O tal Roberto Teixeira é um óbvio calcanhar de Aquiles do Lula |
"...a Justiça estadual de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 45 milhões em imóveis e ônibus de integrantes do PCC e do contador João Muniz Leite, que foi responsável pelo Imposto de Renda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, até hoje, cuida da contabilidade e divide sala com empresas do filho do petista, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha....O ex-presidente Lula não é alvo da investigação. Muniz é contador da família do ex-presidente até os dias atuais. Levam o logo da JML Assessoria Contábil e Fiscal os documentos de cadastro (...) da mais recente empresa criada por Lulinha, a LLF Tech Participações, sediada no apartamento onde o filho do ex-presidente reside.
O imóvel está em nome do empresário Jonas Suassuna, que foi sócio de Lulinha e proprietário formal do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, propriedade em razão da qual Lula foi processado na Lava Jato".
A Folha de S. Paulo, por meio dos repórteres Rogério Pagnan e Victoria Azevedo, acrescentou detalhes ao furo do jornalão concorrente, como este:
"Em seu depoimento a [Sérgio] Moro [na Operação Lava Jato], o contador disse ter sido responsável pelas declarações de renda de Lula, a pedido do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente, de 2011 a 2015".
Ou seja, trata-se de mais um fruto podre da relação de Lula com Roberto Teixeira, confirmando meu alerta de 25 ANOS ATRÁS (!!!).
Foi quando enfatizei, em artigo publicado no Jornal da Tarde (SP), que, ao não expulsar Teixeira como corruptor, mas expulsando um militante honesto que denunciou suas falcatruas, o PT sinalizava um liberou geral para as práticas viciadas da política convencional alastrarem-se por suas fileiras.
Ou seja, se a cúpula do partido tivesse levado a sério minha advertência, não teriam existido mensalão, petrolão e outros escândalos que ainda hoje vêm a público, fornecendo trunfos valiosos para os tucanos no passado e os bolsonaristas no presente. Quem estava certo?
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PT EXPULSA PT – Foi a insistência de Lula em manter o Roberto Teixeira dentro do PT que determinou uma das decisões mais infames tomada pelo partido no século passado: a expulsão de Paulo de Tarso Venceslau, veterano do movimento universitário e da resistência à ditadura (foi da ALN), militante dos mais honestos e dignos, tão identificado com o partido que era chamado carinhosamente de PT Venceslau.
Tal economista foi a única voz no partido a protestar contra o primeiro grande esquema de desvio de recursos públicos para financiamento partidário, por meio de uma firma chamada CPEM.
Tendo sido secretário das finanças de duas prefeituras do PT no interior paulista, em ambas ele resistira às pressões para contratar a CPEM ou para pagar-lhe valores exorbitantes por serviços não prestados, acabando por ser exonerado da última delas, a de São José dos Campos.
Depois de dois anos de denúncias infrutíferas aos dirigentes máximos do partido, Venceslau tornou público o favorecimento escuso à CPEM em entrevista ao Jornal da Tarde (SP).
Como resposta ao escândalo, o PT submeteu o assunto a uma Comissão Especial de Investigação presidida por Hélio Bicudo, cuja salomônica decisão foi a de que Venceslau errara ao vazar um assunto interno para a imprensa burguesa; e o Roberto Teixeira, titular da CPEM, deveria ser julgado por corrupção.
"...parece provável que ROBERTO TEIXEIRA possa ter se valido, de forma pouco ética, da amizade com LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, para não só se omitir face ao dever de informar e acautelar em relação à CPEM como também para desqualificar denúncias contra a mesma.
No caso presente, parece ser difícil descartar a hipótese de que ROBERTO TEIXEIRA tenha cometido ‘abuso de confiança’ com ‘aproveitamento das relações de amizade’ que mantém com LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA. Entre a defesa da empresa que gerou renda para seu irmão e presumivelmente para si e o interesse público e partidário, ROBERTO TEIXEIRA optou pela primeira. No âmbito desta opção deve ser, portanto, avaliado em sua conduta.
Assim sendo, a presente Comissão de Investigação não pode deixar de concluir que a presumível conduta de ROBERTO TEIXEIRA, na conformidade do que acima se relatou, não se coadunaria com os rígidos padrões éticos que devem orientar as condutas dos militantes do PARTIDO DOS TRABALHADORES. Se em outras agremiações partidárias comportamentos de tal natureza costumam ser aceitos como normais ou não qualificados como dignos de repreensão, no PT comportamentos dessa natureza se colocam como descabidos e inaceitáveis.
É, portanto, dentro desta dimensão que esta Comissão sugerirá ao final deste Relatório à Executiva Nacional do PT a abertura de processo ético-disciplinar contra o militante ROBERTO TEIXEIRA pela prática de grave conduta a ser avaliada e julgada, após regular direito ao contraditório e ampla defesa, pelo órgão partidário competente".
A direção partidária optou, então, por desconsiderar o parecer da Comissão, expulsando Venceslau e aliviando para Teixeira. Foi o instante em que se assumiu como um partido igual aos outros, capaz até de sacrificar um militante exemplar e revolucionário para preservar uma maçã podre.
Segundo Venceslau, o tal Teixeira teria sido, inclusive, "torturador do delegado Fleury".
Tudo que de ruim aconteceria depois foi consequência dessa terrível decisão. Orgulho-me de haver me solidarizado a Venceslau, antecipando que o partido tendia ao desvirtuamento, no artigo PT expulsa PT – que o Jornal da Tarde então publicou com destaque na sua página de Opinião,
Faço questão de reproduzir um trecho do meu artigo de então, desagravando o companheiro injustiçado (ele mereceu isto e muito mais!).
Faço questão de reproduzir um trecho do meu artigo de então, desagravando o companheiro injustiçado (ele mereceu isto e muito mais!).
"Poucos no Brasil levam suas convicções às últimas consequências, como Paulo de Tarso. Ele correu todos os riscos em nome de princípios que acreditava serem compartilhados por seus companheiros. Terão eles a coragem de manter-se fiéis a esses princípios? Cada um, ao definir sua atitude em relação a Paulo de Tarso, estará definindo quem é e o quanto vale".
Depois daquele episódio de 1997/78, o nome de Teixeira reapareceria no noticiário político-policial:
— em 2006, quando era advogado da Brasil Telecom e foi convocado para depor na CPI dos Bingos (ele admitiu conhecer Daniel Dantas, mas se disse impedido de dar mais detalhes por haver cláusula de confidencialidade).
— em 2017, quando se tornou réu da Operação Lava jato, após ser citado nas delações premiadas da Odebrecht; e
— em 2020, quando a Polícia Federal investigou tráfico de influência no STJ e no TSU, com desvio de recursos públicos do Sistema S e foram tornados réus dois advogados do Lula, Cristiano Zanin e ele próprio, Roberto Teixeira, acusados de liderar o esquema.
Para não perder o hábito, ei-lo novamente na origem do noticiário adverso ao Lula, e isto num momento dos mais importantes... (por Celso Lungaretti)
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