HÁ CHANCE DE GOLPE NO 7 DE SETEMBRO?
Tudo o que não é proibido pelas leis da física pode acontecer, o que inclui a possibilidade de a estátua do Borba Gato sair andando pela avenida Santo Amaro e de Jair Bolsonaro ser coroado rei no próximo dia 8.
Tais eventos, porém, têm uma probabilidade tão diminuta de ocorrer que podemos considerá-los na prática impossíveis.
Bolsonaro e sua malta, embora ainda contem com a proteção da PGR e de deputados do centrão, encontraram uma linha de resistência no STF e no Senado.
O presidente tem o apoio de fatia considerável da população, que deverá dar as caras no 7 de Setembro. De modo ainda mais preocupante, conta com o suporte de milicianos, de PMs e do baixo oficialato de várias forças militares.
Mas vai perdendo aliados e fiadores estratégicos. A parte menos ideológica do empresariado se cansou da incompetência e começa a desembarcar. Até os banqueiros, que trazem em seu DNA os genes do governismo, soltaram uma rara nota em que deixam claro que não apoiarão nenhuma esquisitice extra institucional.
A chance de Jair Bolsonaro tentar dar um golpe não é, infelizmente, tão remota. Pelo contrário, é bastante real. A boa notícia é que a probabilidade de ter êxito numa empreitada dessa natureza é pequena e diminui a cada dia. O governo do capitão reformado é fraco e vai se desmilinguindo aos olhos de todos.
Por um bom tempo eu temi que a combinação do arrefecimento da epidemia com a recuperação da economia tornaria Bolsonaro um candidato competitivo em 2022.
O risco ainda existe, mas um ciclo de crescimento econômico capaz de favorecê-lo parece cada vez mais longe. Ao contrário, a perspectiva é de desemprego e inflação elevados, além do perigo de apagões elétricos.
Paradoxalmente, é um cenário que aumenta a chance de o presidente se aventurar num ato desesperado e diminui a de que tenha sucesso em fazê-lo. O resultado desse duplo movimento tende a ser confusão limitada. (por Hélio Schwartsman)
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