quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

PRECISAMOS NOS LEVANTAR EM DEFESA DO POVO UCRANIANO – 2

(continuação deste post)
E
ntretanto, a síndrome do tucunaré permanece ativa. 

Os EUA e a Europa veem suas moedas perderem substância e suas empresas terem de transferir as unidades de produção de mercadorias para as regiões de trabalho escravo. 

Já o novo bloco geopolítico formado, com a China à frente, precisa vender suas mercadorias para manter o crescimento do PIB que tudo financia (inclusive os juros de sua colossal dívida pública para com a banca internacional). 

Não há como resolver tal questão nos marcos do capitalismo! 

Diante do impasse que se prenuncia como irresolúvel e aponta para um crash de todo o sistema capitalista, a solução que estes senhores encontram não é outra senão a destruição de contingentes humanos tornados supérfluos para a sua lógica funcional. 

Sob o capital, quem não produz valor não serve para viver. 

A ocupação da Ucrânia, país que secularmente sofre por situar-se na fronteira entre a Europa, Eurásia e Ásia, é apenas a ponta-de-lança de um sentimento e interesse muito maior: a guerra por hegemonia econômica global e a implantação de outro padrão de moeda internacional, que sirva de referência para a nova configuração da produção de mercadorias e sua comercialização internacional.
A Ucrânia é o chamado boi de piranha neste quadro, para ficarmos ainda na metáfora dos peixes.

O componente novo nesta velha história de luta e beligerância dos países (e isto também é nacionalismo de patriota idiota) por hegemonia política e econômica é a possibilidade de uma hecatombe nuclear. 

São muitas as nações hoje capazes de produzir bombas atômicas que fazem as de Hiroshima e Nagasaki parecerem traques de festas juninas. 

Fico sempre pensando no que fariam Adolf Hitler e seu cruel  ministro da Propaganda Joseph Goebbels ouvindo os estrondos das bombas do Exército Vermelho que avançava, se pudessem apertar um botão de bomba atômica e destruir a humanidade... 

A verdade é que precisamos nos dar conta da gravidade dessa ameaça. Fomos viciados em dinheiro, mesmo sem uma clara compreensão da sua dinâmica; essência constitutiva e processo contraditório autodestrutivo; destrutibilidade social; e seu conteúdo segregacionista intrínseco.  

E agora, tal como um toxicômano que busca na causa do seu infortúnio, o consumo da droga, a solução para sua crise de abstinência, buscamos no dinheiro a solução de quase todos os nossos problemas (daí a unanimidade entre direita e esquerda, na insistência numa impossível retomada do desenvolvimento econômico) 

Queremos curar o mal com mais doses do próprio mal, e que está cada vez mais escasso. Assim, estamos feitos.

Precisamos fazer um levante em defesa do povo ucraniano, espremido entre as ondas violentas e o rochedo contra o qual elas se debatem...

Urge que a humanidade saia da letargia comportamental que a flauta mágica do fetiche capitalista lhe impõe, abandonando essa jogatina insana, ao invés de agir como um apostador viciado que, no afã de zerar o prejuízo acumulado, perde até a última ficha. 

Urge que defendamos e introduzamos uma nova ordem mundial, transnacional, de concórdia entre os povos, que impugne a política e seus governantes manietados pela lógica fratricida que os ungiu ao poder vertical (constitucionalmente elitista) do qual desfrutam. 

A direita nazifascista precisa ser combatida e exorcizada.

A esquerda politicamente correta precisa abandonar sua zona de conforto, não se deixando mais confinar num espaço geopolítico submisso e predeterminado pela capital, na ilusão de que o possa humanizar. Cabe-lhe movimentar-se para onde possa exercer plenamente o que o melhor discernimento da nossa racionalidade humanista está a exigir!

Urge superarmos o capital. (por Dalton Rosado) 

3 comentários:

SF disse...

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Borel, sim Borel, Von Neumann, Morgestern, Dresher, Flood, Tucker e Nash em situações de guerra real estudaram a resolução de situações de incerteza.
John Nash era comprovadamente doido, mas dele emergiu a solução do EQUILÍBRIO para jogos estratégicos não cooperativos.
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Como não sou estudioso da teoria, e nem matemático, para mim ficou apenas uma vaga noção de que jogos honestos tem: informação perfeita e simetria de forças.
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Tipo um semáforo. O jogo mais honesto da nossa desonesta sociedade.
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Atentos a estes conceitos básicos podemos ver que as forças são simétricas e a comunicação é perfeita.
Essa comunicação vem desde depois da 2a guerra.
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Então, sossegue.
Não há razão para haver guerra.
Não entre os jogadores citados.
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Coincidentemente, quando surgiram as notícias de possível guerra, era o vencimento dos contratos futuros de commodities agrícolas, cujas cotações dispararam, pegando muitos vendidos no contrapé.
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O que não se faz por dinheiro!
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Ocorre que, assim como a faca de cozinha não é feita para a prática de homicídio, o dinheiro não foi criado para isso.
Culpar a faca ou o dinheiro pelos crimes que as pessoas cometem não faz o menor sentido.
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E não, não há a menor possibilidade de guerra ou catástrofes do tipo.
Os caras da teoria dos jogos já demonstraram isso naquela linguagem humilde, simples e universal chamada matemática.
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Enquanto houver simetria de forças e comunicação perfeita não haverá a 3a guerra.
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E pode ser que se possa superar este problema da nacionalidade e estados nação através da superação das suas apodrecidas moedas fiduciárias que são a síntese da informação imperfeita.
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A paz é a gente quem faz.
*

