EXPELIDO PELO EXÉRCITO E CHAMADO DE "MAU MILITAR" POR GEISEL, BOLSONARO SE VINGOU DESMORALIZANDO A FARDA

O laborioso esforço dos militares para reconstruírem suas imagens após as perseguições, torturas, assassinatos,  estupros, ocultação de cadáveres e outras práticas hediondas em que incidiram durante a ditadura dos generais foi destruído por aquele de quem acreditavam haver-se livrado em 1988: Jair Bolsonaro. 

É o que se depreende de pesquisa efetuada pelo Instituto Atlas entre os últimos dias 11 e 13, quando entrevistou 817 pessoas. 

Os resultados foram eloquentes, na comparação com os apurados em pesquisa similar de abril de 2023: os 46% que diziam confiar nas Forças Armadas se reduziram a 24%, enquanto os 37% que delas desconfiavam saltaram para 72% (!). 

Hoje, de cada quatro brasileiros, três veem os militares de forma negativa e apenas um os encara com respeito. Pior, impossível.

Isto, evidentemente, se deve a tudo que foi sendo apurado sobre a cooptação de numerosos oficiais das Forças Armadas por Bolsonaro para a tentativa de golpe de 08.01.2023, após passar o mandato inteiro oferecendo-lhes vantagens indevidas. 

Para o cidadão comum, deve ter sido chocante perceber que meras promoções e privilégios bastaram para  fiéis soldados, da pátria a guarda, engajarem-se na aventura golpista ou, pelo menos, se omitirem do dever de darem voz de prisão aos colegas que pregavam abertamente a virada de mesa.

E o próprio gado ultradireitista se decepcionou amargamente quando seus endeusados heróis preferiram ficar em cima do muro do que repetirem 1964.

Então, apesar do fracasso que o abateu em pleno voo e de estar agora apavorado com a prisão iminente, Bolsonaro tem o consolo de haver-se vingado do Exército, que chegou a prendê-lo e processá-lo pelas entrevistas alucinadas que dava na ativa (admitiu até mesmo que tinha plano detalhado para mandar pelos ares um reservatório de água do RJ!).

Qualificado de mau militar pelo ditador Ernesto Geisel, só lhe restou o caminho de pedir baixa de uma carreira que no final dos anos 80 já não lhe servia, pois estava com a imagem comprometida na caserna.

Um destino insólito lhe ofereceu a oportunidade de, como o pior presidente brasileiro de todos os tempos, retaliar comprometendo a imagem das Forças Armadas com mordomias grotescas e com a escolha de personagens caricatos para cargos importantes como o de ministros. (por Celso Lungaretti)