quarta-feira, 22 de setembro de 2021

JÁ ESTAMOS CARECAS DE SABER QUEM ELE É E POR QUE URGE AFASTÁ-LO. TEMOS DE ARREGAÇAR AS MANGAS E AGIR!

O
que há para se dizer sobre a passagem dos feios, sujos e malvados do bolsonarismo por Nova York?

O de sempre: foram aonde jamais deveriam ter ido porque estão onde jamais deveriam ter chegado. 

O lugar dessa ralé nauseabunda não é Brasília e sim no puteiro (bordel seria uma palavra refinada demais no caso deles) de um grotão perdido na mapa brasileiro, tão perdido que lá se tenha perdido inclusive a noção de vida civilizada e o mais ínfimo senso moral.

Só dois assuntos um articulista deveria abordar ao escrever sobre tais excrescências: 
  1. quando serão expelidos?
  2. o que podemos fazer para agilizar tal higienização?
O resto é ficarmos patinando sem sair do lugar.

Então, não escreverei artigo nenhum sobre esse não-acontecimento, pois, para o que precisa mesmo ser dito, basta uma única charge: a que está no topo. Ela vale mais do que mil palavras, talvez mil linhas, quiçá mil páginas.

Aliás, foi exatamente este o motivo de, embora me identificando imensamente com aquilo que o jornalismo deveria ser e tendo sempre tentando fazer meu melhor (dentro das limitações impostas por ele atender, em última análise, aos interesses da classe dominante e deixar em plano inferior a disponibilização da verdade para o leitor), não haver lamentado quando as portas da grande imprensa se fecharam para mim na década retrasada.

Sim, poderia continuar na ativa até hoje, mas amargurado por estar ajudando a maquilar a verdade ao invés de escancará-la para quem precisa dela tomar conhecimento. Seria obrigado a, como muitos dos nossos, nem sequer me definir como revolucionário, pois é uma palavra proibida na imprensa burguesa. 

Ora, se valho alguma coisa, foi por ter feito a opção revolucionária no finalzinho de 1967 e, apesar de todas as intempéries, jamais haver-me reconciliado com a sociedade que a exploração do homem pelo homem constrói. 

Em 1966, quando ainda refletia sobre o papel que eu deveria desempenhar na vida, um trecho de Masculino Feminino, do Jean-Luc Godard, mexeu muito comigo. O filme inteiro eu nunca consegui encontrar em condições para ser disponibilizado aqui, mas o momento em questão sim. Está na janelinha abaixo.
Pensando bem, ele não fala apenas sobre a farsa que são as pesquisas de opinião, mas sobre a farsa total na qual nos inserimos desde o advento da sociedade de consumo (incluindo o papel que a imprensa nela assume).

Talvez até a reflexão que fiz nos meus longínquos 15 anos haja me empurrado para as ações concretas de solução das mazelas sociais, ao invés de continuar me direcionando para, como  Marx afirmou sobre os filósofos, aprender a "interpretar o mundo, de várias formas".

Pois eu já começava a tender para, completando a frase do velho barbudo (que naquele tempo eu desconhecia), colocar todas as minhas fichas noutra aposta, muito mais difícil, mas que era, vejo agora, a única adequada para mim: "o que importa é transformá-lo". 

E é de uma transformação que o Brasil necessita desesperadamente neste instante, para voltar, pelo menos, a parecer um país de verdade. 

Não de novas constatações de quão insano, medíocre, grosseiro e criminoso é o palhaço sinistro que rege a atual marcha para a entropia e o caos. (por Celso Lungaretti

2 comentários:

Fausto Neves disse...


"Eugênio Bucci, O Estado de S.Paulo
23 de setembro de 2021 | 03h00
Na ressaca do descalabro que foi o discurso do presidente brasileiro na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas, na terça-feira, em Nova York, a gente se acabrunha..."

Celso
Muitos de nós se acabrunha há muitos anos. Penso no Massa quase todos os dias.
Passado dos setenta anos, pensei que já tinha visto alguns 'bons' horrores
E os horrores se 'aperfeiçoam' e se atualizam.

Será que ainda falta mais?

Abraços
Fausto

celsolungaretti disse...

Prezado Fausto,

eu estou chegando aos 71. Já morreram tantos companheiros, parentes, amigos e conhecidos que eu procuro nem pensar neles, para não me deprimir. Há, claro, coisas no dia a dia que os trazem à lembrança. Mas, evito quanto posso cutucar as feridas.

O parágrafo inicial de um conto do Edgar Allan Poe diz tudo: "O horror e a fatalidade têm marcado a trajetória da humanidade em todos os tempos. Por que, então, datar a história que vou contar?".

Um abração!

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