Quase dezoito anos após ter me formado no ensino médio, em uma escola pública estadual da periferia de Belo Horizonte, volto a frequentar as salas de aula do ensino público convencional, agora na condição de professor. Durante esse tempo, fui bolsista de pós-graduação, professor em um Instituto Federal e também de uma Universidade Estadual. Mas agora, busquei um cargo para professor temporário.
Pelas primeiras impressões, posso atestar que as fragilidades do ensino público brasileiro continuam as mesmas que há dezoito anos, o que é, ao mesmo tempo, assustador e também compreensível. Assustador porque após tanto tempo, a escola pública brasileira parece não ter saído do lugar, com falta de professores, desorganização, bate-cabeças, excesso de burocracia e pouco estímulo aos estudantes.
Mas também compreensível porque é a marca de um país atolado no pântano de sua condição capitalista colonial, em avançado estágio de neoextrativismo que avança de forma indelével nos últimos 33 anos. Nesse contexto, só é possível esperar uma deterioração do próprio ensino, sobretudo o médio, visto como ponte de lugar nenhum para lugar nenhum.
Caso o ensino público estivesse mais bem organizado, sequer haveria a imposição autoritária de uma reforma do Ensino Médio cuja única função é ampliar o quadro de barata tonta, pois criou disciplinas sem professores, além de estender o horário de aulas sem a devida organização necessária.
Professores, alunos e técnicos fazem o melhor possível, mas a inércia da desestrutura é poderosa. Só uma transformação completa da sociedade brasileira para modificar este quadro. (por David Emanuel Coelho)
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