domingo, 5 de fevereiro de 2023

LULA 3 FAZ 1 MÊS (E JÁ PARECE TER 100 ANOS)

Lula com os companheiros Rodrigo Pacheco e
Arthur Lira. Navegar é preciso... mas, chafurdar?! 
Tão logo o 8 de janeiro sepultou de vez o bolsonarismo (a ultradireita, embora duramente atingida, poderá nos incomodar  de novo lá por 2024 ou 2025, mas o movimento identificado com as características peculiares do genocida ensandecido só tem futuro nas prisões federais e nos manicômios judiciais), cantei a bola de que Lula, à falta de propostas para fazer a economia brasileira sair do fundo do poço, obteria aplausos fáceis com a obrigatória desbozificação. 

O bêbado, desta vez, merece mesmo a sova, mas bater nele não passa da obrigação. Se Lula tivesse um pouco de simancol, não estaria exibindo o muque como se fosse um Hércules após matar a hidra de Lerna... 

Como a sorte continua bafejando Lula, ao genocídio dos idosos (uso os termos como o povo os entende, não como os doutos pregam) no qual se constituiu a pandemia de covid veio somar-se o genocídio dos indígenas, com suas imagens terríveis de até onde pode chegar a desumanidade do homem contra o homem.

[Aliás, nem tudo deve ter sido apenas sorte. Assim como vários espiões alertaram a Inteligência estadunidense de que os japoneses atacariam precisamente Pearl Harbor mas o governo considerou válido o sacrifício de vidas e equipamentos para convencer a população a aceitar a entrada do país na 2ª Guerra Mundial (até então prevalecia amplamente a posição de que deveria permanecer neutro), é impossível que Lula e seus ministros ignorassem o que se tramava. 

Lá em 1941, como cá em 2023, deixou-se acontecer o que nem de longe representaria um perigo verdadeiro,  mas, no nosso caso,  serviu para destruir a imagem do bolsonarismo e alavancar poderosamente a do Lula. Me engana que eu gosto...]   
Noves fora, a realidade do novo governo é dada pelas alianças que já foi obrigado a fazer, apoiando a manutenção de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira como presidentes das duas casas legislativas. 

Ou seja, quando o povo não aguenta mais a putrefação
 da política brasileira, Lula coloca a esquerda institucional cada vez mais a reboque dos podres poderes, alinhada até com o centrão! É por aí que o fascismo deverá voltar à tona, novamente fingindo-se de outsider, embora não passe da versão mais tóxica do submundo que nos governa.

Se a direita convencional lembra as famílias mafiosas que deixaram a violência estridente de lado, trocando-a por empreendimentos mais respeitáveis na ótica capitalista (como os imobiliários), a extrema-direita miliciana ainda conserva os maus bofes do tempo de Al Capone, daí não ter sido tão difícil derrotá-la desta vez. Mas, tudo faz crer que, depois da disputa que se trava pela liderança do movimento ora acéfalo, o lobo trajará pele de cordeiro quando da sua nova investida.

De resto, só não vê quem não quer que, a pretexto de minar o golpismo ultradireitista, Lula investe cada vez mais no autoritarismo e no punitivismo (que têm como alvo visível os fascistas e como alvo oculto a esquerda). 

Ou seja, já prepara os instrumentos para reprimir as grandes manifestações de insatisfação popular que tendem a eclodir quando cair para os brasileiros a ficha de que, com suas posturas econômicas do século passado, o governo mais do mesmo do PT não tirará o Brasil da recessão interminável nem que a vaca tussa. 

Coerente com sua aversão figadal à esquerda revolucionária, evidenciada desde as caças às bruxas no seio do PT durante a década de 1980, Lula já se preocupa com uma nova onda de protestos como a brasileira de 2013 e a de vários países em 2019.

É por a maior parte da esquerda brasileira ter desistido de transformar em profundidade a sociedade que as falsas soluções do fascismo iludiram a tantos nos últimos anos. 

E se nossa esquerda não acordar para a realidade de que a crise capitalista se agrava cada vez mais  e acabará provocando uma devastadora explosão social em futuro não muito distante, as bandeiras fantasiosas dos fascistas poderão até prevalecer da próxima vez, consumando a destruição do país.

Temos de corporificar também uma alternativa ao status quo, mas propondo para o Brasil um caminho diametralmente oposto ao deles, que só têm a oferecer o retrocesso civilizatório, o caos e a barbárie. 

De nossa parte, o posicionamento a assumirmos é o de defensores do aprofundamento da civilização, com a superação do primado do lucro e da competição insana, substituídos pela priorização do bem comum e dos esforços solidários para a satisfação plena das necessidades humanas. (por Celso Lungaretti)
Aproveito a deixa do título do post para reverenciar o principal
cineasta espanhol das últimas décadas, Carlos Saura, que neste sábado,
04/02, completou 91 anos de idade. Ele está na ativa desde 1956. 

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