quinta-feira, 9 de setembro de 2021

A CONTAGEM REGRESSIVA DEU UM SALTO NO 7 DE SETEMBRO: O DIA EM QUE O BOZO VAI VOLTAR A SER NADA ESTÁ BEM PRÓXIMO

rui martins
DEPOIS DO BLEFE, SÓ RESTA MESMO O IMPEACHMENT
"seus delírios e a falta de competência para
governar o fizeram perder muitos seguidores"
A
gora não há mais motivo para o presidente da Câmara, Arthur Lira, adiar a discussão do impeachment do ainda presidente Jair Bolsonaro. Além dos mais de 150 pedidos, desta vez é o governador de São Paulo, João Dória, quem decidiu também pedir o impedimento desse presidente de fancaria.

Nos seus dois discursos malfeitos (nas análises da comentarista da Band, Dora Kramer e do ex-ministro Aldo Rebelo), seja pela falta de uma estrutura, seja pela falta de dados concretos e precisos, Bolsonaro repetiu a ladainha de sempre contra o voto eletrônico e contra dois dos membros do Supremo Tribunal Federal. Com uma novidade: ousou desafiar o juiz Alexandre Moraes, dizendo que não acatará e nem cumprirá suas decisões.

Será mesmo capaz disso? Ninguém mais acredita naquele que, depois de ser chamado de coveiro, genocida e uma recente palavra ofensiva, corre o risco de acumular a alcunha de faroleiro, depois desse blefe do 7 de setembro. 

Havia seguidores fanáticos na Praça da Esplanada e na avenida Paulista, porém muito aquém do alardeado por Bolsonaro. Apesar das ameaças proferidas pelas matilhas bolsonaristas nas redes sociais, que faziam pensar no ocorrido no Capitólio depois da derrota de Donald Trump, não houve nenhuma invasão de prédios da praça dos Três Poderes, nenhuma briga, nenhum ferido e nenhum morto. Só ameaças.
"havia seguidores fanáticos, porém muito
aquém do alardeado por Bolsonaro"

Felizmente, não havia entre o gado bolsonarista reunido nenhum Jacob Chansley, o arruaceiro mais conhecido como bisão ou xamã do QAnon, como bem lembrou o Celso Lungaretti (vide aqui). É verdade que alguns deles foram presos por antecipação, porém tanto o chefe como seus seguidores, no dizer do velho ditado, latem, mas não mordem

Os latidos foram tão fortes que acabaram atravessando o oceano, inquietando, em Genebra, a própria ONU. Os jornais europeus também publicaram ressonâncias dos latidos, chegando-se mesmo a se falar no risco de um golpe de extrema-direita no Brasil.

O colunista da Isto É, Marco Antônio Villa, ficou impressionado com as ameaças bolsonaristas, a ponto de considerar ter sido declarado o golpe, mas um golpe por etapas, pedindo para Lira e Pacheco reagirem logo e também passarem para a ofensiva não deixando isolado o STF. 

Porém, o professor Paulo Ghiraldelli, com suas centenas de milhares de seguidores no YouTube, não se impressionou com o risco do golpe bolsonarista, mais acostumado em ironizar a fraqueza, a covardia e os blefes de quem para ele não passa de um bufão.

Governando e desgovernando o Brasil sem programa definido, resta ao presidente Bolsonaro a tática de cultivar o fanatismo de seus seguidores com ameaças, mas fica evidente não ser a melhor opção.
"o aumento do custo de vida, do preço do gás, da
gasolina e a crise energética são mais impactantes"
O aumento do custo de vida, do preço do gás, da gasolina e a crise energética acabarão sendo mais impactantes, mesmo para seus fiéis, do que a guerra declarada contra o juiz Alexandre de Moraes.

A crise econômica brasileira, o isolamento do nosso país, o próximo processo das rachadinhas, mais a devassa que a CPI fez da prevaricação na crise sanitária do coronavírus não permitirão a Bolsonaro governar até 31 de dezembro de 2022. 

A oportunidade de provocar um golpe já passou, seus delírios e a falta de competência para governar o fizeram perder muitos seguidores. A própria ideia do 7 de setembro acabou se transformando num tiro no pé, quase um suicídio político.

Sem poder oferecer o fechamento do STF e a tomada do poder para implantar uma ditadura militar, Bolsonaro precisava encontrar rapidamente um engodo, para seu gado não retornar frustrado às suas casas. Surgiu o recurso de anunciar uma reunião do Conselho da República, mas, como não tinha havido convocação prévia dos participantes, logo se percebeu ser outra tapeação ou burla. Mesmo porque o Conselho é consultivo e não tem o poder de decisão.

Só restou aos bolsonaristas enrolar ou dobrar suas faixas pedindo golpe, ditadura ou fechamento do STF, e retornar às suas casas com a ilusão de que o Conselho da República poderia fechar o STF. 

Ninguém se lembrou dos quase 600 mil mortos e nem dos lotes de centenas de milhares de vacinas, no valor de centenas de milhões de reais, que não foram usadas e vão ser destruídas nesta semana por estarem com a data vencida. (por Rui Martins)

Um comentário:

Anônimo disse...

The Guardian - editorial 8/9
https://www.theguardian.com/commentisfree/2021/sep/08/the-guardian-view-on-brazils-bolsonaro-democracy-is-under-attack

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