(continuação deste post)
No cult Jonas, que terá 25 anos no ano 2000, cabe às crianças resgatar e unificar as tendências que se dispersaram no pós-1968, conduzindo-as à vitória. |
À altura, o grande embate sindical se dava entre, de um lado, as direções adeptas da tradicional reivindicação de melhoras salariais (cada vez menos fortes na correlação de forças com o capital, em face do numeroso exército de desempregados); e, do outro, as muitas direções sindicais que haviam trocado o antigo sindicalismo de resultados pela crescente sindicalização emancipacionista, consistente numa produção social fora da lógica do valor e do mercado.
Nas décadas anteriores as manifestações de ruas haviam sido reprimidas com violência e mortes.
O embate então se dava entre uma população desarmada, ainda crédula na representação política burguesa, e as forças militares de governos que só tinham tal resposta a dar, pois não podiam atender aos reclamos da população por absoluta falta de meios (o dinheiro cada vez escasso do Estado falido) e falta de vontade política. Os confrontos acabavam descambando para carnificinas infrutíferas.
A proporção de baixas nestes embates em praças públicas era de 50 civis para cada militar morto. O mais impressionante é que muitas vezes entre os mortos estavam parentes próximos dos militares que, a troco de um soldo mensal, barbarizavam a população desesperada.
Sítio Brotando a Emancipação, em Fortaleza |
Entretanto, uma nova forma de pressão popular contra a tirania social e ecológica do capitalismo ainda renitente passara a tomar forma, impulsionada pelas facilidades de comunicação (via satélite) que o próprio capitalismo introduzira, com internet e celulares baratos.
Tais celulares (cada pessoa tinha um e cada um e vivia agarrada à telinha) traziam frases instrutivas, debochadas e revolucionárias que calavam fundo nas consciências populares, tais como:
— a mercadoria é o ópio do povo;
— não trabalhe jamais;
— a emancipação do homem será total, ou não será;
— as armas da crítica passam pela crítica das armas;
— abaixo o realismo socialista, viva o surrealismo;
— a imaginação toma o poder;
— é proibido proibir;
— não mude os empregadores, mude o emprego da/na vida;
— pare o mundo que eu quero descer;
— pela autogestão da vida cotidiana;
— não nos prendamos ao espetáculo da contestação, passemos à contestação do espetáculo;
— os sindicatos são uns bordéis;
— professores, vocês nos fazem envelhecer.
A vida pode ser bem melhor, e será! |
Quando alguém era intimado por um policial a comparecer a uma delegacia sob a acusação de ter cometido crime contra a economia estatal, já era comum a retaliação solidária dos vizinhos e de uma força comunitária anti-repressão que se criara em cada bairro. A ida à delegacia se dava sob escolta de um grande contingente de pessoas solidárias, o que inibia a prática de arbitrariedades.
O lema então vigente passara a ser mexeu com um de nós, mexeu com todos!. O sentimento de defesa comunitária havia se difundido de tal maneira que as forças de repressão passaram a ficar pisando em ovos quando tinham de cumprir tais ordens arbitrárias.
Sob tal perspectiva, aos poucos foi sendo difundida uma estratégia de ação para derrubar definitivamente o sistema capitalista combalido e sua força política e policial estatal protetora. Já se sentia o apoio e a força propulsora da revolução. (por Dalton Rosado – continua neste post)
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