sábado, 11 de fevereiro de 2023

CHOQUE ECONÔMICO ENTRE CHINA E EUA É SINAL DO DECLÍNIO CAPITALISTA -2


OS DOIS GIGANTES TÊM OS PÉS DE BARRO- 2

(continuação deste post)

O Financial Times divulgou a informação que somente os três maiores devedores de Pequim – Paquistão, Sri Lanka e Argentina – receberam pacotes de resgate no valor de US$ 32,8 bilhões desde 2017. A lista de países que tiveram que ser estabilizados por Pequim através de empréstimos de crise inclui Quênia, Venezuela, Angola, Nigéria, Laos, Belarus, Egito, Turquia e Ucrânia, com redução forçada das taxas de juros.  

 Mas os problemas chineses não param por aí, pois a China tem uma séria crise no setor imobiliário, representando de modo direto e indireto cerca de 29% do PIB chinês. 

A crise imobiliária chinesa se evidenciou com os problemas de inadimplência da gigante Evergreen, cuja dívida é de US$ 300 bilhões e esteve à beira da falência no verão de 2021 sendo socorrida pelo Estado Chinês via o que chamaram de programa de restruturação, nada mais sendo que injeção de dinheiro impresso nas gráficas do Banco Central sem nenhuma correspondência com chamado valor válido - dinheiro respaldado pela produção de mercadorias que criam valor.

 Cerca de 1,5 milhões de compradores chineses ficaram à espera de receber casas que haviam sido pagas e estavam com obras semiparalisadas nos canteiros de construção.

 Este mesmo procedimento ocorreu com a crise imobiliária do subprime dos Estados Unidos de 2008/2009, que, diante da iminência de um crash do setor financeiro daquele país com consequências mundiais, foi socorrida pelo Federal Reserve, o qual injetou cerca de USS 14 trilhões - cerca de 26% da dívida chinesa -, com a emissão de dólares sem valor válido, providência que tem sido, em boa parte, a causa da alta inflação estadunidense: 9,1% de junho de 2021 a junho de 2022, uma das mais altas dos últimos 41 anos.  

 Um estudo feito pelo economista estadunidense Kennet Rogoff informa haver incompatibilidade de preços entre as unidades habitacionais populares chinesas e o padrão salarial chinês. 


 São necessários três anos e quatro meses para um trabalhador chinês conseguir juntar o valor de uma casa. Ora, se se considerar os gastos pessoais e familiares dele, fica impossível, em tal período, fazer a aquisição da casa própria. Se se ele gastar 10% do seu salário com moradia, levará 33 anos para pagar a hipoteca. Quando se acresce a isso os juros de mercado da dívida - que é o que se pratica por lá -, fica fácil de se deduzir a paralisia e crise do mercado imobiliário inflacionado pela bolha imobiliária chinesa.

 No Brasil, um trabalhador de renda mensal de R$ 2.000,00 levaria quatro anos e dois meses para a mesma operação, ou seja, se considerarmos as despesas pessoais e os altos juros praticados por aqui, há uma equivalência de impossibilidade aquisitiva e miséria tanto aqui como no país do segundo maior PIB mundial.  

 Não é por menos existirem hoje verdadeiras cidades fantasmas de conjuntos habitacionais na China à espera de quem compre e pague os custos e valores das unidades habitacionais vazias.

 Recentemente houve confrontos entre a polícia e correntistas de banco na província de Henan, na China Central, em razão do congelamento de contas bancárias. Da mesma forma o Partido Comunista da China teve que enfrentar uma greve de suspensão do pagamento de hipotecas imobiliárias em face da não entrega de unidades habitacionais. 

 O vertiginoso crescimento do PIB chinês, baseado em alta taxa de endividamento externo e salários baixos, encontrou o seu ponto de limite de expansão na saturação do mercado exterior comprador que não cresce ad infinitum, mas dentro da capacidade de consumo humano, como dissemos.

 O capital tem necessidade de crescimento constante, ad aeternum, como força motora sem a qual perde credibilidade e se invalida como forma de relação social minimamente viável. Os limites antes referidos referem-se ao ponto de perda dessa força motora do capital.  

  Mas a crise chinesa se soma a outros componentes conjunturais como:

-  a crise mundial do desemprego estrutural mundial citado - no momento escrevemos este artigo o Reino Unido, outrora a império onde o sol nunca se põe, está enfrentando a mais grave onda de greve desde a segunda guerra mundial, e o carro chefe é a previdência social deficitária;

- protecionismo estatal de muitos países contra a importação de produtos chineses que roubam os empregos nacionais;

- o aquecimento global que torna improdutivas imensas extensões territoriais e causa desastres climáticos genocidas e destrutivos graves - o terremoto da Turquia e Síria, de 7,8 pontos da escala Ritcher, terá sido intensificado por isto?; as chuvas torrenciais de São Paulo e Rio de Janeiro de ainda hoje serão naturais e tradicionais?

 A resultante disso é que caem as reservas cambiais chinesas que segundo o Financial Times decresceram de US$ 4 trilhões para US$ 3 trilhões nos últimos anos.   

 Assim, a soma de tantos problemas internos e externos torna o capitalismo chinês projetado por Deng Xiao Ping em 1976, responsável por tornar a china dita comunista no país praticante do mais selvagem e predador capitalismo mundial, já se fazem sentir em manifestações populares de grandes dimensões por lá.

 A pretendida hegemonia do Globo Sul pela China e sua nova rota da seda esbarra na impossibilidade de criação de um novo, mas num conceito antigo, bloco sob seu comando e influência vez que os seus problemas internos se comunicam com problemas externos insolúveis sob a lógica do capital.

 São os próprios Estados Unidos, líder mundial do ocidente desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e detentor de moeda universal, quem também vê faltar terra sob seus próprios pés com seus desequilíbrios constantes na balança comercial, e como credor maior da China, sabe que o resfriado por lá pode causar pneumonia grave por cá. 

 O capitalismo global implodirá a partir do crash concomitante das duas maiores potências econômicas mundiais e demais componentes do G7, e a nós caberá contarmos com nós mesmos e demais países pobres do mundo integrados a uma nova ordem mundial de solidariedade sob um novo modo de produção social e ordem jurídico-constitucional para superar o impasse e continuar a vida humana.  

 Se der tempo... (por Dalton Rosado


2 comentários:

SF disse...

Vocês estão se superando!
***
Grande Daltin!
O papôco vai ser grande!
***

Túlio disse...

Olá, Dalton
Veja só o que nos reserva o melhor cenário do mundo capitalista.
No Japão, país capitalista rico, a população longeva, que deveria ser motivo de orgulho, isso virou um dos principais problemas econômicos.
A ponto de um professor de economia americano, descendente de japoneses, da famosa universidade de Yale, sugerir o suicídio em massa dos velhinhos.
Parece roteiro de filme B de terror, mas é o capitalismo mostrando sua cara monstruosa.
Segue o link :
https://nypost.com/2023/02/13/yale-professor-suggests-elderly-japanese-residents-should-die-in-mass-suicide/

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