sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

FESTIVAL BERNINALE DE 2024 COMEÇA COM PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA

 


Começa o 74° Festival Internacional de Cinema de Berlim - Berlinale e irá até 25 de fevereiro. Ainda em consequência da péssima política cultural do ex-presidente Jair Bolsonaro, que retirou apoio ao cinema, não há também neste ano filme brasileiro na grande categoria do Berlinale, a Competição Principal da qual participam 20 filmes de países diferentes, mas apenas nas competições secundárias do evento. 

Um destaque é para o cinema iraniano, mais uma vez enfrentando a opressão exercida pela teocracia islâmica fundamentalista. Apesar disso, os realizadores Maryam Moghaddam e Behtash Sanaeeha conseguiram entregar uma boa obra em My Favourite Cake, mas tiveram seus passaportes retirados, e foram proibidos de ir a Berlim participar da apresentação do seu filme no Festival, sendo ambos objeto de processo relacionado com sua realização.

O filme conta a história de uma mulher idosa que ousa viver os seus desejos num país onde os direitos das mulheres são frequentemente restringidos.

O produtor iraniano Behtash Sanaeeha.

Outro destaque foi a decisão da direção do Festival de Berlim, Berlinale, de retirar os convites de acesso ao festival recebidos por dois deputados do partido da extrema-direita alemã, a AFD - Alternativa para a Alemanha

O 74º Festival de Berlim é também o quinto e último festival em Berlim do diretor artístico Carlo Chatrian, o competente cinéfilo italiano, ex-crítico de cinema, que havia dirigido o Festival Internacional de Cinema de Locarno. Produtores, realizadores e artistas protestaram, em setembro, diante da incompreensível demissão de Chatrian pela ministra alemã de Cultura, Claudia Roth. Alguns vaticinam que, diante do escândalo provocado, o Festival de Berlim, também sujeito a cortes financeiros, poderá enfrentar boicotes e perder parte de sua importância a partir de 2025. A nova diretora da Berlinale será a estadunidense Tricia Tuttle.

São quatro os filmes brasileiros no Festival Internacional de Berlim. Para quem já esqueceu, o cinema brasileiro ainda é convalescente e está começando a se recuperar da falta de apoio, durante os quatro anos do governo Bolsonaro.

A maranhense Diana Mattos é a principal atriz do filme Betânia, de Marcelo Botta, na mostra Panorama do Festival de Berlim.

Depois de perder o marido, a parteira Betânia, de 65 anos, é persuadida pelas filhas a deixar a sua aldeia remota. Ela se aproxima das dunas dos Lençóis Maranhenses, no nordeste do Brasil e se aventura num novo começo.

Na mostra Forum Expanded será exibido o curta Quebrante da realizadora Janaína Wagner.

Dois resumos: Erismar, professora aposentada e espeleóloga, enquanto percorre as cavernas, ruínas e fantasmagorias da Rodovia Transamazônica – ainda uma cicatriz recente do sonho destruído da história do Brasil – retratando suas pedras e fantasmas. Retratando suas pedras e fantasmas, o filme mergulha fundo na história e no presente desse projeto faraônico de infraestrutura , iniciado na ditadura militar e jamais terminado.

Na Mostra Geração estará competindo o curta da realizMyadora Carolina Cavalcanti, Lapso, com Beatriz Oliveira e Juan Queiroz. Dois adolescentes da periferia de Belo Horizonte se encontram enquanto cumprem medidas socioeducativas. Através das experiências partilhadas de repressão por parte das autoridades estatais, acabam por se aproximar lentamente.

Por fim, na Mostra Encontros, concorre o longa-metragem Cidade;Campo, da realizadora brasileira Juliana Rojas, contando histórias de pessoas que migram da cidade para o campo e vice-versa. São atrizes Bruna Linzmeyer, Mirella Façanha e Fernanda Vianna. (por Rui Martins) 

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