que ouso expor o meu ponto-de-vista.

"Na Alemanha as minhas simpatias estão todas com os judeus. Eu os conheci intimamente na África do Sul. Alguns deles se tornaram grandes amigos. Através destes amigos aprendi muito sobre as perseguições que sofreram. Eles têm sido os "intocáveis" do cristianismo; há um paralelo entre eles, e os "intocáveis" dos hindus. Sanções religiosas foram invocadas nos dois casos para justificar o tratamento dispensado a eles. Afora as amizades, há a mais universal razão para a minha simpatia pelos judeus. No entanto, a minha simpatia não me cega para a necessidade de Justiça.

"O pedido por um lar nacional para os judeus não me convence.

"Por que eles não fazem, como qualquer outro dos povos do planeta, que vivem no país onde nasceram e fizeram dele o seu lar?

"A Palestina pertence aos palestinos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses.

"É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico.

"O caminho mais nobre seria insistir num tratamento justo para os judeus em qualquer parte do mundo em que eles nascessem ou vivessem. Os judeus nascidos na França são franceses, da mesma forma que os cristãos nascidos na França são franceses.

"Se os judeus não têm um lar senão a Palestina, eles apreciariam a idéia de serem forçados a deixar as outras partes do mundo onde estão assentados? Ou eles querem um lar duplo onde possam ficar à vontade?

"(...) E agora uma palavra aos judeus na Palestina:

"Não tenho dúvidas de que os judeus estão indo pelo caminho errado. A Palestina, na concepção bíblica, não é um tratado geográfico. Ela está em seus corações. Mas se eles devem olhar a Palestina pela geografia como sua pátria mãe, está errado aceitá-la sob a sombra do belicismo britânico. Um ato religioso não pode acontecer com a ajuda da baioneta ou da bomba. Eles poderiam estabelecer-se na Palestina somente pela boa vontade dos palestinos. Eles deveriam procurar convencer o coração palestino. O mesmo Deus que rege o coração árabe, rege o coração judeu. Só assim eles teriam a opinião mundial favorável às suas aspirações religiosas. Há centenas de caminhos para uma solução com os árabes, se descartarem a ajuda da baioneta britânica.

"Como está acontecendo, os judeus são responsáveis e cúmplices com outros países, em arruinar um povo que não fez nada de errado com eles.

"Eu não estou defendendo as reações dos palestinos. Eu desejaria que tivessem escolhido o caminho da não-violência a resistir ao que eles, corretamente, consideraram como invasão de seu país por estrangeiros. Porém, de acordo com os cânones aceitos de certo e errado, nada pode ser dito contra a resistência árabe face aos esmagadores acontecimentos.

"Deixemos os judeus, que clamam serem os escolhidos por Deus, provar o seu título escolhendo o caminho da não-violência para reclamar a sua posição na Terra. Todos os países são o lar deles, incluindo a Palestina, não por agressão mas por culto ao amor.

"Um amigo judeu me mandou um livro chamado A contribuição judaica para a civilização, de Cecil Roth. O livro nos dá uma idéia do que os judeus fizeram para enriquecer a literatura, a arte, a música, o drama, a ciência, a medicina, a agricultura etc., no mundo. Determinada a vontade, os judeus podem se recusar a serem tratados como os párias do Ocidente, de serem desprezados ou tratados com condescendência.

"Eles podiam chamar a atenção e o respeito do mundo por serem a criação escolhida de Deus, em vez de se afundarem naquela brutalidade sem limites [grifo meu]. Eles podiam somar às suas várias contribuições, a contribuição da ação da não-violência". (Mahatma Gandhi)

7 comentários:

José Fernando Tramunt Ibaños disse...

Celso,
acompanho teu blog diariamente e me assustei ontem quando li a mensagem de "excluido". Por estes dias, ao trocar de e-mail ("tapado" de espans), acabei também excluindo meu blog (besteira das grossas!). Podes me dar dicas de como recupera-lo?
Outra coisa: o Lula esta esperando o quê para libertar o Cesare?

celsolungaretti disse...

Companheiro,

fui seguindo as instruções do Blogger. Pensei que não tivesse dado certo, mas, quando tentei logar, o blogue reapareceu.

Com certeza, no meu caso, não foi nada que eu mesmo tenha feito de errado. Estava tudo normal, desliguei o computador, saí e, ao voltar, nove horas depois, o nº de visitantes só tinha subido em 5 pessoas. Deveriam ser umas 150.

No passado, quando a luta do Cesare esquentava, os hackers atacaram denunciando o "Náufrago" como "blogue de spams", mas o Blogger logo verificava que isso era falso.

Também conseguiram sabotar a senha da minha conta, mas eu encontrei o caminho para a revalidar.

E tem um idiota que todo dia posta bobagens no meu outro blogue ("Celso Lungaretti - O Rebate"): sopa de letrinhas, textos em caracteres japoneses, propaganda em inglês. Perde muito mais tempo fazendo isso do que eu recusando.

