terça-feira, 15 de novembro de 2022

O ERRO DO KEYNESIANO DE GARANHUNS É CRER NUM CAPITALISMO BONZINHO – 2

(continuação deste post)
S
e os Estados Unidos pagassem juros de 10,7% ao ano como o nosso país, estaria irremediavelmente falido. 

Motivo: tal custo representaria um ônus anual insuportável de R$ 48 mil para cada pessoa dos EUA (incluindo todos os velhos, inválidos e crianças que não trabalham e nem geram riqueza). A queda na renda média dos estadunidenses seria brutal.

O déficit global do orçamento da seguridade social brasileira foi de R$ 218,3 bilhões, ou seja, pagamos de juros um valor três vezes maior que aquilo que o orçamento da União despendeu com o déficit da previdência social. É por estas e por outras que se cortam gastos com os, e direitos dos velhinhos e inválidos do Brasil.

Os juros da dívida pública do Brasil fazem a alegria dos rentistas e é o nosso povo quem os paga.

Para os Estados Unidos o endividamento colossal não representa problema, porque os investidores estão dispostos a aplicar seus recursos em dólares estadunidenses a juros irrisórios ou até negativos.

Devemos bem menos, mas pagamos maior valor de juros que os EUA; isto dá bem a dimensão do que significa ser periferia do capitalismo.

Afinal, quando se deve sem obrigação de quitar a dívida no vencimento e se pode aumentá-la sem pagar juros, como ocorre com os países do G7, esta prática pode ir longe (mas somente até o dia do juízo final capitalista, que está próximo.

O Brasil recebe tratamento diferenciado: este nos é dado pelo mercado, a megera que baliza a vida social a partir de critérios altamente negativos e que ora estremece diante da perspectiva do descontrole fiscal pelo governo entrante.

Henrique Meireles afirma que Lula dilmou. Isto, partido de um seu tradicional apoiador, significa que a desobediência aos conselhos do executivo-mor do Banco Boston tem preço. 

Quando Armínio Fraga e Elena Laudau, entre muitos outros economistas que apoiam Lula, criticam as propostas de priorização das demandas sociais sem respeito ao teto de gastos e à responsabilidade fiscal, também tem preço.

Como conciliar, portanto, um Guilherme Boulos e o pessoal da Fiesp que apoiou Lula por medo do fascismo (mesmo com o dedo no nariz alguns e outros nem tanto, estando na última categoria os maiorais da Febraban)???

A depressão mundial do capitalismo não é uma marolinha. Quando os países do COP27, que se realiza no Egito, defendem recursos para os países situados próximos e abaixo da linha do equador que estão sofrendo mais com o aquecimento global e a queda na produção de alimentos, é sintoma do que o estrago vem sendo muito sério.

É neste cenário que Lula vai governar o Brasil, um país fraturado (mais do que dividido entre Norte e Nordeste de um lado e Sudeste, Centro-Oeste e Sul do outro) e com péssimos indicadores econômicos com relação ao cenário mundial, mesmo neste período depressivo do dito cujo. Estamos péssimos entre os que estão ruins.
Conforme se depreende, não vai mesmo demorar para aparecerem as contradições próprias de um governo que terá de escolher o que cobrir no corpo social brasileiro com o lençol curto da debilidade financeira estatal decorrente dos pesados custos de sua máquina cara e opressora.

Mas as viúvas da ditadura militar (acometidas de amnésia histórica) e a elite conservadora do Brasil já vociferam seu ódio paranoico e delirante diante dos quarteis das Forças Armadas. 

Acabarão se cansando por ora, mas logo estarão colocando nas costas do novo governo as agruras próprias de um capitalismo decadente e agravadas pelo desgoverno derrotado.

As tais manifestações, em grande parte financiadas por empresários insensíveis e megalomaníacos, juntos com uma classe média desesperada porque vem perdendo renda, têm também atraído trabalhadores que, embora oprimidos, não percebem estarem conspirando contra seus próprios interesses.

Será Lula capaz de mobilizar o povo trabalhador em defesa da vida e em contraponto aos ditames da economia capitalista autofágica e insensível que nos quer arrastar a todos para o cadafalso de sua decadência?

Quem viver verá. (por Dalton Rosado)

Um comentário:

SF disse...

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Impecável análise de um mundo em extinção.
O capote já começou.
A relação mediada por dinheiro esgarçou.
Os caras não sabem mais o que fazer.
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Por aki, quem operou vendido durante o discurso de Lula, encheu as burras de riqueza abstrata, mas bastante real para quem ainda acredita nela.
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Acusaram-no de ter provocado a queda da bolsa, mas ela foi causada pelo medo de inadimplência alimentado pela venda da carteira de crédito de um grande banco.
Com todo o compadrio, o sistema bancário não é sustentável.
Espoliar quem vai lhe pagar significa que não vai receber, então por que não empurrar o prejuízo para outro?
Assim pensam os amadores e as águias do mercado financeiro.
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Ocorre que não estão mais sozinhos na esperteza.
A honestidade é impositiva nestes tempos de memórias virtuais e informação instantânea.
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Em paralelo as camarilhas da moeda falsa, o experimento com o protocolo blockchain continua de vento em popa.
Os BCs preparam-se para impor suas moedas digitais e, como sabido, dominar o planeta a partir do controle da mediação das trocas econômicas via stables coins ou CBDC (Central Bank Digital Currency).
Um plano real globalizado que suplantará os governos dos estados nações e suas moedas podres.
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As vantagens são muitas, uma delas é acabar com essas jogadas de vender a descoberto num mercado sabidamente inflado.
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Ficarei feliz de ver as elites da moeda fiduciária sem poder dar os seus golpes.
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Já pensou o cara desviar a verba da merenda escolar numa moeda com o carimbo digital de que é para ser usada na alimentação da criançada e não poder usar a riqueza abstrata roubada?
Ou não poder gastar o auxílio que a sociedade dá para servir na manutenção de sua família em drogas?
Acabará o anonimato.
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O poder dos caras será imenso.
Eles são muito inteligentes, espero que tenham ética.
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A ver.
...

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