josias de souza
EM VEZ DE SUAVIZAR O MARIDO, MICHELLE
SE BOLSONARIZA: "ELE É IMBROCHÁVEL!"
Por sugestão dos estrategistas do centrão, Michelle Bolsonaro virou objeto de campanha no pressuposto de que sua presença nos palanques, em entrevistas e até em rede nacional de televisão suavizaria a péssima impressão que as mulheres brasileiras têm do seu marido.
Até aqui, segundo o Datafolha, não funcionou. A intenção de voto em Bolsonaro entre as mulheres, em todas as faixas de renda, é sempre numericamente inferior à registrada entre os homens. A coisa pode piorar. Em vez de suavizar o marido, Michelle começa a se bolsonarizar.
Exposta ao lado do marido num programa de TV popularesco, a primeira-dama foi submetida a uma pergunta marota. Indagou-se se Bolsonaro tá dando conta em casa. Michelle achou quer seria uma boa ideia aderir a uma tríade que Bolsonaro costuma associar a si mesmo. Ele é imbrochável, incomível e imorrível, disse a primeira-dama.
O desempenho de Bolsonaro na alcova não interessa ao eleitorado. O apreço de Michelle pelos bordões machistas e sexistas do marido também interessa muito pouco. Mas na vitrine do Planalto, Bolsonaro é bem diferente do que imagina ser.
Sempre que se defronta com um problema, o presidente amolece. O centrão come cotidianamente o seu prestígio.
E sua candidatura morre aos poucos nos índices das pesquisas. Se há corrupção, Bolsonaro diz que não tem como saber de tudo o que acontece nos ministérios; se os combustíveis sobem, alega que não manda na Petrobras; se a inflação rosna, põe a culpa na pandemia e na guerra do Putin.
Esse Bolsonaro real se parece mais com um presidente banana do que com o personagem viril que ele tenta representar, agora com o endosso de Michelle. A adesão da primeira-dama ao bordão do marido não deve ajudar a dissolver a aversão das mulheres à candidatura do valentão. (por Josias de Souza)
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