(continuação deste link)
Agora são muitos e variados os vetores e segmentos sociais da economia levando aqueles que deles dependem ao desespero, tais as dificuldades encontradas para sobreviverem. E as vítimas do desemprego estrutural passam, evidentemente, por agruras ainda maiores.
Pari passu, o Estado falido sobrevive da emissão de moeda sem lastro e da rolagem de dívida impagável e crescente que faz a alegria dos rentistas do capital e dos bancos com o pagamento de juros, tornando-se, cada vez mais, um voraz cobrador de impostos de uma população economicamente exaurida.
Vemos aumentar dia a dia a precariedade do atendimento das demandas sociais de sua incumbência constitucional (educação, saúde, segurança pública, equipamentos urbanos, etc.) e a arrecadação estatal de impostos mal serve para cobrir as rubricas das despesas estatais não discricionárias.
Exemplo disto é a rejeição do mercado à tentativa do Paulo Guedes de ressuscitar o imposto sobre operação financeira, o que gerou alta do dólar e queda na bolsa de valores.
É a empiria da decrepitude da capital reafirmando as palavras ditas ou escritas pelos seus críticos e até mesmo pela imprensa burguesa.
Pra completar, ainda temos uma epidemia virótica renitente que insiste em contrariar os verdadeiros heróis deste combate, os cientistas descobridores das vacinas.
É um inferno a vida social neste início do século 21!
Mas, não se trata de nenhum bicho de sete cabeças, se atentarmos para as lições da história:
— por que não extrairmos e aproveitarmos o muito que ficou de bom das análises da crítica da economia política marxiana?
— por que não aproveitarmos a correta crítica anarquista sobre a ineficácia da política como canal de acesso ao Estado proprietário e cobrador de impostos, convencendo-nos da necessidade de sua própria superação (ao invés de sua correção por dentro), por tratar-se de ente cujo caráter opressor é intrínseco?
— por que não construirmos uma nova moral social que conteste o caráter oficialmente legal, mas subtrativo e criminoso, da produção social capitalista, que é promotora do enriquecimento social segregacionista e autodestrutivo?
— por que não termos cânones jurídicos que reflitam o verdadeiro senso de justiça social, sem as firulas do direito burguês?
— por que aceitarmos a Constituição burguesa como se fosse a santo graal da verdade divina, imutável e incontestável, ao invés de fazermos a sua crítica de modo diferente do que fazem os conservadores e defensores dos retrocessos civilizatórios ao considerarem-na socialmente inadequada e defenderem o expurgo das conquistas sociais nela contidas?
— por que, em lugar de vivermos eternamente nos preparando para a guerra como forma de obtermos a paz, não nos esforçamos para criar uma ordem de produção social que encare nosso vizinho como fonte de solidariedade ao invés de ameaça, de tal modo que ele nos admire pelo exemplo?
— por que nos submetermos eternamente sob o jugo de um processo eleitoral viciado (não pela manipulação de resultados eletrônicos dos votos computados, mas sim pela manipulação da vontade popular submetida a um curral eleitoral como se fôssemos gado rumo ao matadouro)?
— por que conformarmo-nos sempre ao ruim por medo do péssimo nas eleições?
— por que aceitarmos a emissão de gás carbônico na atmosfera, a poluição de rios e lagoas, a contaminação do lençol freático por produtos químicos, o tratamento inadequado dado ao resíduos sólidos e líquidos do nosso consumo diário, etc., em nome da preservação de empregos de uma máquina de produção social que, além de nos segregar socialmente, é responsável por tais desatinos ecológicos?
— por que sustentarmos sindicatos e partidos que nos protejam no trabalho ao invés de proporem a emancipação do trabalho, fonte primária da prevalência da forma-valor e de sua escravização indireta?
— por que vivermos eternamente sob a subalternidade do medo?
— por que não caminharmos contra o vento, sem lenço e sem documentos para a alegria da emancipação humana, que, se não for alegre e fraterna jamais será emancipatória? (por Dalton Rosado)
Um comentário:
Xiii, Dalton você quadruplicou as perguntas.
Passo.
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Sim, a possibilidade de um mundo melhor passa, necessariamente, pela igualdade das riquezas o que, como é fácil constatar, não ocorre no momento.
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