josias de souza
ATOS DE 7 DE SETEMBRO VIRARAM UMA
ESTRATÉGIA SUICIDA DE BOLSONARO
Bolsonaro meteu-se numa estratégia suicida. E não sabe como sair da armadilha que criou para si mesmo.
O presidente busca nas ruas o poder que perde nos gabinetes e nos salões da Capital. Por maiores que sejam os atos programados para o Dia da Independência, eles não conseguirão apagar as evidências de que a base eleitoral de Bolsonaro não para de encolher.
O presidente informa que discursará em Brasília e São Paulo no 7 de Setembro. Mas a característica fundamental da dificuldade de julgamento de um governante que chama de idiota quem prefere o feijão aos fuzis é ter de ouvir o personagem por dois anos e oito meses para chegar à conclusão de que ele não tem nada de útil a dizer.
Na campanha presidencial de 2018, havia três grandes problemas sobre a mesa:
— ruína fiscal;
— estagnação econômica; e
— corrupção endêmica.
Jair Bolsonaro manda em Brasília desde janeiro de 2019. Para dar certo, precisaria aprovar reformas no Congresso, destravar a economia e higienizar o Estado. Num cenário agravado pela pandemia, forneceu aos brasileiros tuítes, crises, ineficiência e remédios mágicos.
Assiste ao aumento do desemprego. Convive com malfeitos atribuídos ao primogênito Flávio Bolsonaro. Alega ser vítima de uma orquestração capitaneada pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal Superior Eleitoral para roubar a eleição de 2022.
O presidente vive num mundo 100% feito de mentiras.
Como os problemas não deixam de existir apenas porque Bolsonaro finge não enxergá-los, o Planalto perdeu a relevância. Houve uma pulverização do poder. O presidente foi cedendo pedaços de sua autoridade ao longo do caminho.
Em meio a uma confluência de crises –política, institucional, econômica e social–, o poder se espraia entre o Supremo, o centrão, a presidência do Senado, a CPI da Covid, os governadores...
No feriado, o pedaço da sociedade que ainda tem simpatia por Bolsonaro irá às ruas para gritar em seu apoio. Imaginar que isso fortalecerá o presidente é uma fantasia.
Na campanha de 2022, se tudo o que Bolsonaro tiver a apresentar contra o buraco fiscal, a sedação econômica e a perversão ética for um conjunto de desculpas, parte do asfalto que ainda o ovaciona pode rosnar para ele.
Não é que o governo esteja sem rumo. A questão é que o rumo do governo é a crise perpétua.
Bolsonaro está em processo de autocombustão, o que obriga o Brasil a se desdobrar para não virar cinzas junto com ele.
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(por Josias de Souza)
3 comentários:
Los militares brasileños deben volver a los cuarteles - The New York Times
https://www.nytimes.com/es/2021/08/25/espanol/opinion/militares-brasil-bolsonaro.html
Para constar dos arquivos
Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre 2017
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/09/22/politica/1506096531_079176.html#?rel=mas
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2021/08/empresarios-do-7-de-setembro-golpista-e-ricos-coniventes-arruinam-economia.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciustorres/2021/08/bolsonarismo-vai-alem-de-bolsonaro-e-empata-o-pais-na-ruina.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/08/banqueiros-e-empresarios-organizam-frente-ampla-em-defesa-das-instituicoes.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/08/ataque-do-governo-desorganiza-movimento-empresarial-que-ja-era-fragil.shtml
http://www.ihu.unisinos.br/612450-o-que-esta-em-jogo-no-brasil-nao-e-somente-a-destruicao-do-futuro-mas-a-ruptura-completa-do-pacto-civilizatorio-de-1988-entrevista-especial-com-luis-felipe-miguel
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