terça-feira, 10 de agosto de 2021

OS BANCOS OBTÊM LUCROS OBSCENOS, O POVO COME O PÃO QUE O DIABO AMASSOU E O BOZO GRITA 'LOBO!' PELA MILÉSIMA VEZ...

dalton rosado
LUCRO DOS BANCOS, DEPRESSÃO ECONÔMICA, FALÊNCIA
DA POLÍTICA E DEMONSTRAÇÃO DE FRAQUEZA MILITAR 
D
isse Marx que o capital industrial, ao necessitar de investimentos cada vez maiores em capital fixo (instalações, máquinas, tecnologia) em detrimento do capital variável (salários) como forma de fazer face à guerra de mercado, cria uma dependência ao sistema financeiro, gerenciador e detentor do capital fictício, ou, ainda, ao sistema monetário, que assim ganha importância no contexto capitalista de mercado.

Como sempre acontece Marx tinha razão é os exemplos estão aí para qualquer economista burguês poder comprovar empiricamente. 

Entretanto, Marx não teve muito tempo para se aprofundar no tema como gostaria, já que veio a falecer antes de poder concluir sua obra, cuidadosamente compilada e de certa forma aditada por Friedrich Engels. 

Ele não previu, p. ex., que diante da impossibilidade de geração de lucros na chamada economia real (da produção de mercadorias na industrial, agronegócio e serviços), os bancos seriam os grandes canalizadores das poupanças privadas (empresariais e particulares) para a sustentação da crescente dívida pública estatal e suas disparidades, com o retorno do capital fictício cada vez mais postergado para um momento de colapso da incapacidade de resgate do principal desta dívida pelos Estados e até dos juros. 

Vale ressaltar que, mesmo os juros cobrados aos maiores devedores (os países industrialmente desenvolvidos cujo Estado e empresas dos três setores da economia cada vez mais precisam de capital fictício) sendo insignificantes ou até negativos, o que lhes permite empurrar com a barriga suas dívidas e até aumentá-las num tempo histórico limite, a hora da verdade surgirá.

E isto vai ocorrer quando os países pobres declararem as suas insolvências quanto ao pagamento dos juros (já que a dívida em si já é impagável) e os investidores e correntistas exigirem a um só tempo o seu dinheiro de volta, constatando então que ele não existe.

Aí o capital fictício se tornará tão concreto, realizável e passível de ser transformado em mercadoria tangível quanto uma cortina de fumaça. 

Os lucros estratosféricos dos bancos brasileiros num momento de depressão econômica do país, p. ex., ao invés de sinalizarem pujança financeira, demostram que tudo não passa de uma grande pedalada contábil que visa esconder uma realidade falimentar de todo o sistema capitalista.  

De que forma explicar-se, senão como uma contabilidade artificial de créditos bancários insolváveis no futuro, que num período de paralisia econômica e queda do PIB causados pela conjunção da depressão econômica anunciada desde 2019 com a atual paralisia pandêmica, que os quatro maiores bancos brasileiros tenham auferido lucros de 90% em um ano, o 3º maior da história, e tão altos como os do último trimestre, cujos números oficiais podemos constatar no quadro abaixo:
LUCRO DOS QUATRO MAIORES
BANCOS NO ÚLTIMO TRIMESTRE 
Itaú Unibanco.................. 7,5 bilhões
Bradesco.......................... 5,9 bilhões
Banco do Brasil................ 5,5 bilhões
Santander........................ 4,1 bilhões
 
LUCRO DESSES BANCOS EM 2020,
NA FASE AGUDA DA PANDEMIA 
2º trimestre ......... 12,1 bilhões
3º trimestre ......... 15,5 bilhões
4º trimestre ......... 20,1 bilhões 
Entretanto, os lucros dos bancos são meramente contábeis (o que não proíbe a ostentação e vida nababesca dos seus diretores), uma vez que os seus créditos governamentais representam um faz-de-conta no qual: 
— os investidores acreditam que são credores solváveis dos bancos; 
 os bancos fingem que são credores solváveis dos estados; e
— os Estados (principalmente os dos países pobres, que pagam os juros altos retirando do seu povo as verbas recolhidas dos impostos e assim sacrificam o atendimento das demandas sociais) fingem que podem pagar as suas dívidas eternamente roladas.

Mas, tal castelo de cartas desabará quando chegar a a hora da verdade a que acima nos referimos. A falência sistêmica ocorrerá simultaneamente à falência dos padrões monetários podres, que sobrevivem graças à ingenuidade dos crédulos mundo afora, conjuminada com a declaração da insolvência da dívida pública de que ora falamos. Isto tudo sucederá se, antes disso, o ora comprovado aquecimento global não tornar a vida animal e vegetal inviável no planeta Terra. 

Tudo se resume a uma única constatação: a reprodução do valor pela economia real atingiu um volume de crescimento que aponta para um decréscimo, e que tornará inviável o crescimento necessariamente constante do volume do capital. 
Enquanto a necessidade de crescimento da curva de aumento dos capitais válidos é permanente e verticalmente ascendente, a capacidade empírica e real de crescimento de capital válido (produzido pelas mercadorias salário e mercadoria tangível e serviço) tende a zero (Marx).

Esta é a causa da depressão mundial, obedecendo à fórmula:  necessidade crescente de investimento de capital fixo em contraponto ao crescimento do volume capital variável e da queda da taxa de lucro (teoria da queda tendencial da taxa de lucro de Marx).   

Enquanto isto, o Brasil é comandado:
— pelo centrão, grupo de parlamentares fisiológicos eleitos sob o poderio econômico e político dos grotões brasileiros empobrecidos;
— por alguém que finge governar mas verdadeiramente não o faz, pois toda sua faina se destina apenas a não ser deposto, praticando a mais infame das relações políticas do é dando que se recebe
— por militares que acreditam caber-lhes o papel de tutores (ou moderadores) dos outros Poderes, daí exporem-se a vexames como a desta 3ª feira, 10, ao quando se prestaram a encenar uma micareta extemporânea em local, momento e com perspectivas de adesão popular impróprios.  

Ao invés de uma ameaça, ou demonstração de força, o esvaziado desfile envolvendo as três Armas não passou de uma demonstração de fraqueza do Bolsonaro, uma verdadeira ópera bufa: mera ostentação de poderio militar numa realidade social que prescinde das guerras tradicionais, vã tentativa de aparentar a defesa de um povo atingido pela miséria crescente causada por um modo de produção social anacrônico e da ordem jurídico-político-social vertical elitista e falida a que servem.  (por Dalton Rosado) 

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