O grande vencedor do debate eleitoral deste domingo (16) entre Lula e Bolsonaro foi quem aproveitou de outra forma o seu precioso tempo, ao invés de assistir ao arranca-rabo de dois personagens tão distantes do estadista que ao menos ajudasse a minorar o sofrimento dos brasileiros neste período terrível de nossa História.
[Isto porque a verdadeira solução jamais vai ser dada pelas urnas: o povo brasileiro terá de buscá-la nas ruas, dando um fim à exploração do homem pelo homem.]
Em segundo lugar ficou Lula, que foi muito bem no bloco inicial, ao atirar nas fuças do genocida a sua responsabilidade por cerca de 400 mil mortes de brasileiros que poderiam ter sido evitadas caso tivéssemos um presidente de verdade coordenando os esforços contra a pandemia e não um lunático negacionista os sabotando desvairadamente.
O Bozo contra-atacou no terceiro bloco com emboloradas cobranças sobre a roubalheira na Petrobrás, como se ela não houvesse sido fichinha perto da descomunal corrupção legitimada do orçamento secreto.
O que ambos omitem: nem o mensalão e o petrolão poderiam haver ocorrido sem a anuência do Lula e da Dilma, nem o orçamento secreto teria drenado tantos e tão vultosos recursos do Tesouro caso Bolsonaro se opusesse.
Uns e outro pagaram pedágio ao centrão pela governabilidade, assim como comerciantes italianos pagavam proteção à máfia e os fluminenses a pagam até hoje aos milicianos (os quais, vale dizer, sempre foram afinadíssimos com o clã Bolsonaro, enquanto Lula jamais teve qualquer coisa a ver com Marcola e o PCC).
De resto, Lula convence mais ao repetir as loas aos seus governos, pois eles pareceram mesmo benfazejos para a população em geral, incapaz de discernir entre conjuntura favorável e méritos pessoais. Já o Bozo soa ridículo com seus elogios em boca própria de uma administração caótica e catastrófica.
Como tais debates rapidamente entediam o povão com sua interminável citação de dados soltos no espaço e Lula começou bem melhor, deve ter fortalecido a impressão de que será um presidente capaz de corrigir as loucuras e consertar, na medida do possível, a destruição perpetrada desde 2019.
Saldo de mais esta Batalha de Itararé (pois prometeu muito e entregou quase nada): quem for tão masoquista a ponto de votar no Bolsonaro, receberá exatamente o que merece, qual seja dor, miséria e barbárie.
E quem votar no Lula terá o prêmio de consolação de ver o estado de coisas melhorar um pouco, com a volta do país à razão e à civilização.
Mas, passado o alívio, lá por 2024 começará a perceber que Lula também não tinha noção nenhuma de como tirar a nação do buraco econômico e iniciar um novo ciclo de desenvolvimento. (por Celso Lungaretti)
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