Nelson Rodrigues dixit |
Embora o técnico Tite haja mesmo cometido erros, considero injusto atirar nas costas dele toda a culpa pela desclassificação na loteria dos pênaltis.
Até porque a dita cuja quase sempre premia times e seleções que abdicam de jogar para ganhar e amontoam seus onze jogadores atrás, esperando sair-se bem por meio de um discutível critério de desempate (preferível ao cara ou coroa mas pior do que os dados de desempenho no restante da competição).
[A Croácia, p. ex., tinha três empates e uma mísera vitória, enquanto o Brasil estava com três vitórias e uma derrota. É uma aberração os croatas agora disputarem semifinal de Copa do Mundo após empatarem quatro vezes com a de hoje, só derrotando os incipientes canadenses! Ainda bem que suas chances contra a Argentina serão nenhuma...]
O certo é que nosso selecionado fez o suficiente para derrotar os croatas, teve o controle da partida, criou chances para marcar pelo menos dois gols, mas deu sopa demais pro azar.
Cometeu a infantilidade de lançar-se ao ataque a quatro minutos do encerramento da maratona de 120', quando não tinha necessidade nenhuma de fazer um segundo tento, precisando unicamente evitar o empate.
E foi uma maldade dos deuses dos estádios propiciarem aos croatas um gol casual, que jamais teria ocorrido sem o desvio do arremate no joelho do Marquinhos!
Mas, embora tenha revelado ultimamente muitos jogadores promissores, o Brasil se ressentiu flagrantemente da falta de bons laterais. O único que possuía nos dois lados do campo se contundiu gravemente às vésperas do Mundial: Guilherme Arana.
Faltou-nos também o craque decisivo, que mais uma vez não foi o Neymar. Hoje ele fazia outra má partida e tirava a velocidade do ataque, retendo a bola muito além do aceitável no futebol atual.
E há outro aspecto relevante: numa seleção brasileira com predominância de jovens, a principal influência em campo foi exercida por um adulto tipo Michael Jackson, cuja idade mental é a de um adolescente.
Na hora do apuro, faltou quem lhes inspirasse a confiança de que poderiam vencer a inesperada dificuldade encontrada diante de um adversário interior na bola mas superior em personalidade.
Pitorescamente, a colega feminista Milly Lacombe escreveu, meio na contramão de suas posturas mais gerais, que não basta ser craque, é preciso ser homem. Concordo.
O golaço que Neymar marcou talvez lhe salvasse a reputação, mas o apagão coletivo quando mais necessária era a manutenção do foco colocou as coisas no lugar.
Quem viu o Messi carregando nas costas uma Argentina sem Di Maria (este, baleado, só entrou no 2º tempo da prorrogação), percebeu a enorme diferença.
Os aspectos de liderança no gramado e espírito vencedor têm, portanto, tudo a ver com o fato de, embora ambos fôssemos favoritos, os hermanos haverem seguido adiante e nós (com uma choradeira em público que fez lembrar a de outro marmanjão infantilizado, o Bozo), estarmos voltando para casa, trazendo na bagagem novo fracasso em quartas-de-final.
Está se tornando um hábito... (por Celso Lungaretti)
O meu selecionado também não funcionou...
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