quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

CINEMA DA FUNDAÇÃO PRINCESA ISABEL: PRÓXIMO FILME, "O CANTOR DE JAZZ"

"O cantor de jazz", 1º filme falado da história, traz o
ator branco Al Jolson como um músico que pinta
a cara de preto para alcançar o sucesso.
rui martins
RACISMO E ANTISSEMITISMO AGITAM IMPRENSA
Provocou forte reação entre intelectuais o artigo Racismo de negros contra brancos ganha força com o identitarismo, do antropólogo Antonio Risério, publicado em 16/01/2022 na Folha de S. Paulo, citando fatos ocorridos nos EUA embora querendo se referir à sociedade brasileira. 

Não só isso: houve abaixo-assinado de jornalistas da própria Folha (seguido de explicações do diretor da redação, Sérgio Dávila), e outro abaixo-assinado, este de favoráveis à visão de Risério.

Por um momento – que esperamos seja longo, pois logo estará em discussão a reformulação das cotas raciais e a mudança do nome da Fundação Palmares para Fundação Princesa Isabel , o linguajar chulo seguido de argumentos rasteiros e destituídos de inteligência do presidente Bolsonaro e seus ministros foi substituído, enfim, por um debate de nível universitário.

Teria Risério descoberto na Bahia a versão brasileira de Marcus Garvey, o jamaicano sindicalista que, nos anos 30, tendo se tornado líder dos negros estadunidenses, denunciava a segregação e os lichamentos, criou a United Negro Improvment Association e se intitulou o porta-voz da raça negra

Ou encontrou algum descendente de Emiliano Munducru, o anti-segregacionista brasileiro pioneiro na luta contra a segregação nos Estados Unidos? 

[Desconhecido no próprio Brasil, Munducru é citado na França e na África como exemplo, pois em 1833 ousou processar um capitão de navio por segregação.]

Ou existe algum Bobby Seale ou Huey Newton brasileiros querendo organizar uma versão dos Panteras Negros no Brasil?

Ao que se saiba, nenhum movimento anti-brancos, dirigido por negros, existe no Brasil. Se os brancos são os alvos preferidos nos assaltos não é por motivo racial, mas por possuírem mais dinheiro ou viverem em propriedade com bens de maior valor.

Bem ao contrário de incitar um racismo contra brancos, Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, está empenhado em acabar com a legenda do herói negro Zumbi, para transformar a abolição da escravidão não numa conquista dos abolicionistas, mas numa dádiva da princesa Isabel, um tanto tardia, pois o Brasil foi o último país americano a acabar com a escravidão. 

Camargo nada tem de contestador do racismo no Brasil, pois está empenhado numa depuração da Fundação Palmares, equivalente a uma limpeza destinada a apagar da memória brasileira todos os nomes de negros conhecidos por terem denunciado o racismo, num processo absurdo de branqueamento dele e de nossa história.

A provocação feita por Risério já havia sido brilhantemente contestada, p. ex., pelo professor Fabrício César de Oliveira neste artigo do Observatório de Imprensa.  

Mas, resolvi dar também a minha opinião face à evasiva resposta do diretor da redação da Folha Sérgio Dávila e à alegação indevida do editor Marcos Augusto Gonçalves de que esperavam reações e argumentos para um debate, contudo 
infelizmente, não houve debate algum, mas um tsunami nas redes sociais para tentar silenciar e punir, como de hábito, o divergente.

Ora, houve debates, e muitos, e mesmo o elogio do autor da visão do racismo reverso, no numeroso abaixo-assinado de seus apoiadores, segundo os quais ele seria, no momento uma das vozes mais importantes do país, sobretudo por fazer oposição a uma ideologia intolerante e autoritária (mas não identificada e nomeada!). 

A cor do texto desse abaixo-assinado é tão evidente, que nele só falta a assinatura de Sérgio Camargo, se é que já não assinou…

O racismo nas Américas vem de longe, vem do colonialismo europeu, do tráfico de escravos dos negros africanos. Por isso, diante da tese sociológica de um antropólogo, nada mais aconselhável do que buscar na imprensa de um importante país colonialista, a França, o que existe sobre o debate do racismo reverso ou anti-branco.

Em linhas gerais as expressões racismo anti-branco ou racismo reverso são contestadas pelos pesquisadores franceses em ciências sociais.

O racismo dominante está inscrito na organização social, é sistêmico e estrutural. No campo político, essas expressões são utilizadas e instrumentalizadas pela extrema-direita ou direita nacional populista. 

De acordo com a professora de filosofia política na Universidade Panthéon-Sorbonne, Magali Bessone, a noção de racismo anti-brancos não é pertinente nas sociedades onde os brancos estão em posição de dominação, podendo haver casos isolados, mas considerados ódio racial.

ENTREVISTA RETIRADA DO AR SOB ACUSAÇÃO DE ANTISSEMITISMO – Coisa rara, o site TV 247 retirou do domínio público, por isso não pode ser mais acessado até uma análise mais aprofundada, o vídeo Youtube do programa Um Tom de Resistência, do último dia 20, no qual foi entrevistada a jornalista e escritora, Lúcia Helena Issa, ex-correspondente colaboradora da Folha em Roma.

O tema da entrevista, que ficou no ar durante dois dias, é Tráfico de mulheres brasileiras para Israel. Diversas entidades e associações judaicas, inclusive a Confederação Israelita do Brasil, denunciam a entrevista, atribuindo-lhe afirmações antissemitas. O fato de o vídeo ter sido bloqueado e não permitir acesso impede outras informações. (por Rui Martins)
Eis um número apresentado por Al Jolson fingindo-se de negro

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Celso, tudo bem por aí?! Deixo aqui sugestão
do Filme A grande ilusão, caso Você não tenha
tido a oportunidade de ver.
Haverá semelhança com um certo "Favoritaço".

A Grande Ilusão - Trailer
https://www.youtube.com/watch?v=ujS7TOWF24s&ab_channel=SonyPicturesHEBrasil

All the King's Men (1949) ORIGINAL TRAILER [HD 1080p]
https://www.youtube.com/watch?v=DivcuGBAHcI&ab_channel=HDRetroTrailers

Abraço do Hebert.

celsolungaretti disse...

As sugestões do Hebert são:
—"A grande ilusão" ("All the King's men", d. Steven Zaillian, 2006, c/ o Sean Peen) e
— o clássico homônimo do qual ele é remake ("All the King's men", d. Robert Rossen, 1949, c/ Broderick Crawford).

Curiosamente, há um filme melhor ainda com o mesmíssimo título em português, só que este é francês e baseado numa história diferente ("La grande illusion", d. Jean Renoir, 1937, c/ Jean Gabin).

Infelizmente, nenhum dos 3 está disponível no Youtube. Ficarei atento.

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