Antes havia o objetivo a ser buscado e consubstanciado numa sociedade sem classes sociais, sem estado, sem partidos e sem a forma valor: uma sociedade comunista.
Perdemo-nos no caminho?
O Estado, com suas tetas mesquinhas para quem dele participa e nele está inserido, passou a ser objetivo a ser preservado?
O capitalismo de Estado, submisso à lógica ditatorial de reprodução do capital nas mãos concentradas do Estado e seus iluminados dirigentes, representam o caminho para a construção de uma sociedade comunista?
A estatização de empresas estruturais do capitalismo na sociedade burguesa, e outras nem tanto, passou a ser princípio de programa consolidado e perpétuo da esquerda estatista?
O sindicalismo de resultados, defensor do emprego que extrai mais-valia, como perpetuação de pretensa bandeira de luta heroica, passou a ser sinônimo de combatividade anticapitalista?
O trabalho abstrato produtor de valor, categoria capitalista e fonte da acumulação do capital de quem o detém, deve ser incensado como bandeira perpétua - a foice e o martelo sobre um vermelho esmaecido que o diga?
O partido trabalhista, ou pseudo comunista - igual o Chinês -, devem ser instituições perenizadas?
A verticalidade do Estado burguês e a sua democracia burguesa, como contraponto ao nazifascismo, é um fim em si a ser preservado?
A preservação da forma-mercadoria e suas compras e vendas no altar do mercado - a mão invisível de Adam Smith - é mecanismo a ser preservado, até mesmo numa sociedade estatal dita proletária?
Aplaudir ou contemporizar o genocídio de civis com argumentos falaciosos que encobrem um sentimento inconfessado de pertencimento a blocos econômicos que se digladiam em busca de hegemonia capitalista, é justificável?
Propor a retomada de desenvolvimento econômico diante da depressão capitalista mundial, do escravismo indireto do capital e sua conhecida concentração, agora mais concentrado que nunca, é bandeira emancipatória da humanidade?
Escolher políticos social-democratas e suas conhecidas bandeiras civilizatórias nos costumes, mas conservadores no cerne da exploração capitalista, é caminho para uma tomada de consciência das transformações emancipatórias necessárias?
Não, companheiros da esquerda institucional! Pensar a agir sob pressupostos acima elencados é trair o sentimento libertário e emancipacionista que nos engrandece!
A conciliação política de classes e o medo de perdermos o que não temos, ou o pouco que se nos oferecem como forma de nos mantermos silentes, não deve servir como programa emancipatório da esquerda.
Romper com os grilhões que nos acorrentam é medida histórica libertária que deve ser retomada, antes que sejamos extintos como espécie humana!
Parece que propor princípios constitucionais fora da lógica de produção do valor e do processo democrático burguês passou a ser considerado como objetivo utópico ou até mesmo ingênuo.
Lutar, mesmo diante das atuais condições de dominações políticas, ideológicas, níveis elevados de inconsciência da grande maioria da sociedade sobre a natureza dos males de é vítima, passividade mantida pela lavagem cerebral sublinear midiática e conceitos equivocados adotados nos currículos educacionais que positivam o negativo, que provocam o embotamento do pensar, e o domínio opressor exercido pelo capital sobre as pessoas iludidas pelo fetichismo da mercadoria, mesmo na atual fase de depressão econômica, é postura que nos credenciará perante o povo sofrido e manipulado.
As condições objetivas de vida social e as ameaças de autodestruição bélica e ecológica, pari passu ao aumento do enraizamento social do crime organizado diante da corrupção policial e impossível contenção estatal deste lamentável fenômeno - ainda outro dia explodiram as agressões dos milicianos no Rio de Janeiro, com dezenas de ônibus queimados -, além do crescimento da fome e da pobreza mundo afora, que já atinge até mesmo os países que antes se constituíam como ilhas de prosperidades e modelos a serem seguidos, insistem em demonstrar que ingênuo e irracional é continuarmos esperando que dê certo algo que se sabe de antemão que vai dar errado por se constituir como equação matemática irresolúvel: a vida social sob o capital no atual estágio das contradições dos seus próprios fundamentos.
Sei que há uma diferença entre o que queremos e a possibilidade de fazermos; mas querer fazer já é caminho. Disse John Lennon certa vez, e corretamente, que se você quiser, a guerra acaba amanhã!Assim, a retoma de proposições que sirvam de norte referencial da esquerda, ainda que muitos considerem inexequíveis, devem ser feitas sem medo e como pressuposto revolucionário a ser colimado, ou pelo menos como norte referencial a ser alcançado e aperfeiçoado, que motive o querer, vez que saber aonde ir já é um começo da possibilidade de se trilhar o caminho para se chegar lá.
Vamos em frente! (por Dalton Rosado)
2 comentários:
Muito parecido com o discurso do Kmer rouge aos despossuídos do Cambodja.
Depois, já no poder, o discurso mudou.
Na prática a teoria é outra.
Se é para ser aos cangapés, do jeito que tá tá bom.
Egalitê, fraternitê, libertê e resposabilitê.
Tomar exemplos negativos como determinismo histórico é tão elementar como achar que podemos continuar como estamos.
A traição aos princípios revolucionários não deve servir como parâmetro, mas justamente o contrário. Dalton rosado.
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