Sendo a revolução francesa um dos acontecimentos seminais da história da humanidade, este blog avaliou que poderia dar uma ótima contribuição ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, hoje celebrado, disponibilizando o filme que melhor sintetiza, para os cidadãos comuns, a história desse movimento que mudou a face política do mundo.
Trata-se de A revolução francesa, que, apropriadamente, dá especial destaque à gestação da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Foi lançado mundialmente em 1989, na onda do bicentenário da Grande Revolução, mas passa longe daqueles filmes de efeméride louvaminhas tipo Independência ou Morte.
São 335 minutos de reconstituição dramática (ou seja, não se trata de um documentário) do período que vai da gestação da revolta contra o rei Luís 16 até o fim do Terror, com a execução de Robespierre.
Serve, portanto, às mil maravilhas como introdução para os que nunca se aprofundaram no assunto, pois é um perfeito resumo dos episódios mais marcantes da primeira revolução que abalou o mundo. (a inglesa também é considerada uma grande revolução, mas foi muito menos influente além-fronteiras e teve um desfecho pra lá de pífio, o estabelecimento de uma mera monarquia constitucional).
Até que ocorresse a Comuna de Paris, o fantasma da revolução devorando os próprios filhos assombrava os grandes nomes do marxismo e do anarquismo, como algo cuja repetição deveria ser evitada a todo custo.
Depois, contudo, o pesadelo do Terror de 1792/1794 foi relativizado pelo massacre bestial dos communards na semana sangrenta de 22 a 28 de maio de 1871.
Se a Revolução Francesa fora longe demais no uso da força, pareceu a muitos que a Comuna de Paris exagerara na brandura com os inimigos, ao passo que estes foram implacáveis no momento de seu triunfo.
Se a Revolução Francesa fora longe demais no uso da força, pareceu a muitos que a Comuna de Paris exagerara na brandura com os inimigos, ao passo que estes foram implacáveis no momento de seu triunfo.
Enfim, há muito a ser visto e refletido a partir dos filmes da duologia A revolução francesa, que reúne Os anos luminosos e Os anos terríveis. O primeiro trazendo o grande Robert Enrico como diretor e encerrando-se com o guilhotinamento do rei; e o segundo dirigido por Richard T. Heffron e findando com o guilhotinamento de Robespierre, ambos tendo o saudoso Christopher Lee no papel de carrasco (uma figura impactante, assustadora!).
Andrzej Seweryn também é mais apropriado como Robespierre do que o escolhido por Wajda, Wojciech Pszoniak. E Sam Neill está surpreendentemente bem como La Fayette.
Vale também notar que a duologia mostra Robespierre dando uma apreciável contribuição à revolução e sendo um bom ser humano até que sua lógica inflexível o começa a tanger para decisões cada vez mais terríveis. Apesar das dificuldades daqueles momentos, é difícil entender por que ele muda tão drasticamente (por ser escravo da razão, uma fria abstração? porque o poder o desnorteia?).
Saint-Just (Christopher Thompson) é seu parceiro na descida aos infernos, sempre estimulando-o a agir com inclemência. E Marat (o também saudoso Vittorio Mezzogiorno) é enfocado de forma surpreendente para quem guarda a lembrança de Marat/Sade, a peça célebre de Peter Weiss: não um amigo do povo (como era o nome do seu jornal), mas um sanguinário que, diante de qualquer derrota importante, clamava pela execução exemplar de 100 mil traidores! (por Celso Lungaretti)
2 comentários:
Grande Celso!
Num mundo dominado por opiniões, como o da política, o conhecimento não tem vez.
Por que os caras começam a se matar qd chegam ao poder?
Simples.
Eles não venceram a si mesmos.
O ego empoderado vê os demais como coisas.
*
Coisas a serem usadas e descartadas para manter o teatro do poder.
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No íntimo ele desconfia que nada é e nada pode.
Temeroso de que descubram o nada, que ele é, mata, quando não pode corromper ou cooptar.
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Este é o conhecimento a que cheguei.
Ser (qq ente que seja no mundo) é ser para morte.
A vida é um jogo de soma zero e nós, os vivos, somos os perdedores.
***
O resto é vaidade.
"Vanitas vanitatum et omnia vanitas".
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SF, se não te incomodava o fato de que um psicopata empoderado estava abatendo como moscas os excluídos brasileiros, sorte sua. Não houve um dia entre 2019 e 2022 em que eu não lamentasse amargamente pertencer a um povo incapaz da mais ínfima reação contra o palhaço assassino.
Os alemães, mesmo sabendo que o fracasso lhes acarretaria a morte certa, tramaram 32 atentados contra o Hitler, seis dos quais tinham até chance de dar certo, Já por aqui o único atentado foi a farsa que os próprios bolsonaristas armaram para permitir que o Bozo fugisse dos debates eleitorais.
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