dalton rosado
A TENSÃO DA GUERRA
As mesmas questões que causaram dois conflitos mundiais no século 20 estão presentes na tensão de guerra dos últimos dias, envolvendo um novo bloco de países: a Rússia e a China de um lado; e o ocidente do outro.
É a velha e abominável luta pela hegemonia econômica de uns sobre outros.
Trata-se da melhor tradução do que seja o regime da exploração do homem pelo homem: capitalismo é isto!
Reproduz-se no campo internacional o que se observa no microcosmo de qualquer cidade capitalista, na qual os pequenos comerciantes lutam entre si para que sobrevivam uns e morram os outros, terminando todos, contudo, por sucumbir diante de algum capitalista maior e mais poderoso.
A 1ª Guerra Mundial foi consequência do interesse insano da Alemanha de dominar a Europa, por se considerar tecnologicamente superior no contexto da revolução industrial em curso na Europa.
A 2ª Guerra Mundial decorreu da primeira e dos mesmos interesses, com um adicional racista acentuado.
A Alemanha se recuperava dos danos advindos da derrota na 1ª Guerra, que submeteu o povo germânico à penúria enquanto o país amargava ter sido obrigado a retirar-se de áreas sob sua influência, por exigência dos vitoriosos.
Tais frustrações alimentaram um forte desejo de vingança, capitalizado pelo nazismo belicoso, xenófobo e racista, com sua exigência de espaço vital e sua exaltação de uma suposta superioridade ariana.
O vírus desta insanidade desumana que se instala entre os humanos tal qual uma peste sanitária altamente letal e que tomou forma desde a primeira revolução industrial, chama-se capitalismo.
Agora a geopolítica capitalista toma novos contornos, com o agravante de que uma guerra convencional, de ocupação militar terrestre, com apoio marítimo e aéreo, poderá ser o estopim de uma guerra nuclear devastadora, capaz de colocar a espécie humana a um passo da extinção..
O calcanhar de Aquiles do capitalismo one world em estado agônico é sua impossibilidade de expansão, pois esta se tornou socialmente destrutiva, ecologicamente suicida e estruturalmente autodestrutiva de sua própria forma e fundamentos enquanto modo de relação social.
Os Estados Unidos e o ocidente europeu, que nos últimos cem anos usufruíram os benefícios de suas hegemonias política e econômica, veem o feitiço se virar contra o feiticeiro. E é no mercado, o altar do sacrifício humano, que a autofagia capitalista se consuma.
O capitalismo, repito, é uma forma de relação social fratricida. Sofre do que chamo de síndrome do tucunaré (peixe predador que, nos açudes, engole todos os outros até exterminá-los e então, por não ter mais alimentos, destrói a si mesmo).
Ao introduzir a tecnologia de ponta na produção de mercadorias, o capitalismo decretou, em maior parte, o desuso do trabalho abstrato (trabalho vivo, capital variável, Marx), substituído pelo trabalho das máquinas (trabalho morto, capital fixo, Marx) e, assim, reduziu substancialmente a massa de valor global produzida, tornando inviável a mediação social sob sua lógica.
Vence, agora, quem aplica tecnologia e trabalho escravo (ainda mais explorador do que o anterior) na produção de mercadorias. Esta é a receita da China capitalista para sentir-se autorizada a propor uma nova hegemonia política e econômica para o mundo, tendo a Rússia como seu satélite. (por Dalton Rosado – continua neste post)
Dalton expressa em música quanto cansaço lhe causa ter de
suportar a insensatez e desumanidade do capitalismo agônico
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