domingo, 12 de dezembro de 2021

IRONIA: JOE BIDEN PROMOVE "CÚPULA DA DEMOCRACIA" ENQUANTO AGUARDA A EXTRADIÇÃO DE JULIAN ASSANGE

Mais um capítulo na perseguição a Julian Assange pelo governo dos EUA tomou forma nesta 6ª feira (10): um tribunal superior do Reino Unido reverteu o juízo de uma magistrada da 1ª instância e autorizou a extradição do fundador do Wikileaks para Washington. 

Desde 2012 o governo estadunidense vem movendo uma odiosa perseguição política contra Assange, como represália por seu site haver divulgado milhares de documentações sigilosas que provavam crimes cometidos pelos EUA (não só espionagem, mas até assassinatos e massacres!); como consequência, o jornalista viu sua liberdade e sua saúde serem duramente atingidas.

Primeiramente, uma campanha empresarial bloqueou os recursos financeiros do Wikileaks ao redor do mundo, jogando o grupo e seus membros na penúria. Muitos passaram a sofrer até mesmo com o fantasma da fome. 

Num segundo momento, sórdida campanha midiática – da qual muitos jornalistas brasileiros participaram – tratou de enlamear a reputação de Assange e  seu grupo. Mas seria o terceiro ato o mais cruel e kafkiano de todos. 
Impossibilitado de agir diretamente, o governo dos EUA acionou seus vassalos Suécia e Inglaterra para agir contra Assange. 

Na Suécia, uma patética acusação de estupro foi feita contra ele, levando o governo a pedir sua extradição e colocando o jornalista sob ameaça de ser extraditado. 

Assange, então, asilou-se na embaixada do Equador (cujo presidente ainda era Rafael Correa) e ali ficou por cerca de sete anos. 

No entanto, assumindo novo presidente, o também vassalo estadunidense Lenin Moreno, o governo do Equador revogou o asilo e entregou Assange ao governo britânico. Num passe de mágica, a acusação de estupro foi retirada na Suécia e os EUA assumiram a dianteira no pedido de extradição. 

Por óbvio, os trâmites legais na Inglaterra para extraditar ou não Assange são puro teatro. A decisão já está tomada e é por isso que Assange apela à ameaça do suicídio para tentar colocar o governo britânico em maus lençóis. Nem isso, contudo, parece ter comovido os submissos juízes da terra da Rainha.

Cinicamente, dizem eles acreditar nas garantias do governo estadunidense, de que não vão ocorrer abusos contra os direitos de Assange, nem ele será constrangido a uma prisão super severa. Chegaram mesmo a sustentar que acreditam na promessa do Tio Sam de que Assange cumprirá pena na Austrália, seu país natal...  

Pelo visto, a hipocrisia é uma constante universal do regime burguês, não exclusiva do Brasil.

Claro como o dia do Nordeste, Assange sofrerá os piores dissabores tão logo ponha os pés nos EUA. Não duvido que chegue até mesmo a sofrer torturas... seu encarceramento em Guantanamo não é improvável. 

Assange é um herói político do século 21 e suas revelações cumpriram papel fundamental na denúncia de crimes de estado e na comprovação do terrorismo estatal praticado pelos EUA ao redor do mundo. 

Sua perseguição em nada fica atrás das perpetradas por regimes ditatoriais ao nível da Rússia ou dos regimes árabes. 

Portanto, é patético que Biden faça uma cúpula em favor da democracia, convidando democratas do quilate de Bolsonaro e Rodrigo Duterte, enquanto move sórdida caçada a (e desumanização de) Assange. É a duplicidade moral do Império e de sua democracia de fachada. 

Mais uma prova de que a democracia burguesa propalada pelos EUA é apenas uma forma mais alargada da autocracia burguesa já demonstrada por Marx. (por David Emanuel Coelho) 

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