quarta-feira, 21 de setembro de 2022

ADEUS, PASSADO VELHO! FELIZ PASSADO NOVO! – 2

(continuação deste post)
Não pode vender a ideia de ser um outsider da política...
O
s candidatos, na sua pregação eleitoral em busca do voto, não podem ser francos sob pena de cometerem sincericídios. 

Têm de vender soluções simples para problemas estruturais complexos que estão fora do alcance das receitas fiscais, cada vez menores em relação ao custo das demandas sociais por serem atendidas.

O governante, tal qual um surfista numa onda, não altera a estrutura da onda, mas apenas nela se equilibra para chegar na praia de pé. 

Com a passar dos anos vem o inevitável desgaste, como agora está a ocorrer com Boçalnaro, o ignaro, que, após quatro anos de desgoverno:
— já não pode vender a ideia de ser um outsider da política (que, aliás, desde o século passado não o é; 
— nem dizer que é um combatente da corrupção (como fez, imitando Jânio Quadros e Fernando Color), após ser descoberto seu milionário patrimônio imobiliário comprado com dinheiro vivo;
— muito menos pretender que é um liberal na economia, pois age como mais um nacionalista estatizante militarista em busca de poder;
— ou delirar que a prosperidade de todos vai ocorrer na terra prometida, quando se constata que temos inflação alta, desemprego terrível, queda do PIB e outras mazelas típicas de um capitalismo em fim de feira.

O PT de Lula não foi o PT de Dilma, simplesmente porque a crise cíclica capitalista é cada vez mais frequente e intensa, como essa de 2008/2009 que se prolonga até os dias de hoje. Nunca se tratou de uma inofensiva marolinha.

A crise do capital consiste na incompatibilidade de um modo de produção de mercadorias que ora substitui substancialmente o trabalho abstrato humano (capital variável) pelas máquinas e computadores (capital fixo) e mata a galinha dos ovos de ouro (esse mesmo trabalho abstrato) numa proporção bem maior do que os novos nichos de mercado que vão surgindo. 
...nem dizer que é um combatente da corrupção...

Para piorar, existem os agravantes climáticos, pandêmicos e bélicos dela decorrentes.

Urge que nós reflitamos sobre o colapso de uma mediação social ou relação social baseada em pressupostos os mais caducos, consubstanciados nas categorias capitalistas valor e trabalho abstrato representadas pelas mercadorias (corporificadas em objetos e serviços) e o dinheiro (mercadoria especial, a única que não tem valor de uso em si). 

Mais não são do que coisas que ganham dupla personalidade (valor de uso e valor de troca), simultaneamente reais e abstratas.

A fase desenvolvida do capital, ora no seu ocaso, serviu historicamente para promover a escravização indireta em substituição à escravização direta feudal que se configurava como explicitação evidente da nossa irracional desumanidade em processo de decantação.

Acontece, contudo, que a dialética do movimento social nunca esteve prestes a cessar, impulsionada que é pelas contradições do capital. Não houve nenhum fim da história, mas apenas um estágio temporal curto desta (a fase adulta do capitalismo não tem mais de que 200 anos). E agora está a nos cobrar uma nova revolução social nos costumes, no nosso sistema de produção social e na nossa organização estrutural de base.

Endeusar a constituição burguesa não é antídoto eficaz contra qualquer constituição ditatorial também burguesa, mas apenas uma promessa de descrédito no curso prazo que pode levar muitos à crença nos arbítrios propagandeados por ideias totalitárias (tão em voga, mundo afora e sem pejo) por falsos profetas e salvadores da pátria como aconteceu em 2018, numa repetição histórica que pode ocorrer novamente após um ciclo breve de decepções burguesas prenunciadas (Jânio, Collor e Boçalnaro são exemplos de retrocessos cíclicos).
...ainda mais depois de terem sido descobertas
suas compras de imóveis com dinheiro vivo!

Defender os ganhos civilizatórios conquistados a duras penas pela humanidade requer consciência e tenacidade de ação; seria insensato deitarmos nos louros de algumas vitórias que podem escorrer pelos dedos como se tentássemos prender a água numa só mão fechada.

Vivemos a fase da contradição inconciliável entre forma e conteúdo sociais em processo de mutação acelerado e isto requer posturas avançadas e destemidas.

Não devemos quebrar o espelho por não concordarmos com aquilo que ele nos mostra, mas refletirmos sobre a forma espelhada e, conscientemente, pegar o touro (como aquele de Wall Street) pelo chifre.

Na falta de um projeto social da humanidade por um mundo uno, o que se observa é a guerra por uma nova configuração geopolítica de poder, com a clara formação de blocos em disputa pela hegemonia capitalista, como o euroasiático (Rússia e China) e o ocidental (Estados Unidos e União Europeia) disputando poderio militar genocida.

O pior é que se formam lados políticos de defesa de um ou de outro bloco, os quais, como diria o brilhante dramaturgo Plínio Marcos, mais parecem dois perdidos numa noite suja.

Faltam, portanto, debates sociais científico sobres causas e consequências, só que, infelizmente, eles:
— não podem ser feitos no âmbito da corrida eleitoral, quando o foco é sempre muito mais rasteiro;
— também não são feitos amplamente no âmbito das academias (sejam elas privadas ou públicas); 
— nem no universo da mídia empresarial, que tem objetivos inversos a tal propósito libertador, além de serem instituições presas ao imediatismo da sobrevivência corporativa de cada segmento.
"a pobreza dos bairros pobres onde residem 
os catadores de restos dos lixões suburbanos..."

Assim, adia-se o enfrentamento social até o limite perigoso da realidade catastrófica que pode nos extinguir como espécie.

Minha análise é deveras trágica, contudo mais trágica ainda é a realidade de um Brasil que, sendo grande exportador de alimentos para o mundo tem parte da sua população faminta, seja no campo ou nas cidades cindidas entre o luxo dos bairros ricos e a pobreza dos bairros pobres onde residem os catadores de restos dos lixões suburbanos, ou abrindo sacos de lixo para comer alimentos apodrecidos!

Os anos vindouros certamente serão bem difíceis, mas podem também ser libertários, dependendo das nossas ações conscientes, nunca das nossas omissões inconscientes.

Viva Jean-Luc Godard e Guy Debord, heróis do premonitório maio de 1968 francês! Os dois optaram pelo suicídio suicidas por não suportarem mais levar uma vida social desumana e caótica. (por Dalton Rosado) 

2 comentários:

Anônimo disse...

'Ele está acabado': como os problemas legais de Donald Trump ficaram muito piores
https://www-theguardian-com.translate.goog/us-news/2022/sep/21/donald-trump-lawsuit-new-york-investigation?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt

Como o "Tramp' é o modelito do Bozo, virá aqui a mesma coisa?

https://elpais-com.translate.goog/internacional/2022-09-22/la-sombra-de-los-militares-brasilenos-se-cierne-sobre-el-sistema-de-votacion.html?_x_tr_sl=es&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt

https://elpais-com.translate.goog/america-futura/2022-09-22/el-peligroso-oficio-de-ser-guardian-de-la-selva-en-brasil.html?_x_tr_sl=es&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt

Anônimo disse...

A 'grande mentira' de Trump alimentou uma nova geração de influenciadores de mídia social
https://www-washingtonpost-com.translate.goog/technology/2022/09/20/social-media-influencers-election-fraud/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
Como aqui é Brazíu.....!

Related Posts with Thumbnails