Abs.

Ralf R só-a-consciência-no-ato-salva! disse...

Obrigado pela publicação deste texto FUNDAMENTAL, Celso. Muito obrigado MESMO, à parte qualquer divergência em um ou outro ponto específico das nossas opiniões.

Quero portanto compartilhar também aqui com você o comentário que deixei há pouco no site que lhe serviu de fonte:

"MUITO obrigado pela publicação em portugês deste documento fundamental que são estes pronunciamentos de Gandhi. Tratarei de reproduzi-los, porém como tenho por princípio mencionar as fontes de tudo o que reproduzo, gostaria de saber - se possível - de quem é a tradução ao português, já que o cabeçalho do texto menciona apenas sua fonte em inglês.

Quero aproveitar a ocasião para dizer que, apesar de compartilhar da maior parte da [sua] indignação, não posso dizer [que] apóio TODAS as suas posições; encontro dificuldades sérias com a segunda parte da sua nota 3 e com a sua nota 6; todos os trechos que envolvem palavras de Jung e a defesa da herança cristã me parecem ser alvo fácil de objeções consistentes, e portanto não me parecem ajudar a causa e sim pô-la ainda mais em risco.

Ainda assim, não posso deixar de compartilhar com você um dado mais que pode servir de reforço às suas posições justamente nesses trechos. Eu não gostaria que fosse assim, porém a importância intrínseca do caso me força a mencioná-lo: pouquíssimos hoje conhecem a obra do filósofo rumeno Stéphane Lupasco. Quem conhece ainda que um pouco, e entende, não tem dúvida que sua obra é uma das maiores realizações da história da Filosofia, e sem sombra de dúvida a conquista mais decisiva para o futuro realizada pelo pensamento humano no século XX. Apesar disso muitos de seus textos permanecem inéditos, e os que foram publicados são hoje raridade bibliográfica. Ao mesmo tempo o Sr Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum, vem fazendo fama e publicando dezenas de obras construídas fundamentalmente com derivações e às vezes diluições, quando não puras cópias, do pensamento de Lupasco, dando-lhe crédito apenas vez por outra, em pontos isolados, quando a totalidade do seu sistema derivou daí.

Confesso que é com tristeza que lhe forneço mais um possível argumento justamente para a parte de sua argumentação que me parece mais questionável - mas a barbaridade que é a absolutamente injustificável supressão a que a figura e a obra de Stéphane Lupasco vêm sendo submetidas me compele a fazê-lo assim mesmo."

Anônimo disse...

O CASO DA PALESTINA É UM AUTÊNTICO CASO DE GRILAGEM INTERNACIONAL DE TERRAS.

Carlos Alberto ;Bento da Silva disse...

Olá Celso, fico feliz que está tudo sob a mais perfeita ordem (sic), refiro-me ao retorno dos teus blogs que, sinceramente, com tua permissão, mas fique "P" da vida. Eu estava acompanhado em alguns fóruns a situação de Floripa na questão do aumento de tarifas e do Movimento Passe Livre, cidade onde residi por mais de 20 anos e, no final, fui visitar os teus blogs como faço diariamente, quando deparei com a tela me dizendo que o blog que eu estava procurando tinha sido excluído e o nome não estaria disponível. Cara foi um assombro sem tamanho. Sei que em outras ocasiões vc já tinha passado por isso, acontece que pra mim foi à primeira vez que vi a olhos vivos como dizem. Bem, minha indignação foi tanta que imediatamente publiquei de uma nota de indignação pela retirada dos teus blogs do ar de maneira criminosa e fascista, afinal, é ali que nós ficamos informados do cotidiano e das crônicas políticas que vc produz diariamente. Abs!

Carlos Alberto ;Bento da Silva disse...

Celso, os judeus se consideram um povo superior com direitos acima de qualquer outro ser humano. sempre quando comentamos algo a respeito disso, imediatamente eles chamam todos de anti-semita. Na verdade este argumento é utilizado como arma psicológica de constrangimento moral a todos que por ventura questionarem as barbaridades praticadas por seu exercito nazi-sionista que age impunimente contra o povo palestino, caracterizando desta forma um crime de lesa-humanidade, em sítese, um genocídio contumaz. Karl Marx já dizia em seus manuscritos sobre a "questão judáica" das intenções maquiavélicas de ocupação territorial em qualquer parte do mundo, podendo ser a Africa do sul, Argentina, mas finalmente escolhida a Palestina. Theodor Herzl está conseguindo este feito in memoriam.

Ralf R só-a-consciência-no-ato-salva! disse...

Fiz uma nova tradução deste texto do original em inglês. Em alguns pontos talvez pareça menos impactante, mas creio que no conjunto ficou mais clara e precisa. Coloquei também algumas notas de contextualização histórica, e link para o site dos arquivos de Gandhi que contém todos os textos dele sobre o assunto.

Está à inteira disposição inicialmente, em http://bit.ly/c6aEet - depois vou colocar também em outros blogs.

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