O PALHAÇO PERDEU A GRAÇA E SUAS GAFES AUMENTAM A DESGRAÇA

rui martins

NÃO EXISTE UM MÍNIMO DE RESPEITO NO PRESIDENTE BOLSONARO

Ao que se saiba, ainda não chegou nenhuma nota diplomática do Foreign Office  ao nosso Ministério das Relações Exteriores em Brasília sobre a inconveniência, gafe, desrespeito, má educação ou, na linguagem das ruas, grossura cometida pelo presidente Jair Bolsonaro, durante o luto dos ingleses pela morte de sua rainha. 

Os ingleses são educados, gente fina, mas seus jornais noticiaram essa ofensa do Bolsonaro, em não ter respeitado o recolhimento exigido pela ocasião. 

Assim, o Guardian, deixou claro na sua matéria, publicada com foto do Bolsonaro falando da sacada da embaixada brasileira, a utilização com objetivo eleitoral da visita a Londres para o funeral. 

Chegou mesmo a cronometrar: Bolsonaro usou apenas alguns segundos para expressar suas condolênciase o restante do tempo para falar de sua campanha, transformando a viagem a Londres numa pregação política. A seus apoiadores, que gritavam mito!, mito! na rua, embaixo da sacada, repetiu a arenga de sempre, sobre os perigos dos esquerdistas, do aborto e da ideologia de gênero.  

Um discurso de campanha aos apoiadores de camiseta amarela, apesar do momento de luto, escreveu o jornal The Guardian. Os comentários politicamente carregados de Bolsonaro encantaram os fanáticos apoiadores que vieram ouvi-lo no centro de Londres, mas provocaram raiva no Reino Unido e no Brasil. 

The Times, importante jornal londrino, deu como manchete Bolsonaro rompe luto para marcar pontos políticos e, num vídeo, mostrou como ele desceu do carro, no pátio de um posto de gasolina da Shell, para filmar o preço da gasolina na bomba e dizer que era muito mais caro do que no Brasil. 

Estou aqui em Londres, Inglaterra, e o preço da gasolina é de £ 1,61. Isso é aproximadamente R $9,60 o litro. Praticamente o dobro da média de muitos Estados brasileiros. Nossa gasolina é, de fato, uma das mais baratas do mundo. Essa comparação do preço em libra com o real, separada do contexto da economia e do salário médio do cidadão inglês, é tendenciosa e mentirosa. 

Algumas frases chocaram os ingleses, como se Bolsonaro, ali na sacada da embaixada brasileira, quisesse ensinar sua desastrada política: Somos um país que não quer discutir a legalização das drogas, que não quer discutir a legalização do aborto e um país que não aceita a ideologia de gênero...  

Pior ainda foi a repetição do lema fascista, Nosso slogan é Deus, pátria, família e liberdade, também utilizada no Brasil, nos anos 1930, pelos militantes fascistas da Ação Integralista Brasileira, os chamados galinhas verdes de Plínio Salgado. 

Os uniformes integralistas eram verdes, imitando o verde da bandeira, assim como agora os bolsonaristas usam camiseta com o amarelo da bandeira. Em 1938, os galinhas verdes tentaram um golpe e invadiram o Palácio Guanabara para matar Getúlio Vargas; reprimidos, foram postos fora da lei. 

Junto com Bolsonaro vieram sua esposa, que aproveitou para fazer propaganda do seu costureiro, tendo trazido também a tiracolo seu maquiador Agustin Fernandez.  Ainda na comitiva estavam o pastor Silas Malafaia (que não sabia explicar por que tinha ido a Londres), Eduardo Bolsonaro e o padre Paulo Antônio de Araújo. Tudo pago com dinheiro público.  

Silas Malafaia, cujas pregações são feitas aos berros, assustou londrinos que passavam e moradores vizinhos da embaixada, dando origem a um ligeiro tumulto. 

Alguns emigrantes brasileiros bolsonaristas prerguntaram a repórteres da BBC o que faziam ali e por que não iam para a Venezuela. Um inglês quase foi agredido. (por Rui Martins)