segunda-feira, 5 de agosto de 2024

COMEÇA DIA 7 O FESTIVAL DE LOCARNO DE 2024

 

O Festival Internacional de Cinema de Locarno, na região suíça de língua italiana, o Ticino, é considerado o quarto pela ordem de importância, depois de Veneza, Cannes e Berlim. Tem, porém, uma particularidade: sendo um festival no começo do outono europeu, ainda com noites quentes, inclui, além das projeções nas salas escuras, bons filmes exibidos ao ar livre, na maior praça da cidade, a Piazza Grande, num telão de 400 metros quadrados.

Tudo está previsto para o prazer dos oito mil espectadores sentados na Piazza Grande, porém não existe uma garantia a 100% de noites sem chuva. Alguns ainda se lembram das três noites consecutivas de chuvas na Piazza Grande, durante o festival de 2001. Este ano, o primeiro filme a ser exibido na praça pode chamar chuva por seu título!

O filme inaugural do Festival de Locarno, O Dilúvio, tem uma história bem francesa, mas é dirigido pelo cineasta napolitano Gianluca Jodice, tendo como atores principais Mélanie Laurent e Guillaume Canet.

É uma reconstrução dos últimos dias do casal real Louis XVI e Maria Antonieta, presos e retirados de Versalhes com seus filhos durante a Revolução Francesa, em 1789, e levados à Torre do Templo, um sinistro castelo parisiense, onde aguardam julgamento. O fim do filme não é segredo: é a pena de morte na guilhotina.

O filme é ainda inédito e só será lançado nos cinemas e streaming no dia 25 de dezembro. Gianluca Jodice ficou conhecido por seu filme O Mau Poeta sobre a relação entre Gabriele D'Annunzio com Benito Mussolini, vista pelos olhos de Giovanni Comini, funcionário do Partido Fascista.

Será também exibido na Piazza Grande o filme iraniano As Sementes da Figueira Sagrada, de Mohammad Rasoulof, com prêmio especial no Festival de Cannes. O cineasta iraniano fugiu do Irã, onde tinha sido condenado pela ditadura teocrática a cinco anos de prisão e a receber 50 chicotadas por seus filmes.

Haverá 17 filmes inéditos selecionados para a Competição Internacional, dos quais 7 são dirigidos por realizadoras. Essa quase paridade de gênero é considerada uma inovação entre os festivais internacionais.

Na falta de filme brasileiro na competição, chama a atenção o filme português em coprodução com a Suíça, Fogo do Vento, primeiro filme de Marta Mateus. Uma síntese do enredo foi distribuída pela produção e o centro da trama é a respeito de Soraia, que trabalha na vindima e é protagonista de um ritual quase perdido. Ela enfrenta um grande touro preto que escapou. No alto das árvores, num plano entre mundos, a comunidade partilha o pão com os antepassados convocados para a celebração da vida e do vinho. Entramos na grande noite onírica, onde a natureza também fala. Arde, é o fogo do vento que traz a onda de calor. (por Rui Martins)

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