O cabra marcado para morrer de 2022... |
Só provocou toda essa gritaria no exterior porque, desta vez, os sicários mataram também um jornalista estrangeiro. Ou seja, as matanças covardes de brasileiros já estão normalizadas, pasmo e indignação só existe quando alguém diferenciado vai junto.
Isto também vem de longe. Dos exterminados pela ditadura militar, ninguém sofreu martírio tão extremo e prolongado quanto o Bacuri.
E ninguém causou tanta comoção lá fora quanto o Vladimir Herzog, que, embora houvesse sucumbido a um provável ataque cardíaco logo na primeira sessão de tortura que sofreu, era de ascendência judaica, o que alhures o colocava em patamar superior até mesmo ao dos companheiros que sofreram suplícios intermináveis e inenarráveis nos aparelhos clandestinos da repressão.
...e o de 1962. Tudo como dantes no quartel de Abrantes. |
Lamentei muito por Herzog, a quem eu conhecia de vista como professor da ECA-USP quando lá estudava, assim como muito lamento o óbito de Dom Philips, que veio morrer numa terra distante por praticar um jornalismo idealista.
Mas, se eu tiver de chorar, será antes por Bruno Pereira e pelo João Pedro Teixeira, o cabra marcado para morrer, líder da Liga Camponesa de Sapé (PB), assassinado a mando dos latifundiários em 1962.
Porque estes não ignoravam quão pouco valiam suas vidas no Brasil e, mesmo havendo sido alertados de que tinham as mortes encomendadas, decidiram seguir adiante, assumindo todos os riscos em nome de suas convicções. (por Celso Lungaretti)
Dirigida por Eduardo Coutinho, esta narrativa semidocumental
teve suas filmagens interrompidas quando do golpe de 1964 e
retomadas em 1981. O longa-metragem foi lançado em 1984.
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