celsolungaretti disse...

Caro SF,

o dinheiro não é um mero instrumento, como a faca; ele é a representação numérica de uma forma de relação social escravista: a forma-valor.

É ele/ela quem promove a escravização indireta da apropriação da riqueza abstrata medida pelo tempo-valor do trabalho abstrato transformado em mercadoria e produtor de mercadoria; promove a possibilidade de acumulação de mercadorias representada pelo dinheiro-valor, a mercadoria das mercadorias.

Um abração, Dalton Rosado.

SF disse...

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Grande Dalton!
Estamos pacificados quanto a questão dos jogos honestos e da atual impossibilidade de um guerra mundial.
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Eu nunca lhe replico dada a vastidão de seu conhecimento e a minha ínfima compreensão e saber.
Saber este, o mais das vezes, adquirido longe do ambiente citadino.
Eu fui daqueles que morou nos cafundós desta linda banânia. O fim da linha como se diz nestas plagas.
***
Isso livrou-me de uma praga atual, a baixa autoestima.
Li por aí:
A vida na cidade é anônima, e, por assim dizer, abstrata. As pessoas se
relacionam umas com as outras, não como personalidades totais, mas como as
personificações de funções econômicas, ou quando não estão no trabalho, como
irresponsáveis buscadores de entretenimento.
Sujeitos a esse tipo de vida, os indivíduos tendem a se sentir solitários e
insignificantes. A existência deles (dos citadinos) deixa de ter qualquer razão
ou significado.
***
Por outro lado, na roça nós é simprão de tudo!
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Denário, a moeda romana de prata.
Cunhada para evitar que os legionários saqueassem.
Ao comprar o que poderiam ter tomado a força, algo de civilização foi ensinada àqueles brutos.
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Se bem que a civilização nunca foi realmente aceita por patrícios, pretores e legionários.
Que o digam a máfia e as milícias que tiveram origem naquela roma imperial e decadente.
A extorsão e o saque continuam até hoje.
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E olha que eles escutaram as lições dos estoicos.
Catão o Jovem, Cícero (um estóico de boutique), Sêneca (angustiado e o autor estoico mais lido no mundo), Tráseo (cabra homem que encarou Nero), e tantos outros que pegaram pela frente Tibério, Calígula, Cláudio e Nero.
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O nunca suficientemente homenageado Epicteto e o imperial Marco Aurélio.
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No lodoso e corrupto do pântano romano floresceram esses lótus de sabedoria.
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Veja, o denário (dinheiro) vem da visão de homens de estado pacifistas.
Eles idealizaram alguma possível paz para aquelas bestas humanizadas.
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Até hoje o dinheiro tem essa função de promover uma troca pacífica de bens e serviços entre os seres humanos.
Premia a iniciativa, permite a previdência, recompensa quem produz e tantos outros benefícios que este processo civilizatório trouxe e vem trazendo através dos tempos.
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Ocorre que os governos caem na tentação de achar que produzir dinheiro produz riqueza... criando dinheiro inflacionam a oferta e, de inflação em inflação, chegamos a atual estado de coisas.
Moedas falsas emitidas pelos estados-nação. As tais fiduciárias.
***
Qualquer um que faça as contas verá que isso vai colapsar.
***
No Canadá, neste momento, está acontecendo uma queda de braço entre a moeda fiduciária e as criptos P2P.
É bem capaz de o estado ganhar mais essa, porém os caras (do estado) são inteligentes o suficiente para perceber que foram desafiados e correram o risco de perder a parada.
***
Lembra das simetrias do jogo honesto?
***
Em tempo.
Meu experimento com a goiabeira continua demonstrando que sob certas circunstâncias e com generosidade (de minha parte e da turma que zela do canteiro), aliada a rusticidade das mirtáceas, pode sim, ser que algumas coisas sejam livremente consumidas sem intermediação do dinheiro.
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Até o dia em que um doido, drogado e mau-caráter passar com o carro por sobre a planta que tão bons frutos produz.
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Ou não.
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